Amazonas terá de qualificar 142 mil trabalhadores em profissões industriais até 2023
Manaus – O estado do Amazonas terá de qualificar 142.089 trabalhadores em ocupações industriais nos níveis superior, técnico, qualificação e aperfeiçoamento entre 2019 e 2023. Os dados são do Mapa do Trabalho Industrial, elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) para subsidiar a oferta de cursos da instituição. Essas ocupações têm em sua formação conhecimentos de base industrial e por isso são oferecidas pelo SENAI, mas os profissionais podem atuar em qualquer setor da economia.
De acordo com o diretor regional do SENAI Amazonas, Rogério Pereira, essa é uma demanda e um desafio para o estado do Amazonas, ou seja, para todas as instituições de ensino que aqui atuam. “Pelo SENAI-AM, trabalharemos norteados pelo Mapa do Trabalho Industrial, ciclo 2019/2023, procurando calibrar nossas ofertas formativas, por meio das Escolas do SENAI-AM, priorizando os segmentos industriais relacionados no Mapa do Trabalho, sem perder de vista outros aspectos correlatos importantes neste processo, como a busca constante pela inovação nos nossos processos educacionais e o acompanhamento na evolução das tecnologias envolvidas.
A demanda prevista pelo estudo inclui, em sua maioria, o aperfeiçoamento (formação continuada) de trabalhadores que já estão empregados. Em parcela menor (23%) estão aqueles que precisam de capacitação para ingressar no mercado de trabalho (formação inicial). Nesse grupo estão pessoas que vão ocupar tanto novas vagas quanto postos já existentes e que se tornam disponíveis devido a aposentadoria, entre outras razões.
Rogério Pereira afirma que para atender de forma plena a indústria do Amazonas, o SENAI-AM vai buscar os dois públicos, ou seja, os profissionais que já estão inseridos no mercado de trabalho, trabalhando com este público com os cursos de Qualificação e Aperfeiçoamento Profissional constantes, inclusive em novas ocupações requeridas pelo mundo do trabalho. Mas o SENAI-AM também vai trabalhar na oferta de cursos de Iniciação profissional, qualificação profissional e habilitação técnica (cursos técnicos) para os jovens que estejam concluindo o ensino médio e que precisam de uma formação técnica sólida para sua inserção no mercado de trabalho.
Além de subsidiar a oferta de cursos do SENAI, o Mapa do Trabalho pode apoiar jovens na escolha da profissão e trabalhadores que desejam se recolocar no mercado. “O profissional qualificado de acordo com a necessidade do mundo de trabalho tem mais chances de manter o emprego e também pode conseguir uma nova oportunidade mais facilmente quando as vagas forem oferecidas”, afirma o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi.
FORMAÇÃO DE TÉCNICOS – As áreas que mais vão demandar a capacitação de profissionais com formação técnica no Amazonas são transversais; metalmecânica; equipamentos de transporte e veículos; eletroeletrônica; e energia e telecomunicações. Profissionais com qualificação transversal trabalham em qualquer segmento, como técnicos em eletrotécnica e técnicos de controle da produção.
Cursos técnicos têm carga horária entre 800h e 1.200h (1 ano e 6 meses) e são destinados a alunos matriculados ou egressos do ensino médio. Ao término, o estudante recebe um diploma.
Pereira anuncia que as Escolas do SENAI-AM, seja em Manaus, no interior do Estado ou com as ações por meio das unidades móveis terrestres e fluviais, vão distribuir a oferta de cursos nas programações lançadas por trimestre, o que permitirá alternar determinados cursos, com a oferta em régua temporal, para atender as sinalizações destacadas no Mapa, eventualmente modificando determinados programas a partir da inserção de novas tecnologias emergentes, o que permitirá a atualização tecnológica contínua do portfólio de cursos. Serão ofertadas, portanto, a cada ano, em todas as Escolas, quatro programações de cursos, flexibilizando assim, a oferta formativa.
Entre os cursos mais demandados e realizados pelo SENAI-AM estão os técnicos em Mecatrônica, Automação, Tecnologia da Informação, Eletrônica, Eletrotécnica, Mecânica e Construção Civil (Edificações). Outros cursos em destaque são: Eletricista Industrial, Instalador e Reparador de Aparelhos de Climatização e Refrigeração, Inspetor de Qualidade, Robótica Básica e Avançada, Desenhista em CAD, Controlador Lógico Programável – CLP, Soldador, Ferramenteiro e Operador de Linha de Produção.
O diretor regional também destacou, como parte da estratégica do SENAI-AM em apoio a melhoria da competitividade da indústria no Amazonas, a ampliação do novo ensino médio, em parceria com o SESI-AM e outras instituições, por meio do itinerário V – Ensino Médio em conjunto com Educação Profissional (EMIEP). “Buscaremos também no ciclo destacado no estudo e com foco em inovar nossos serviços, ampliar os investimentos em ações voltadas a energias renováveis, com foco em Energia Solar Fotovoltaica (energia limpa e abundante em nosso estado) e na ampliação e estruturação de cursos voltados às tecnologias relacionadas à Indústria 4.0, como Cibersegurança de Dados; Internet das Coisas – IoT; Computação em Nuvem; Inteligência Artificial; Sistemas Robotizados”, anunciou Rogério Pereira.
