“Já não vale a pena trabalhar”, dizem moradores do Reino Unido após grave crise econômica
Mundo – A taxa de inflação do Reino Unido alcançou 10,1% em ritmo anual em julho, a mais elevada em 40 anos, estimulada em particular pelo aumento dos preços dos alimentos, anunciou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS).
Em junho, a inflação em ritmo anual foi de 9,4%.
Os aumentos de preços foram generalizados no mês passado, mas “os alimentos subiram em particular, especialmente produtos de padaria, laticínios, carne e legumes”, explicou Grant Fitzner, economista-chefe do ONS, no Twitter.
A alta de preços pode superar 13% em outubro, quando estão previstos aumentos drásticos dos preços da energia, segundo as previsões do Banco da Inglaterra.
O Reino Unido enfrenta uma crise do custo de vida, com salários que não acompanham a inflação.
Grande queda
A economia britânica contraiu 11% em 2020, sua maior queda em 300 anos, mostraram dados revisados do Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido (ONS) na segunda-feira. A leitura anterior havia sido um declínio de 9,3%.
Esta foi a maior queda desde que o ONS começou a manter registros e a maior queda do PIB do Reino Unido desde 1709, o ano da ‘Grande Geada’, quando a economia do país encolheu 13,4%, de acordo com dados históricos fornecidos pelo Banco da Inglaterra .
Greve
Cerca de 2 mil trabalhadores do maior porto de contentores do país, o Felixstowe, deram início no último domingo (21) a uma greve que se prolonga até ao próximo dia 29 de Agosto. Em causa, uma disputa salarial.
Este porto, localizado na costa leste de Inglaterra, movimenta cerca de 4 milhões de contentores por ano, provenientes de 2.000 navios.
O secretário-geral do sindicato britânico dos trabalhadores ferroviários, marítimos e dos transportes, Mick Lynch, disse que existe “uma oferta de Network Rail que abrange 50% dos membros”. Trata-se, segundo defende, de “um acordo de pagamento de três anos a 8% e que teria de cobrir o ano passado, este e o próximo”.
O responsável acrescentou que “a inflação desta semana relativa aos preços do retalho é de 12,3%” e que se aceitassem essa oferta de pagamento, “estariam a receber cerca de um quarto da inflação do próximo ano” e que, por isso, não querem aceitar estas condições.
Esta greve acontece ao mesmo tempo de outra paralisação do sector ferroviário, que dura há já 4 dias, em que participam cerca 45 mil trabalhadores, que pedem melhores condições de trabalho e de salário. Os cidadãos têm enfrentado várias perturbações nas deslocações, especialmente durante o fim-de-semana. Em muitas cidades, apenas cerca de um em cada cinco comboios circulou e algumas áreas ficaram totalmente sem serviços.
Na Grã-Bretanha, as greves têm sido uma constante em vários sectores. Numa altura em que a inflação aumenta, os britânicos têm saído às ruas para pedirem melhores condições de vida.