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Ambiente político faz dólar fechar em queda de 1,51%, a R$ 3,642

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SÃO PAULO – O enfraquecimento do governo federal e novos estímulos monetários na Europa animaram os mercados financeiros nesta quinta-feira e fez o dólar comercial renovar as mínimas no ano. A moeda americana encerrou o pregão cotada a R$ 3,640 na compra e a R$ 3,642 na venda, um recuo de 1,51% ante o real. Essa é a menor cotação de fechamento desde 31 de agosto. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 1,86%, aos 49.571 pontos – a alta ganhou força na última hora de pregão, com a notícia de que o Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ambiente político, desfavorável ao governo, tem contribuído para a apreciação dos ativos brasileiros e mantém o dólar no menor patamar em mais de seis meses, quando o Brasil ainda não tinha perdido o grau de investimento. Esse maior otimismo tem contribuído para o fluxo positivo de investimentos para o país, em especial na Bolsa, o que também contribui para a apreciação do real.

— Não dá para ignorar o fluxo de recursos. Tem muito estrangeiro entrando na Bolsa, isso ajuda na valorização dos ativos. Está muito mais forte esse fluxo desde a semana passada — afirmou Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.

No mês, o saldo positivo de estrangeiros na Bolsa é de R$ 5,661 bilhões até o dia 8, ante R$ 2,332 bilhões em fevereiro.

A denúncia do Ministério Público de São Paulo contra o ex-presidente Lula, na quarta-feira à noite, foi um dos fatores para esse otimismo. A notícia em relação ao seu pedido de prisão preventiva ocorreu logo após o fechamento nos negócios de câmbio. “A percepção de que o cerco se fecha contra Lula e contra o governo Dilma, fez com que investidores e tesourarias bancarias voltassem a desmontar posições defensivas. Ajudou também para a queda da moeda aqui e lá fora, as medidas de estímulos por parte do Banco Central Europeu”, avaliou, em relatório a cliente, o analista Jefferson Luiz Rugik, da Correparti Corretora de Câmbio.

No exterior, o dólar também perdeu força. O “dollar index”, calculado pela Bloomberg e que mede o comportamento da divisa frente a uma cesta de dez moedas, registrava queda de 1,12% em horário próximo ao fechamento do mercado de câmbio no Brasil. Nesta quinta-feira, o BCE divulgou novas medidas de estímulo monetário, que devem injetar liquidez nos mercados. Parte desses recursos deve migrar para países emergentes, o que fortalece a moeda dessas economias.

VALE DESPENCA

O Ibovespa acelerou a alta com a notícia de que o MP paulista pediu a prisão preventiva do ex-presidente Lula – que está sendo avaliado pela Justiça. O índice, que subia quase 1%, chegou a avançar mais de 2% pouco após a confirmação dessa informação. A volatilidade causada pelo ambiente político e a expectativa de uma mudança no governo também tem elevado o volume de negócios na Bolsa.

Nesta quinta-feira, o giro financeiro ficou em R$ 11,846 bilhões. A média no mês está em torno de R$ 11 bilhões, bem acima dos R$ 6 bilhões do mês anterior e em linha com o registrado em outubro de 2014, quando foi definida a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Assim como o que ocorre durante o pleito presidencial, o mercado reage de forma positiva a notícias que podem levar a uma mudança de governo e, de forma negativa, quando essas expectativas não se confirmar.

E apesar do ambiente positivo para a Bolsa, as ações da Vale registraram forte queda neste pregão. Segundo analistas, a queda acentuada reflete um movimento de realização de lucros.

— O mercado se movimentou muito forte nos últimos dias devido ao cenário político, com expectativa de mudanças. É natural uma acomodação e realização de lucros. O espaço para subir forte, como vimos recentemente, não deve mais acontecer. Acredito que os agentes do mercado estão esperando também uma melhora dos indicadores econômicos — avaliou Ricardo Zeno, sócio da AZ Investimentos.

As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da Vale caíram 6,89% e as ordinárias (ONs, com direito a voto) recuaram 3,44%. Os demais papéis que têm peso relevante para o Ibovespa fecharam em alta. Os preferenciais da Petrobras subiram 4,60%, cotados a R$ 7,95, e os ordinários tiveram avanço de 2,61%, a R$ 9,81. A alta ocorreu apesar da queda do preço do petróleo no mercado internacional – o do tipo Brent, próximo ao horário de fechamento da Bolsa brasileira, caía 2,19%, a US$ 40,17 o barril.

Os preferenciais de Itaú Unibanco e Bradesco avançaram, respectivamente, 3,92% e 2,98%. As ações do Banco do Brasil fecharam em expressiva alta de 5,91%. Entre as principais altas estão a da Usiminas, que dispararam 9,89%. Na quarta-feira, após o fechamento do mercado, a companhia informou que na sexta irá discutir, em reunião do Conselho de Administração, o aumento de capital mediante emissão de novas ações. Já as ações da Gerdau registraram alta de 9,59%.

No exterior, os principais índices do mercado acionário perderam a força com o recuo do preço do petróleo, apesar das medidas de estímulo na zona do euro. O DAX, de Frankfurt, fechou em queda de 2,31% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, teve recuo de 1,70%. O FTSE 100, de Londres, recuou 1,78%. Nos Estados Unidos, Dow Jones e o S&P 500 fecharam praticamente estáveis (-0,03% e +0,02%, respectivamente).


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