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Sérgio Moro afirma que Lula e o PT roubaram, mas que respeita a decisão do STF que livrou o cachaceiro

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Brasil – O ex-juiz federal Sérgio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos, concedeu entrevista ao Grupo Liberal, em que ele falou sobre diversos temas, como o legado da operação Lava Jato, Amazônia, pobreza, fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e definiu como retrocesso a anulação de sentenças contra o ex-presidente Lula.

Sergio Moro começou a entrevista explicando a fala durante uma entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, quando ele disse que não seria candidato em hipótese alguma. Moro disse que naquele momento estava aceitando o convite para entrar no governo do então presidente eleito Jair Bolsonaro para ser ministro da Justiça “com carta branca”, e que o pensamento dele era apenas o combate à corrupção. Mas que, depois de sair do governo, ele foi abordado por muitas pessoas pedindo ele concorresse à Presidência “para romper com a polarização”.

Porém, o pré-candidato refuta a alcunha de salvador da pátria. “Não, de forma nenhuma”, disse. Para ele, o sucesso de um governo se dá a partir de um trabalho conjunto. “Assim como foi na Lava Jato, foi um trabalho institucional. O que faz um país forte são as instituições fortes, robustas. E, ali, o trabalho não foi só meu, foi do Ministério Público, policiais, foi de outros magistrados. Ou seja, a população apoiou em massa a Lava Jato. Da mesma forma, esse projeto, agora, não é meu. Eu estou liderando, apenas. Estou no Podemos, ao qual eu me filiei. Estamos conversando com muita gente, seja da política, seja da sociedade civil, chamamos especialistas, um dos economistas mais renomados do País. A gente quer fazer um projeto consistente e rodar o País. Vou ao Pará, rodar o Pará, a região amazônica, em todos os lugares, para apresentar esse projeto, ouvir sugestões das pessoas. Esse projeto eu só estou liderando. Eu nunca me coloquei dessa forma [como salvador da pátria]. Eu sou uma pessoa como todos vocês”, explicou Moro.

 Sobre a Lava Jato e os desdobramentos atuais, com anulação de condenações, com determinação de suspeição, pelo Supremo Tribunal Federal, nos processos envolvendo Lula, Sergio Moro disse que fica triste, mas respeita a Justiça, especialmente o presidente do Supremo, o ministro Luiz Fux, que, segundo Moro, tem sido voto vencido. Moro afirma que Lula “nunca foi perseguido; e a gente sabe o que aconteceu lá atrás, na Petrobras. Ela foi saqueada durante o governo do PT. Ou seja, os tribunais têm que se preocupar em fazer justiça na forma da lei e deixar de lado esses formalismos e tecnicismos e dar uma resposta para as pessoas. As pessoas querem ver quem rouba o erário, quem rouba dinheiro, quem desvia dinheiro, que depois falta aos cofres públicos, na escola pública, no hospital, tem que ser punido com rigor”.

Sergio Moro voltou a afirmar que saiu do governo Bolsonaro porque não queria compactuar com “coisas erradas”. Ele lembrou de frases do presidente dizendo que desejava demitir Moro por uma suposta falta de proteção a ele e à família. “Ou seja, está muito claro o que o presidente queria. Mas eu não vou fazer isso, eu não entrei no governo para proteger o presidente, a família dele, de investigações. Eu entrei no governo, sim, para fazer o meu trabalho, e com o meu trabalho eu tinha me comprometido, desde a Lava Jato, com a população brasileira, para aplicar a lei, melhorar a lei contra corrupção, combater o crime organizado, combater a criminalidade violenta. Eu não vou proteger gente que faz coisa errada”, afirmou.

“Qual a investigação que existe em relação ao presidente e a família dele? É a história da rachadinha. É você se apropriar do salário do servidor que você nomeou. Isso é coisa errada. Isso é como você contratar alguém, e você ficar com metade do salário e às vezes a pessoa nem vai trabalhar; é pura apropriação de dinheiro público. Ou seja, isso tem que ser investigado. Se é culpado ou não é culpado, quem vai dizer são as instituições. Agora, ministro da Justiça que se preze proteger qualquer pessoa de investigação, ah, está fazendo coisa errada”, complementou.

O pré-candidato à Presidência garantiu nunca ter sido favorável “ao desmantelamento do Ibama, do ICM-Bio”. Moro afirma ser favorável ao desenvolvimento sustentável para a Amazônia. “A gente tem que proteger, sim, a floresta contra a destruição ilegal e isso é importante, porque a gente está sendo pintado lá fora como vilão ambiental do mundo”, alertou.

Sobre questões indígenas, Sergio Moro afirmou que os povos indígenas têm reivindicações legítimas, mas é preciso ver a discussão sob todos os ângulos e atores envolvidos, especialmente sobre o Marco Temporal. “Às vezes até existem cidades construídas em áreas que são reivindicadas. Então, isso tem que ser solucionado de alguma maneira que respeite tanto o direito dos povos indígenas como também daquelas pessoas que já ocupam esses locais”, disse, observando que parte do problema pode ser contornada com indenizações.

Nos planos de um eventual governo Moro, ele afirma que o foco não pode ser somente a corrupção, há outras áreas fundamentais, como o controle da inflação, baixa dos juros, geração de emprego e o combate à pobreza. “O que eu vim propor e tenho falado é uma espécie de Força Nacional, que seria no formato de uma agência nacional. A gente vê essas agências, Andes, Anatel, tem lá em Brasília, que tem um formato diferente, mas a gente vai criar uma agência com a missão específica de erradicar a pobreza no Brasil, a partir da vida de Brasília, mas trabalhando em todo o território nacional. Ao invés de criar uma burocracia nova, concurso de cargos, a ideia da força-tarefa é trazer os melhores, os melhores dos vários ministérios, e também das várias unidades da Federação para gente pegar o grupo de elite. Claro que algo muito maior do que a Lava Jato”, detalhou.

*Com informações Grupo Liberal


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