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Sem atuação do BC, dólar cai e fecha a R$ 3,54; Bolsa cai 2%

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RIO – Em sessão sem intervenção do Banco Central (BC), o dólar comercial não encontrou restrições para cair nesta segunda-feira, após ter encostado nos R$ 5,60 no fim da semana passada. A divisa americana encerrou em baixa de 0,64%, cotada a R$ 3,547 para compra e a R$ 3,549 para venda. Nas últimas semanas, a autoridade monetária vinha comprando dólares no mercado futuro para evitar desvalorização intensa da moeda. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também registrou desvalorização, com o índice de referência Ibovespa caindo 1,98%, aos 51.861 pontos, acompanhando as Bolsas externas. É a maior queda diária da Bolsa em três semanas.

— O mercado realiza lucros hoje, até porque há alguma incerteza sobre como vai se dar o provável processo de troca de governo. Ainda é cedo para tirar conclusões. E o fato é que, depois de uma euforia motivada pelo quadro político, o cenário externo voltou a ser o foco hoje — disse João Pedro Brugger, da Leme Investimento.

Os juros futuros recuram com os investidores avaliando a possibilidade de Henrique Meirelles ser nomeado ministro da Fazenda em eventual governo Michel Temer — os dois se reuniram no fim de semana — e com a queda das expectativas de inflação registrada na pesquisa Focus, do BC. Ex-presidente do BC de Lula, Meirelles é talvez o nome que mais agrada aos investidores na composição de um possível governo.

O contrato de juros futuros com vencimento em janeiro de 2017 caiu de 13,52% ao ano para 13,48%; o com prazo em 2021 recua de 12,9% para 12,75% ao ano. Os juros futuros refletem a expectativa do mercado financeiro para a taxa básica de juros, a Selic, nas datas de vencimento dos contratos. hoje a Selic está em 14,25% ao ano.

De acordo com Brugger, os investidores começam a criar consenso de que o baixo nível de atividade econômica começa a ajudar o índice de preços a se acomodar, Além disso, ele observou que Meirelles acaba sendo visto com bons olhos por ser mais conservador do ponto de vista econômico e por trazer com ele a expectativa de maior autonomia.

— Na Bolsa, o movimento é mais de realização de lucros, após os ganhos das últimas semanas e seguindo a tendência dos mercados externos. No ano, a Bolsa ainda acumula alta de 20%. O mercado agora está de olho na composição de eventual governo Temer e segue ainda com o pé atrás esperando os embates tensos que devem ser gerados pela defesa da presidente Dilma daqui para frente — afirmou Alfredo Sequeira Filho, presidente da assessoria de investimento DNA Invest. — No dólar, os investidores estão tentando forçar a moeda até o terreno de R$ 3,50 para ver se o BC voltará a atuar comprando a divisa no mercado futuro.

Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 0,15%, enquanto o S&P 500 teve baixa de 0,18%. O Nasdaq recuou 0,21%. Os investidores operam com cautela, no início de uma semana que tem reunião de bancos centrais nos EUA e no Japão. Na Europa, as ações de mineradoras e companhias do setor de energia puxaram os índices para baixo. O Euro Stoxx 50, índice de referência do continente, caiu 0,75%, enquanto a a Bolsa de Londres teve baixa de 0,78%. Em Paris, o pregão caiu 0,52%, e em Frankfurt, 0,76%.

Entre as ações brasileiras, as de maior peso na Bolsa operam em queda. A Petrobras ON recuou 4,19% (R$ 12,36), e a PN teve baixa de 4,31% (R$ 9,33). Segundo analistas, parte da desvalorização se dá por causa da queda de 0,8% do preço do petróleo, cujo barril do tipo Brent vale US$ 44,75.

A commodity recua do maior patamar em cinco meses com sinais de que aumento da oferta do produto por alguns países. Segundo a agência de notícias Bloomberg, o Kuwait planeja elevar sua produção em mais de 3 milhões de barris por dia até junho, dobrando a produção em relação ao nível obtido durante a semana passada, quando houve uma greve de petroleiros. Já o Irão elevou sua produção em 1 milhão de barris sua produção desde que acabou o embargo econômico, em janeiro, informou hoje a agência local Shana.

Mas a Vale foi a maior razão para a queda do Ibovespa, com seu papel ON registrando baixa de 6,57% (R$ 18,06), enquanto o PNA caiu 7,51% (R$ 14,16). A companhia reagiu à queda do minério de ferro nos últimos dias e à realização de lucros dos seus acionistas, depois de a mineradora ter acumulado valorização de 35% no mês até a sexta passada diante de sinais de melhora da economia chinesa.

No setor bancário, o Banco do Brasil ON caiu 2,21% (R$ 20,80), e o Bradesco PN caiu 2,31% (R$ 24,96). O Itaú Unibanco PN recuou 0,88% (R$ 31,40), enquanto a unit do Santander desvalorizou-se em 0,41% (R$ 17,21).

A Usiminas PNA despencou 10,38% (R$ 2,33) após a siderúrgica ter reportado prejuízo líquido de R$ 151 milhões no primeiro trimestre e queda de 25% nas vendas de aço na comparação com o quarto trimestre. Além disso, as ações reagiram à decisão do Cade, que concordou com petição da CSN de nomeação de membro do conselho na reunião da Usiminas em dia 28 de abril, reacendendo a briga entre os acionistas da siderúrgica.

Na ponta contrária do pregão, a Oi ON disparou 9,76% (R$ 0,90) depois que a companhia anunciou acordo de confidencialidade para que a Moelis & Company toque a reestruturação de sua dívida.


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