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Vergonha: Revista ISTO É, afirma que o partido PP ‘comprou’ Átila Lins por R$7.650 milhões

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Brasilia- Partido citado na Lava Jato, o PP, com 31 parlamentares sendo investigados por corrupção, parece mesmo gostar de flertar com malfeitos. Para chegar à posição de segunda maior bancada na Câmara, com 54 deputados, ficando atrás apenas do PT, mas superando MDB e PSDB, o partido montou uma operação com o uso de dinheiro público para cooptar novos parlamentares.

O esquema foi montado pelo presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), pelo então ministro da Saúde, deputado Ricardo Barros (PR), e pelo deputado Arthur Lira (Al), ex-presidente da Comissão do Orçamento. Os três articularam o ingresso de sete desses novos deputados ao partido em março, durante a abertura da “janela partidária” – período em que a Justiça Eleitoral permite a troca de partido para a disputa de novo mandato. A cooptação ocorreu por meio de dinheiro do Fundo Nacional da Saúde (FNS) para os municípios onde os deputados têm base eleitoral. Além dos recursos da Saúde, os parlamentares obtiveram a promessa de receber R$ 2,5 milhões do Fundo Partidário para cada um tocar sua campanha à reeleição este ano.

O deputado Átila Lins, ex-PSD, por exemplo, tem como uma das suas bases eleitorais o município de Fonte Boa. Vizinho, está Tefé, de apenas 62 mil habitantes, onde Átila Lins também atua, que recebeu R$ 3 milhões. 
Vácuo políticoNa verdade, o parlamentar vem preencher um vácuo deixado pela deputada federal Conceição Sampaio, que está deixando o PP para pousar no ninho tucano do PSDB, do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. E como Rebecca Garcia deve concorrer a um cargo majoritário, nas eleições de 2018 – ao governo, a vice-governadora ou a uma das duas vagas ao Senado – Átila Lins terá todo o espaço político para concorrer a mais um mandato de deputado federal. O 11º de sua carreira.

Antes de decidirem pelo PP, os irmãos Lins sondaram o PTB, que saiu das mãos dos Castelo Branco (Sabino, Reizo e Vera Lúcia) e agora se encontra sob o comando de um empresário da comunicação no Amazonas; foram convidados a retornar ao PMDB, de Michel Temer e do senador Eduardo Braga, e ainda tiveram contato com o PV, do ministro de Meio Ambiente, Sarney Filho.

“É uma política suja, velha e ultrapassada” Júlio Delgado (MG), líder do PSB na Câmara, ao comentar a ida do deputado Marinaldo Rosendo (PE) para o PP.

A forma como o PP conseguiu a façanha de ganhar mais deputados sem obter um único voto a mais nas urnas foi tão agressiva que provocou reações indignadas em outros partidos que perderam parlamentares nesse processo. “É uma política suja, velha e ultrapassada”, disse a ISTOÉ o líder do PSB, Júlio Delgado (MG). O PSB perdeu para o PP, em março, o deputado Marinaldo Rosendo (PE). Júlio Delgado admitiu ter ouvido de deputados que a cooptação dos Progressistas vem da distribuição de dinheiro público.

Para fazer a engrenagem do esquema funcionar, no último dia 28 de dezembro, Ricardo Barros editou, ainda na condição de ministro, a Portaria 3.992, que simplificou as normas de repasse do Fundo Nacional de Saúde. Antes, havia seis blocos de repasse dos recursos: custeio, investimentos, prestador, demandas judiciais, obras do PAC e emendas parlamentares. Ricardo Barros reduziu para apenas duas modalidades: custeio e investimentos.

Ministro abre o cofre

Ao mesmo tempo, o deputado Arthur Lira, como presidente da Comissão de Orçamento, orientou os parlamentares a não pedirem recursos na Saúde como emendas individuais, mas como emenda de relator. E que todas fossem na modalidade custeio. Com dois objetivos: sacadas como emendas de relator, não ficaria nítida a relação da liberação com o nome do parlamentar que pediu o dinheiro. E, como custeio, não haveria necessidade de apresentação de qualquer tipo de projeto mais detalhado para utilização do recurso. Os valores começaram a ser liberados após a mudança de partido em duas categorias na saúde: Atenção Básica e Atenção de Média e Alta Complexidade.

A forma como funcionou a maquininha de liberação orçamentária mostra um aumento expressivo justamente em março, mês da “janela partidária”. Em janeiro, foram repassados R$ 5,7 bilhões. Em fevereiro, R$ 6,5 bilhões. Em março, o valor saltou para R$ 9,3 bilhões. Em abril, caiu novamente para R$ 5,8 bilhões. No caso da distribuição dos valores por Estado, o ranking de liberação também chama a atenção. Somente este ano, de janeiro a abril, Minas Gerais, que tem o maior número de municípios, ficou em primeiro lugar no recebimento de emendas com R$ 293,3 milhões. São Paulo vem em segundo, com R$ 234,8 milhões. Estranho é que o terceiro lugar seja justamente Alagoas, estado de Arthur Lira, com R$ 219 milhões. E o quarto, o Piauí, de Ciro Nogueira, com R$ 186,5 milhões. Alagoas é o 17º estado em número de municípios. Piauí, o oitavo.

Arthur Lira é candidato a um novo mandato como deputado. Seu pai, o senador Benedito de Lira, candidato à reeleição. Com as liberações, ambos conseguiram apoio dos prefeitos para suas eleições. Mesmo os prefeitos de outros partidos garantem a Benedito de Lira o segundo voto para o Senado. Ciro faz movimento semelhante no Piauí para obter novo mandato como senador. Em um vídeo, ele comemora com prefeitos: “Nunca se investiu tanto no Piauí”. Por influência de Ciro, o PP passou de 30 para 84 prefeituras no Estado, além de contabilizar 246 vereadores.

Os novos deputados progressistas fazem questão de ostentar em suas bases que mudaram de partido para obter mais recursos públicos. O deputado Átila Lins, ex-PSD, por exemplo, tem como uma das suas bases eleitorais o município de Fonte Boa. Vizinho, está Tefé, de apenas 62 mil habitantes, onde Átila Lins também atua, que recebeu R$ 3 milhões. O deputado chegou a pedir pessoalmente ao presidente Michel Temer recursos para construir na cidade de Coari um hospital da mulher. Por emendas, Coari recebeu também R$ 3 milhões. Outras cidades da sua base foram beneficiadas: Borba, São Paulo de Olivença e Carauari. No caso dos demais deputados, as emendas da Saúde para suas bases foram comprovadas por ISTOÉ. Em Sergipe, Laércio Oliveira, chegou a divulgar nota à imprensa anunciando a liberação dos recursos para a Saúde de Aracaju, após se filiar ao PP. A cidade recebeu R$ 700 mil.

Graças às manobras de Ciro Nogueira (PP-PI), o PP também inchou o número de prefeitos no Piauí: pulou de 30 para 84 prefeituras no Estado.

Fonte Revista ISTO É 


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