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TBT: Filho de Amazonino é acusado de ser o mandante do homicídio de empresário em São Paulo

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Amazonas – Amazonino Mendes está entre os mais importantes políticos do estado. Já foi Governador e prefeito da capital em vários mandatos. Acumula um patrimônio declarado de R$ 3,4 milhões em bens e negócios que conquistou. Mas não é só isso que chama a atenção para a figura de Amazonino, sua vida também é cheia de escândalos.

No ano de 1993 a figura de Amazonino estampava nas revistas e capas dos jornais, disparando seu nome na imprensa nacional. O seu filho Amazonino Clóvis Mendes Negreiros estava sendo acusado de ser o mandante do assassinato de um empresário em São Paulo e o seu principal assessor, considerado seu “testa-de-ferro” Fernando Bonfim, era uma possível testemunha do crime.

O caso relatava o assassinato do empresário Samek Marek Rosenski, ocorrido em março de 1993 em São Paulo, na esquina da rua Bandeira Paulista com a avenida Nove de Julho, no Itaim, com um tiro na cabeça, quando seu carro estava parado num cruzamento.

Segundo informações, o filho do agora candidato ao cargo de prefeito de Manaus, pagou aproximadamente 500 mil dólares com advogados para se livrar da “bronca” como mandante do homicídio. Após conseguir se limpar com a justiça brasileira, Clóvis Mendes se mandou para Madrid, na Espanha.

Armando administrava em São Paulo a empresa de relógio Cosmos, instalada em Manaus. Os negócios fluíam perfeitamente bem, até que Amazonino saber através de Samek que estava sendo enganado pelo seu filho. Samek Rosenski reuniu provas que Armando estava “roubando” o pai, fazendo negócios à parte e desviando dinheiro da empresa. Amazonino deu um ultimato no filho que não se conformou.

Consta numa gravação feita pelo ex-empresário Fernando Bonfim, o “testa-de-ferro” de Amazonino, que o empresário assassinado Samek Rosenski, estava com problemas com Armando, pois o filho de Amazonino queria vender um produto sem nota fiscal e o empresário teria se recusado. Na gravação que foi apresentada à polícia à época, tem o seguinte áudio:

“Aí falei: não quero mais negócio com você (supostamente Rosenski)… Aí cheguei no Otávio, chorando de raiva, e ele disse: teu pai se fodeu… com essa história… Aí falei: esse filho da puta vai acabar morrendo”, diz trecho de fala atribuída a Armando.

Rica nos detalhes, a fita mostra que Amazonino e Armando tinham uma relação de disputa em família — tanto que, a certa altura, Armando conta que conversou com o pai só para desfazer a suspeita de que o estava roubando. Armando também fala sobre a morte do empresário Samek Rosenski, e acrescenta uma novidade aos fatos da noite do assassinato, ele disse que quando estava de viagem por Viena, um segurança seu em São Paulo foi a primeira pessoa a encontrar o corpo do empresário Rosenski, e que ao saber da morte ficou tão contente que comemorou com um champanhe. No meio da conversa, em tom pouco angelical, Bomfim (o autor da gravação) chega a comentar: “Esse f.d.p. mereceu a bala na cabeça”

A gravação segue com o seguinte relato:

“Tem uma coisa feia. Quando me telefonaram… quem encontrou o corpo dele (Rosenski) foi um segurança meu em São Paulo. Ele foi o primeiro cara que pegou as coisas dentro do carro, pegou a agenda e o primeiro nome que viu foi o de Amazonino, do papai, e aí viu o meu… O cara me falou, ‘Armando… assassinaram uma pessoa’… já me veio na cabeça o nome do cara (supostamente Rosenski)… e o meu sócio, que estava lá, chegou e me falou assim: ‘Armando, você vai me permitir, vou lá embaixo comprar um champanhe”‘.

Os trechos da gravação feita por Bonfim, que além de ser chamado de ”testa-de-ferro” de Amazonino era presidente da Ceam (antiga estatal de energia elétrica do estado), foram gravadas durante uma reunião com Alexandre Auad Neto e Júlio Mussa Cury, que também foram investigados pelo crime.

