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Renan culpa governo por demora em aprovar reformas estruturantes

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BRASÍLIA – A ausência de perspectivas em relação ao futuro, a demora no envio de propostas de reformas estruturantes e a falta de credibilidade do governo da presidente Dilma Rousseff foram fatores apontados por lideranças da oposição como motivo para o rebaixamento duplo da nota de bom pagador do Brasil pela agência de risco de crédito Moody’s. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cobrou e culpou o governo pela demora do envio de propostas de reformas que o Congresso tem que apreciar o mais rápido possível para que o país saia da inércia em que se encontra.

A oposição também diz que o rebaixamento é prova de que os agentes econômicos não confiam no pacote fiscal levado pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, à reunião do G-20.

— O novo rebaixamento é o reflexo da demora com relação às medidas que precisamos tomar. Há uma consciência no Congresso Nacional com relação à necessidade urgente com relação às mudanças estruturais. O governo, por sua parte, precisa ter claras as iniciativas, senão não vamos romper este cenário de inércia. E é um horror porque o Brasil durante mais de 50 anos foi o país que mais cresceu economicamente no mundo. E qualquer esforço que tenha que ser feito, suprapartidariamente ou não, terá que ser feito no sentido de que o país tenha de volta a sua vocação com que ficou conhecido — cobrou Renan.

A oposição considera o novo rebaixamento gravíssimo e avalia que vai provocar uma paralisia ainda maior da economia, pois, sem credibilidade, nenhum projeto econômico terá sucesso.

— Um dos fatores talvez mais relevantes para este rebaixamento é a ausência de perspectivas em relação ao futuro. Porque este governo não apresenta mais essas perspectivas de aprovar uma agenda no Congresso Nacional. A perda de credibilidade frente aos investidores externos ocorre em razão dos erros cometidos pela política econômica adotada pelo governo brasileiro e não de uma crise econômica internacional, que não existe — avaliou o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves.

‘FUNDO DO POÇO’

O líder do PV, senador Álvaro Dias (PR), disse que esse era o rebaixamento que faltava e mostra que o governo brasileiro está “no fundo do poço” em matéria de credibilidade internacional.

— O governo brasileiro não tem coragem de fazer reformas de profundidade, apenas apresenta propostas periféricas que não solucionam a crise, e não há retomada de crescimento econômico. Com isso, a imagem do país no exterior é degradada a cada passo, dificultando a entrada de recursos externos, que sempre se constituem em alavancagem para a nossa economia. Muito ruim para o país mais esse rebaixamento — criticou Álvaro Dias.

O senador Paulo Bauer (PSDB-SC) diz que o rebaixamento é o reflexo de uma política econômica “irresponsável”:

— É o reflexo da política de descontrole das despesas públicas, de uso de bancos estatais para acobertar as estripulias da contabilidade criativa adota pelas sucessivas equipes econômicas da presidente Dilma Rousseff. O que a Moody’s nos diz, ao rebaixar duplamente a nota do Brasil e apontar um viés negativo menos de uma semana depois de o governo anunciar supostas medidas para conter a crise fiscal, é que o governo brasileiro não tem mais credibilidade alguma.

Para o líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), Dilma empurra o país ladeira abaixo:

— Quanto mais tempo esse governo continuar, mais o País irá amargar perdas. Hoje a imagem é de um país enfraquecido, sem condições de honrar seus compromissos e visto com grande desconfiança pelo mercado.

Líder do DEM na Câmara, o deputado Pauderney Avelino (AM) criticou o governo e disse que o posicionamento da agência é mais um fator de agravamento da crise econômica. Ele defendeu um ajuste fiscal “sério”.

— É um golpe duro. Isso representa o caos na economia e o caos político que estamos vivendo. O Brasil precisa de um ajuste fiscal sério, de austeridade, e é o que nós não temos. As agências estão dizendo para o Brasil: nós não vemos saída. Esse rebaixamento é mais um tempero para o agravamento da crise econômica, é o tempero no acarajé — criticou Avelino, ironizando o envolvimento do marqueteiro João Santana, que trabalhou nas campanhas da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula, na 23ª fase da Operação Lava-Jato, chamada de Acarajé.

Para o líder do DEM, as medidas do ajuste fiscal propostas pelo governo e enviadas ao Congresso Nacional são “perfumaria”:

— As medidas que chegam ao Congresso Nacional são perfumaria, não resolvem os problemas fiscais que estamos vivendo.


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