Brasília Amapá |
Manaus

Oreni Braga fala do Turismo: Como será amanhã? Responda quem puder!

Compartilhe

COMO SERÁ O AMANHÃ? RESPONDA QUEM PUDER!
Há exatamente 52 anos, foi criado o Modelo de Desenvolvimento para a
Amazônia Ocidental, denominado Zona Franca de Manaus, como uma área de livre
comércio, com incentivos fiscais especiais, na busca de desenvolver a Região,
incentivando a instalação de grandes e importantes fábricas nacionais e internacionais,
gerando empregos e desenvolvimento, tendo em vista que a Amazônia se encontrava
distante dos centros de grande consumo no país. É racional destacar que o modelo não
só se instalou para implantar o Parque Industrial, como criou o comércio de importados
que gerou o ciclo virtuoso com o Turismo de Compras, o qual mexeu com a cabeça dos
brasileiros que se deslocavam dos centros de consumo para vir até Manaus adquirir esses
produtos e aqueles fabricados no distrito industrial.

Pois bem, durante 05 (cinco) décadas, a Superintendência da Zona Franca
de Manaus – SUFRAMA foi administrada por inúmeros e “importantes” senhores que
conhecendo ou não o verdadeiro papel da ZFM, jamais envidaram esforços para
descentralizar a riqueza criada pelo Parque Industrial e levar aos demais municípios
contemplados com os incentivos, novos modelos de desenvolvimento. Aliás, a falta de
compromisso com a região, e em especial, com o Estado do Amazonas foi e continua
sendo tão grande, que deixaram o Comércio ir a bancarrota e nunca buscaram resgatar.
Alguns imputam a culpa no governo Collor, que há 29 anos, liberou as importações para o
resto do país. Então perguntamos: E porque o comércio de importados na rua 25 de
março, em São Paulo, que não tem política de incentivos movimenta uma cadeia de
vendas extraordinária? E porque a Feira do Paraguai, em Brasília, seduz milhares de
brasileiros para comprar imitações? Então a competência deles é maior que a nossa? E

veja que os produtos Made In Zona Franca de Manaus eram, e os poucos que ainda
resistem, são bens duráveis, tem pedigree.

Mas, a falta de compromisso ou a incompetência foi apenas de quem
administrou a SUFRAMA? Claro que não! Nesses 50 anos o Amazonas foi governado por
homens que vivenciando as ameaças constantes contra o Modelo Zona Franca de
Manaus, se preocuparam apenas em restabelecer algumas perdas, manter alguns ganhos,
muitos em troca de benefícios pessoais, mas jamais atentaram que a galinha dos ovos de
ouro, mesmo tendo vida longa, poderia perder o ninho e seus ovos serem destinados a
outro terreiro. O capital se desloca para onde o empresário tem maior lucro. A saída de
algumas marcas importantes do polo industrial é o sinal de que nada vai bem. O
enfraquecimento institucional da SUFRAMA é outro indicativo de que numa linha de tempo
curto poderemos enfrentar um colapso econômico de grande monta.

A pergunta que não quer calar é: porque durante 50 anos não
desenvolveram uma matriz econômica que implantasse no Amazonas um Parque de
fábricas de peixes enlatados para exportar para a Índia, China, África e outros? O
Amazonas é detentor de mais de 2 mil espécies de peixes e pode incentivar a piscicultura
de espécies menos nobres, em larga escala, para esse objetivo. Porque não houve um
compromisso governamental e de estado para o desenvolvimento sustentável do Turismo?
O estado é rico em atrativos naturais e culturais, mas sem recursos para investir em
infraestrutura de acesso, linhas de crédito ao empresário, marketing e propaganda,
infraestrutura básica, revitalização de portos e aeroportos nos municípios com apelo
turístico, não acontece nada. Não se vende atrativo. Se vende Produto Turístico. Porque
até hoje os recursos minerais são extraídos em âmbito familiar e não numa escala
comercial com a segurança jurídica necessária. E os recursos florestais? Até que surgem
alguns empresários visionários que querem fazer desse negócio uma bandeira
sustentável, mas se deparam com a falta de diálogo entre os órgãos de fiscalização.
Enquanto um expede a certidão para a extração, lá na ponta o outro apreende a madeira e
não permite a exportação. Porque a logística e a infraestrutura de acesso no Amazonas
estão entre as piores do país? Mais de 18 aeródromos de municípios do estado estão
fechados ou funcionando parcialmente por falta de governança. Os portos construídos
nesses municípios são desastrosos.

Na verdade, está faltando o compromisso daqueles que em 1967
implantaram a Zona Franca de Manaus para integrar a Amazônia, em especial, o
Amazonas, numa proposta visionária de desenvolvimento, evitando assim a ocupação da
região por outros povos. Por outro lado, o vazio demográfico em um estado que tem 04
milhões de habitantes e uma extensão geográfica quase do tamanho do território do
México que tem 129 milhões de moradores, é de se pensar em como integrar esse estado
continental, povoando e gerando riquezas.

E agora José? Quem poderá nos defender?

ARTIGO: ORENI BRAGA
Especialista em Ecoturismo, Planejamento e Gestão de Parques
Nacionais e Design de Ecolodges
Mestre em Gestão e Auditoria Ambiental


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7