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Vendas para o Dia das Mães deve cair 4,1%, diz CNC

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RIO – Falta pouco para o Dia das Mães, a segunda data mais importante para o comércio – atrás apenas do Natal – mas a previsão para o varejo não é muito animadora e o período não deve representar um alívio para o setor, de acordo com pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo a entidade, o volume de vendas para a data deverá registrar recuo de 4,1% em 2016 frente ao ano anterior. Se confirmada essa previsão, a data registrará seu pior desempenho desde o início dos levantamentos, em 2004. Apesar da retração neste ano, o período deverá movimentar aproximadamente R$ 5,7 bilhões.

Com expectativa de queda nas vendas, a contratação de trabalhadores temporários para a data deverá também ser menor. A oferta de 25,6 mil vagas em todo o varejo esperada pela CNC é 5,6% inferior ao contingente contratado no mesmo período do ano passado e equivale à quantidade de vagas no Dia das Mães de 2012 (25,4 mil). Em 2015, a data comemorativa apresentou uma retração nas vendas de 0,4% frente ao ano anterior. A contratação de trabalhadores temporários, no entanto, ficou praticamente estável, com variação de + 0,5% em relação a 2014.

— É uma estimativa muita negativa e em relação ao um ano que já havia sido o pior desde que começou a ser feito o levantamento. O comércio foi cavando o fundo do poço a cada mês que passava e dificilmente a gente vai escapar do pior desempenho do varejo já registrado, com estimativa de fechar este ano com perda de 8,8% — avalia o economista da CNC Fabio Bentes.

Já a pesquisa do Centro de Estudos do Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) – que ouviu mais de 500 lojistas da cidade do Rio de Janeiro – aponta um resultado mais otimista. O levantamento mostra que os empresários estimam vender 2% a mais no Dia das Mães sobre as vendas do ano anterior.

Aldo Gonçalves, presidente do CDLRio ressalta que mesmo com sucessivos resultados negativos no comércio, os lojistas estão moderadamente otimistas com as vendas no Dia das Mães.

— Sabemos que a data não vai salvar o comércio, pois as perspectivas não são boas e a recuperação será difícil enquanto tivemos um cenário político-econômico do jeito que está. No entanto, há uma projeção de melhora, devido à previsão de mudanças na política. Além disso, acreditamos que o pessimismo pode causar um resultado ainda pior.

A pesquisa da CDL contou com a participação de empresários dos setores de vestuário, calçados e bolsas, joias e bijuterias, perfumaria e cosméticos, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis e telefonia celular.

Assim como o levantamento da CNC, o economista da Rosenberg Associados, Leonardo Costa também não espera um resultado positivo nas vendas para o Dia das Mães deste ano.

— A deterioração no setor deve se manter, com um volume de vendas para maio ainda menor do que o observado no ano passado — resume.

A estudante Raiane Costa, de 25 anos, ainda não sabe o que vai dar de presente para mãe, mas o que ela já sabe é que o presente terá que ter o valor máximo de R$ 60. No entanto, ela conta que pretende pesquisar bastante para tentar um preço mais em conta.

— É uma data que não dá para passar em branco, mas como estou desempregada no momento, não posso gastar além do meu orçamento. Então o jeito vai ser pesquisar bastante para garantir um preço bom.

VARIAÇÃO NO VOLUME DE VENDAS

O estudo da CNC aponta que os ramos de artigos de uso pessoal e doméstico e de vestuário, calçados e assessórios deverão se destacar positivamente com alta de 4,4% e 2,3%, respectivamente frente ao Dia das Mães de 2015. Com menor procura por compras a prazo e com variações de preços menos acentuadas nos últimos meses, as vendas nesses dois segmentos caracterizados por tíquetes médios mais baixos, deverão responder por quase dois terços (65,8%) de toda a movimentação do varejo com essa data em 2016, diz a pesquisa. Com a expectativa de crescimento das vendas de vestuário, este segmento deverá ofertar a maior quantidade de vagas temporárias do varejo (14,7 mil, 57,1% do total).

