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40 ANOS. Educação profissional segue a bordo do Samaúma

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Manaus – Para quem está em Eirunepé, Tabatinga ou Atalaia do Norte, todos municípios do Amazonas localizados a mais de mil quilômetros de Manaus, o barco pode ser o único meio de transporte, além da única possibilidade de acesso a alguns serviços essenciais. Quando esse barco vira uma escola – e escola profissionalizante -, temos o que resultou dos 40 anos de atividade do Programa Barco-Escola Samaúma, do SENAI: perspectiva de mudança de vida para as 60 mil pessoas atendidas em 65 localidades, não só do Amazonas, mas também do Amapá, Pará, Acre, Roraima e Rondônia.

O Programa Samaúma, de educação profissional itinerante na Amazônia, teve início com a inauguração do primeiro barco-escola, em 17 de fevereiro de 1979, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI Amazonas), no município de Tefé, a 575 quilômetros de Manaus. Trinta e cinco anos depois, o SENAI voltou a Tefé, na viagem inaugural do segundo barco do programa, em fevereiro de 2014, o Samaúma II, mais moderno e com atualizações tecnológicas importantes do ponto de vista ecologicamente correto.

Em 40 anos, o pioneiro Samaúma já atendeu, com os 15 cursos de qualificação que oferece, 53.934 pessoas. Só no Amazonas foram visitados 48 dos 61 municípios do interior, a maioria atendida mais de uma vez, como Maués, a 267 quilômetros, onde o barco-escola esteve em oito oportunidades. Em Benjamin Constant, Coari e Manicoré esteve seis vezes, e em Carauari, Urucará e Tefé, cinco.

No Estado do Amapá, onde se encontra desde outubro de 2013, a serviço do Departamento Regional do SENAI local, o Samaúma tem qualificado a população principalmente dos municípios de Santana, Vitória do Jari, Mazagão e Laranjal do Jari, além da capital Macapá. O barco também já atendeu a sete municípios do Estado do Pará, dois do Acre, um de Roraima e um de Rondônia, onde beneficiou moradores de 13 localidades no distrito de Nazaré.

Com uma equipe fixa de docentes, formada por oito instrutores, além da tripulação de cinco marinheiros, um administrativo e um coordenador, o Samaúma I cumpre uma programação desenvolvida em dois meses e meio, período em que permanece ancorado no município anfitrião. A maior parte dos cursos é oferecida nos laboratórios e salas de aula do próprio barco, como informática e operador de microcomputador, mas algumas atividades são desenvolvidas em espaços cedidos pelo município visitado.

Em cada localidade, a equipe recolhe muitas histórias de vidas modificadas e de sonhos construídos com a chegada do barco. Em Tefé, o torneiro mecânico Valdo Vasques conquistou seu certificado nessa profissão em 1979, na viagem inaugural do Samaúma, fez aperfeiçoamentos nas viagens seguintes e, em 2014, com a primeira viagem do Samaúma 2 a Tefé, adicionou mais um diploma ao seu currículo, agora de pedreiro. No distrito de Nazaré, em Rondônia, a dona de casa Lurcirlei Gonçalves escolheu o curso de marcenaria, um dos mais procurados entre os 15 oferecidos pelo Samaúma. O curso iria desencadear o projeto pessoal da moradora, de organizar uma cooperativa para confecção de artesanato em madeira para atender a sua região.

O barco-escola faz parte das ações de responsabilidade social do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, que proporciona à população ribeirinha, de localidades distantes e de difícil acesso, a oportunidade de uma nova profissão ou o aprimoramento da atividade já exercida.

Para o presidente da FIEAM, Antonio Silva, o barco-escola Samaúma foi concebido para atender à forte demanda por qualificação profissional no interior do Amazonas, mas acabou se transformando num patrimônio de toda a região Norte pelo alcance que teve e continuará tendo junto às populações ribeirinhas da Amazônia.


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