Além do filho do governador do Amazonas, foram investigados e chamados para depor sobre o crime Fenando Bonfim, autor da gravação, Alexandre Auad Neto, Júlio Mussa Cury e a pessoa identificada como Otávio (Raman, dono das rede Em Tempo de comunicação, e o próprio Amazonino Mendes.

Caso foi divulgado pela mídia na época

Em junho de 1997 a mídia do Amazonas divulgava que o engenheiro Fernando Bonfim estava sendo sofrendo uma onda de “ataques” vinda por parte Amazonino. Na época, as relações entre o agora candidato a prefeito de Manaus e o finado engenheiro estava indo se esvaindo.

O caso repercutiu tanto que o jornal Folha de São Paulo divulgou uma reportagem apontando que filho do ex-governador iria ser ouvido pela polícia.

Quatro meses depois de fazer bonito na reeleição, em que entregou dezenove votos para ajudar o governo a aprovar a emenda que permitirá a Fernando Henrique Cardoso disputar um segundo mandato em 1998, o governador Amazonino Mendes, do Amazonas, transformou-se numa pororoca de escândalos. Há duas semanas, ele apareceu como homem da mala no balcão da reeleição, apontado por dois ex-deputados que venderam seus votos por 200.000 reais.

O governador também foi acusado de outro crime, época – ser o verdadeiro dono de uma das empreiteiras mais ativas do Amazonas, a Econcel, que, fundada há cinco anos, faturou mais de 50 milhões de reais em duas dezenas de obras públicas no Estado. Caso a denúncia seja comprovada, Amazonino Mendes terá assegurado um lugar inovador na história da corrupção brasileira. Não é o clássico caso do político que promove concorrências fraudadas para beneficiar empreiteiros, recebendo uma comissão em troca — o governador faz obras públicas em benefício próprio, sem intermediários.

A denúncia foi feita por um empresário de Manaus, Fernando Bomfim. Correndo o risco de se auto incriminar e ir para a cadeia por falsidade ideológica, com pena prevista de um a cinco anos de prisão, Bomfim confessou ter feito carreira como testa-de-ferro de Amazonino. Ele tem meios de sustentar o que diz. No dia 17 de março, Bomfim gravou uma conversa com Armando, filho do governador. Na reunião, que durou duas horas, fala-se sem rodeios sobre a troca dos laranjas na empresa. Pela conversa, Bomfim entregaria sua parte na empresa, 70% das ações, para ser dividida entre outros três testas-de-ferro: Alexandre Auad Neto e seu filho, André, e Julio Mussa Cury.

Na fita, o filho Armando diz, com a naturalidade de quem está acertando a compra de um automóvel numa concessionária, que o pai pediu que a troca fosse feita o mais depressa possível e relata que levou uma bronca pela demora em resolver a questão. Existe uma prova de que a negociação da fita é autêntica. Num dos cartórios de Manaus consta que, oito dias depois da reunião gravada, a Econcel trocou mesmo de “sócios”. Pelos documentos, a mudança foi idêntica ao que se acertara na fita.

O homicídio

Rica nos detalhes, a fita mostra que pai e filho têm uma relação de disputa em família — tanto que, a certa altura, Armando, conta que conversou com o pai só para desfazer a suspeita de que o estava roubando. Armando também fala de um assunto escabroso, a morte do empresário Samek Rosenski, dono da fábrica de relógio Cosmos, assassinado em São Paulo, com um tiro na cabeça, quando seu carro estava parado num cruzamento. Depois de dizer que foi prejudicado por Rosenski num negócio, Armando revela detalhes sobre sua morte.

Conta que soube do assassinato de Rosenski quando estava de viagem por Viena e relata uma novidade sobre o crime — um segurança seu em São Paulo foi a primeira pessoa a encontrar o corpo. Ao saber da morte, um sócio que o acompanhava na viagem ficou tão contente que comemorou com um champanhe. No meio da conversa, em tom pouco angelical, Bomfim chega a comentar: “Esse f.d.p. mereceu a bala na cabeça”.