Áreas com maior demanda por formação – Técnicos
Áreas | Demanda 2019-2023 |
Transversais | 10.819 |
Metalmecânica | 4.922 |
Equipamentos de transporte e veículos | 4.321 |
Eletroeletrônica | 3.681 |
Energia e telecomunicações | 3.291 |
Ocupações industriais com maior demanda por formação dentro e fora da indústria – Técnicos
Ocupações | Profissionais a serem qualificados |
Técnicos de controle da produção | 6.407 |
Montadores de veículos automotores (linha de montagem) | 4.093 |
Técnicos em eletrônica | 2.629 |
Técnicos de planejamento e controle de produção | 2.501 |
Técnicos em eletricidade e eletrotécnica | 2.023 |
Técnicos mecânicos na fabricação e montagem de máquinas, sistemas e instrumentos | 1.967 |
Técnicos em construção civil (obras de infraestrutura) | 1.208 |
Técnicos em construção civil (edificações) | 717 |
Especialistas em logística de transportes | 697 |
Supervisores de montagens e instalações eletroeletrônicas | 647 |
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL – Já os cursos de qualificação são indicados a jovens ou profissionais, com escolaridade variável de acordo com o exercício da ocupação, e buscam desenvolver novas competências e capacidades. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão. As áreas que mais vão exigir a capacitação de trabalhadores com esse tipo de formação, de acordo com o Mapa do Trabalho Industrial 2019-2023 serão:
Áreas com maior demanda por formação – Qualificação (+200h)
Áreas | Demanda 2019-2023 |
Eletroeletrônica | 23.056 |
Metalmecânica | 9.956 |
Alimentos | 3.718 |
Energia e telecomunicações | 2.620 |
Química, borracha, petroquímica, petróleo, gás e fármacos | 2.587 |
Áreas com maior demanda por formação – Qualificação (-200h)
Áreas | Demanda 2019-2023 |
Transversais | 14.026 |
Logística e transporte | 9.028 |
Construção | 8.884 |
Metalmecânica | 4.033 |
Gestão | 2.680 |
Segundo o Mapa, entre as ocupações que exigem cursos de qualificação e que mais vão demandar profissionais capacitados estão montadores de equipamentos eletroeletrônicos e operadores de processos das indústrias de transformação de produtos químicos, petroquímicos e afins:
Ocupações industriais com maior demanda por formação dentro e fora da indústria – Qualificação (+200h)
Ocupações | Profissionais a serem qualificados |
Montadores de equipamentos eletroeletrônicos | 22.307 |
Operadores de processos das indústrias de transformação de produtos químicos, petroquímicos e afins | 1.964 |
Trabalhadores de instalações elétricas | 1.876 |
Operadores de instalações e máquinas de produtos plásticos, de borracha e moldadores de parafinas | 1.865 |
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais | 1.675 |
Montadores de máquinas, aparelhos e acessórios em linhas de montagem | 1.352 |
Preparadores e operadores de máquinas-ferramenta convencionais | 1.093 |
Mecânicos de manutenção de veículos automotores | 1.077 |
Padeiros, confeiteiros e afins | 932 |
Operadores de equipamentos de acabamento de chapas e metais | 883 |
Ocupações industriais com maior demanda por formação dentro e fora da indústria – Qualificação (-200h)
Ocupações | Profissionais a serem qualificados |
Alimentadores de linhas de produção | 12.362 |
Motoristas de veículos de cargas em geral | 4.505 |
Ajudantes de obras civis | 3.722 |
Trabalhadores operacionais de conservação de vias permanentes (exceto trilhos) | 2.993 |
Trabalhadores de soldagem e corte de ligas metálicas | 2.822 |
Apontadores e conferentes | 2.680 |
Trabalhadores de embalagem e de etiquetagem | 1.644 |
Trabalhadores de estruturas de alvenaria | 1.425 |
Magarefes e afins | 1.270 |
Operadores de equipamentos de movimentação de cargas | 1.151 |
Em relação ao nível superior, as áreas de gestão, informática e produção serão as que mais vão precisar qualificar profissionais no período de 2019 a 2023, de acordo com o Mapa do Trabalho:
Áreas com maior demanda por formação – Superior
Áreas | Demanda 2019-2023 |
Gestão | 2.752 |
Informática | 2.460 |
Produção | 1.080 |
Transversais | 761 |
Construção | 722 |
Ocupações industriais com maior demanda por formação dentro e fora da indústria – Superior
Ocupações | Profissionais a serem qualificados |
Analistas de tecnologia da informação | 1.934 |
Engenheiros de produção, qualidade, segurança e afins | 1.080 |
Gerentes de produção e operações em empresa da indústria extrativa, de transformação e de serviços de utilidade pública | 667 |
Pesquisadores de engenharia e tecnologia | 606 |
Engenheiros civis e afins | 536 |
Engenheiros eletricistas, eletrônicos e afins | 478 |
Gerentes de suprimentos e afins | 279 |
Engenheiros mecânicos e afins | 238 |
Administradores de tecnologia da informação | 237 |
Gerentes de manutenção e afins | 190 |
METODOLOGIA – O Mapa do Trabalho Industrial é elaborado a partir de cenários que estimam o comportamento da economia brasileira e dos seus setores; projeta o impacto sobre o mercado de trabalho e estima a demanda por formação profissional industrial (formação inicial e continuada). As projeções e estimativas são desagregadas no campo geográfico, setorial e ocupacional, e servem como parâmetro para o planejamento da oferta de cursos do SENAI.
Na opinião de Rafael Lucchesi, conhecer as necessidades do mercado é fundamental para o planejamento da oferta de formação profissional. “O SENAI é referência em educação profissional porque está alinhado com as necessidades da indústria e mantém seus cursos atualizados com o que existe de mais avançado em termos de tecnologia”, explica.
A instituição possui o Modelo SENAI de Prospecção, que permite prever quais serão as tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho em um horizonte de cinco a dez anos. A metodologia já foi transferida a instituições de mais de 20 países na América do Sul e no Caribe. O método foi apontado ainda pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como exemplo de experiência bem-sucedida na identificação da formação profissional alinhada às necessidades futuras das empresas.