Estatais brasileiras enfrentam o maior rombo em 15 anos: Déficit acumulado é de mais de R$ 6 bilhões
Brasil – As contas das empresas estatais brasileiras fecharam novembro de 2024 com um déficit acumulado de R$ 6 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (30). Este resultado aponta para o pior desempenho contábil das estatais em 15 anos, desde que a metodologia atual foi implementada em 2009.
Novembro Agrava o Cenário
Somente em novembro, o déficit registrado foi de R$ 1,6 bilhão, refletindo o aumento na diferença entre despesas e receitas das estatais. Esse saldo negativo deve ser coberto pelo caixa das próprias empresas ou, em última instância, pelo Tesouro Nacional, o que pode pressionar ainda mais as contas públicas.
Contexto e Exclusões do Indicador
O cálculo do déficit exclui grandes empresas federais como Petrobras e Eletrobras, que possuem características de companhias privadas de capital aberto. No entanto, ele inclui empresas públicas federais, estaduais e municipais que operam sob diferentes condições financeiras e estruturais. Entre elas, destacam-se:
- Emgepron (ligada a projetos navais): déficit de R$ 2,49 bilhões;
- Correios: déficit de R$ 2,19 bilhões;
- Serpro (processamento de dados): déficit de R$ 590,43 milhões;
- Infraero (gestora de aeroportos): déficit de R$ 541,75 milhões.
Explicações e Impacto Contábil
Em nota divulgada em outubro, o Ministério da Gestão e Inovação enfatizou que parte do déficit se deve a investimentos realizados com recursos acumulados em anos anteriores. Isso significa que nem todo o resultado negativo representa prejuízo imediato.
A nota também apontou que superávits registrados em anos anteriores foram impulsionados por aportes diretos do Tesouro Nacional para investimentos de longo prazo. Esses recursos, embora tenham melhorado temporariamente o resultado contábil, geram déficits nos anos seguintes com a execução das obras e serviços previstos.
Perspectivas e Repercussão
Com o encerramento do ano se aproximando, as projeções indicam que o desempenho das estatais em 2024 será o mais negativo desde o início da série histórica. O governo deve se pronunciar sobre os números ainda nesta segunda-feira, avaliando os fatores que levaram a este cenário e as medidas necessárias para mitigar o impacto.
A persistência de déficits em empresas estratégicas como Correios e Infraero levanta preocupações sobre a sustentabilidade financeira dessas organizações e a necessidade de reformulações estruturais para reduzir a dependência de recursos públicos.