Tantos detalhes produziram a hipótese de que a família do governador poderia estar envolvida até num assassinato. Mesmo porque o principal condenado até hoje, Samuel Wolfsdorf, um ex-funcionário de Rosenski, foi para a cadeia por ter contratado os três matadores do empresário, mas jamais ficou claro quem foi o mandante do crime. “Nada impede que haja outra pessoa acima dele”, admite a promotora Eloísa Damasceno, que trabalhou no caso. Ao tomar conhecimento da fita gravada, no entanto, a família do empresário morto redigiu uma nota repudiando a suspeita sobre o governador.

Também não existe um motivo claro para que a família do governador arquitetasse o crime. Pelo contrário. “O Amazonino era um sócio oculto dos negócios de Rosenski . Com a morte dele, os herdeiros não lhe deram a parte devida e o governador teve prejuízo de milhões”, suspeita Bomfim.
“Lancetar o tumor” — “Jamais tive e não tenho testa-de-ferro e vou provar que a Econcel nunca recebeu privilégios para realizar obras no Estado”, diz Amazonino Mendes.

Já houve passeatas de protesto contra Amazonino em Manaus, mas por enquanto o governador parece tranquilo. Entre os 24 deputados que integram a Assembleia Legislativa, que poderia criar uma CPI para investigá-lo, dezessete compõem a bancada de apoio ao governo. Outro risco para Amazonino, bem mais sério, seria uma CPI no Congresso Nacional. Nesse caso, é o governo Fernando Henrique que trabalha, noite e dia, para impedir que seu aliado do PFL na campanha pela reeleição sofra constrangimentos. O Planalto botou cabresto no PSDB e no PFL, fazendo com que os recalcitrantes tirassem a assinatura de apoio à CPI.

O governo quer que a investigação pare nos dois pobres-diabos que renunciaram. Não tem curiosidade em saber quem deu dinheiro aos ex-deputados Ronivon e João Maia, esperando que o escândalo seja encerrado com a simples cassação dos deputados do Acre suspeitos de vender o voto. Na semana passada, com a denúncia de corrupção nas prefeituras do PT, a bancada do governo, no Congresso e também na imprensa, fez a festa, pois ficou mais fácil esquecer as propinas da reeleição (veja reportagem nesta página).

Nem tudo correu como manda o figurino, porém. Na terça-feira, o veterano Almino Affonso, tucano de São Paulo, relator do processo de cassação de três deputados na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, não quis ser conivente com a operação-abafa. Almino ficou convencido de que queriam fazê-lo de bobo, pois o órgão não tem poderes para chamar suspeitos e testemunhas, para dar voz de prisão em caso de depoimentos falsos nem para pedir a quebra de sigilo bancário.

“No máximo, poderia convidar os envolvidos a depor, mas jamais poderia convocá-los com força impositiva”, diz o deputado. Depois de ler o regimento e estudar o caso, o deputado concluiu que faria um trabalho pela metade. “Poderia até punir quem vendeu os votos, mas deixaria na impunidade aqueles que compraram os votos.”

Depois da renúncia, Almino Affonso distribuiu nota à imprensa em que se manifestava a favor da criação da CPI. “Ouso fazer um apelo às forças que apoiam o presidente Fernando Henrique Cardoso no sentido de que tenham a coragem cívica de lancetar o tumor, que vai crescendo quanto mais se busca ocultá-lo”, diz a nota. O Planalto não se comoveu. Tanto que já encontrou um substituto para Almino, o obscuro deputado Nelson Otoch, do PSDB do Ceará. Aos 57 anos, Otoch cumpre o primeiro mandato, mas a falta de experiência não é o traço mais marcante de seu perfil. Ele também é radical adversário da CPI da reeleição. “Uma CPI somente serviria para atender a interesses partidários”, diz Otoch.

Fonte: Folha de São PauloFolha de LondrinaEstado de São PauloBlog dos Terríveis e Site Taquiprati

Conteúdo do Portal Baré 


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