Por outro lado, os segmentos que devem puxar a variação da receita do setor para baixo são livrarias e papelarias com -21,1% e as lojas de móveis e eletrodomésticos com -18,4%. Os grupos deverão registrar seus piores desempenhos em vendas em toda a série histórica.

No entanto, para economista da CNC Fabio Bentes, o resultado poderia ser ainda pior se não fosse uma característica nas vendas do Dia das Mães, que é uma procura considerável por cosméticos e perfumarias, setor que está relativamente bem e deve evitar uma queda maior, juntamente com o segmento de vestuário, que apesar de não estar em um bom momento, espera-se um resultado positivo.

— O que está por trás desse resultado é o tíquete médio baixo, em torno de R$ 50, diferente de móveis, por exemplo, muito procurado em outra época. Ou seja, teremos um Dia das Mães da lembrancinha. A cada R$ 100 em compras esperamos que R$ 45 seja gasto em vestuário e artigos pessoais e a cada dez vagas de trabalhos temporários, estimamos que seis sejam desse setor. A exemplo de como aconteceu com a Páscoa, a previsão é que os lojistas façam liquidações para atrair o cliente, no entanto, mesmo assim as perspectivas são muito ruins.

De acordo com dados mais recentes do índice de preços ao consumidor amplo (IPCA-15), os bens e serviços sazonalmente mais demandados no Dia das Mães acumularam alta de 7,7% nos doze meses encerrados em abril de 2016, contra uma variação média de 7,0% no Dia das Mães do ano passado.

Destacam-se as variações positivas nos preços dos seguintes itens: TV, som e informática (+13,6%), chocolates (+13,3%) e máquina fotográfica (+13,0%). Em contrapartida, bolsas (+2,1%), artigos de mobiliário (+1,7%) e CD e DVD (-0,1%) impedem uma variação mais expressiva dos itens analisados. A cesta composta por dezenove bens ou serviços mais demandados durante o Dia das Mães registrou sua maior variação anual em 2003 (+15,1%).

SHOPPINGS FAZEM PROMOÇÕES

Assim como aconteceu em outras datas comemorativas, para driblar a crise, os shoppings estão investindo em promoções. O shopping Boulevard Rio, Botafogo Praia e Nova América, no Rio de Janeiro, lançam a campanha “Desejos de Mãe” e sorteiam um ano de academia, um ano de salão de beleza e até vale-compras. A cada R$200 reais em compras o cliente tem direito a um cupom para concorrer aos prêmios. Na promoção de Dia das Mães, do Shopping Metropolitano Barra, a cada R$ 400 em compras, os clientes concorrem a 10 vale compras no valor de R$8 mil, para serem usados nas lojas do shopping. A expectativa de aumento de vendas é de 12%.

O Shopping Tijuca irá sortear uma viagem para as principais vinícolas do Chile. Para participar, o cliente deverá realizar uma compra acima de R$ 250 e trocar por um cupom da promoção no estande localizado no piso L2.

Já o Shopping Via Brasil está se preparando para a data buscando atrações gratuitas para atrair o pública. Na véspera do Dia das Mães, o shopping promove uma edição especial do seu projeto Happy Hour, que realiza shows gratuitos a cada quinze dias. Com o mesmo objetivo, o Shopping Ilha Plaza prepara ação especial para o Dia das Mães. Os clientes que comprarem R$ 300 dentro do shopping ganharão um ingresso duplo para assistir ao show stand up comedy do ator Gabriel Louchard.

VENDAS NO VERMELHO

De acordo com a CDL, em 2015 somente o Dia das Mães (+1,1%) e o Dia dos Namorados (+0,4%) não apresentaram resultados negativo frente ao ano anterior. O Dia das Crianças foi a data que apresentou a maior queda com -4,2%, seguida pelo Natal com baixa de -3,9%. Este ano o Carnaval apresentou queda de -8,5% em relação ao ano passado, que já tinha apresentado retração de -0,8%. Já o resultado do setor na Páscoa em 2016 teve um tombo de -6,1% frente ao mesmo período do ano passado, que também apresentou redução nas vendas em -2,4% frente a 2014.


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