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FIEAM discute futuro da energia elétrica na região norte

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Manaus – Os desafios futuros para o setor de energia no Brasil e na região Norte foram analisados ontem, 5, em reunião com empresários na Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), com a participação do diretor comercial da Comerc Energia, Fábio Delcielli Uzum, que detalhou a capacidade do setor de energia para atender a retomada do crescimento econômico e as tendências para fonte de energias renováveis como tendências inevitáveis para o futuro.

Da parcela total de garantia física disponível para o Sistema Interligado Nacional (SIN), em 2019, cerca de 15% estão localizadas no sub mercado norte. De acordo com os dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o sub mercado possui 13GWm de garantia física. Desse valor, mais de 75% estão concentrados na fonte de geração hídrica. A menor participação é da fonte solar fotovoltaica de grande porte.

“Considerando a contribuição do Norte dentro desse crescimento, a gente percebe que a maior parte da geração e da garantia física na região é de fonte hidrelétrica, todas as usinas a fio de água. Quando chove, gera bastante, mas quando não, reduz a produção. Podemos perceber que ela não só sustenta grande parte desse consumo. Em alguns meses do ano, o Norte passa a ser exportador para o Nordeste, Sudeste e Sul. Então nos meses de chuva aqui chove tanto que supre a demanda interna e acaba exportando para o restante do Brasil”, relatou Uzum.

Na região Norte, a potência tem aumentado de forma expressiva para a fonte hidrelétrica e termelétrica. Segundo o diretor da Comerc, a energia eólica começou seu desenvolvimento em 2017 e, em 2019, possui 329MW de potência instalada. A solar de grande porte ainda tem baixa participação, com 5MW de potência.

“Avaliando a geração distribuída na região Norte, é possível notar um expressivo crescimento nos últimos cinco anos. Em 2019, as usinas fotovoltaicas para fins de micro e mini geração já alcançam 46,2MW de potência instalada”, contou ele. Ao explicar que a diminuição da participação de usinas hidrelétricas com reservatório é percebida pela redução do tempo que o sistema elétrico brasileiro pode ser atendido exclusivamente, considerando que estariam com seus reservatórios em capacidade máxima.

Em 2012, esses reservatórios poderiam atender a carga por, aproximadamente, seis meses, enquanto em 2018 essa capacidade reduziu para pouco mais de quatro meses. “O crescimento das fontes eólica e solar é uma tendência mundial, e parece ser um caminho natural também para o Brasil”, refletiu ele.

Para o presidente da FIEAM, Antonio Silva, o futuro elétrico brasileiro está em constantes mudanças, porém necessárias para que as indústrias fiquem atentas aos movimentos que não são nem de médio e longo prazo, mas permanentes. “Nos últimos 10 anos houve muitas mudanças e agora precisamos trazer à discussão sobre o que esperar do futuro, diante de uma série de transformações econômicas, como a reforma da previdência e tributária”, ressaltou Silva.

O cenário existente, de acordo com Uzum, permite um “colchão” confortável para suportar o crescimento do país nos próximos cinco anos. “Com um crescimento contínuo de 2,3%, por ano, a ideia é que os empreendimentos já contratados e os que vão entrar nos próximos quatro anos sejam suficientes para suportar o crescimento, então isso de certa forma é um conforto. Pode-se focar em produzir mais e continuar crescendo”, avaliou ele.

Caminhos para o Gás Natural

Outro caminho que parece estar mais presente na realidade brasileira, de acordo com o diretor comercial da Comerc Energia, são os empreendimentos termelétricos a gás natural. Essas usinas permitem o atendimento da carga instantânea, a preservação dos reservatórios de hidrelétricas e o aumento da participação das renováveis no sistema de forma segura. A queda do preço do Gás Natural Liquefeito (GNL), por conta da sobreoferta global, é um dos fatores que motivaram a expansão de termelétrica no Brasil nos últimos anos.

“No Norte há potencial para a exploração de gás natural, com destaque para o campo de Azulão, na bacia do Amazonas. Com o desenvolvimento do mercado e a entrada de novos ofertantes, o mercado livre de gás no Norte também pode se tornar uma realidade nos próximos anos”, apontou.


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