“Legado do rombo”: Caio André é acusado de firmar contratos superfaturados de água, internet e comunicação na CMM
Manaus – Em seus últimos meses como presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Caio André enfrenta acusações de superfaturamento e favorecimento em contratos milionários firmados durante sua gestão. Documentos e investigações apontam que três contratos de grande porte – para fornecimento de água, internet e serviços de comunicação – estão sob suspeita, o que levanta questionamentos sobre o uso de recursos públicos pela administração do vereador, que não conseguiu a reeleição e deixará o cargo em 2024.
Contratos sob suspeita
Água “valendo ouro”
O contrato de fornecimento de água para a Câmara, assinado durante a gestão de Caio André, revela valores considerados inflacionados. Foram gastos cerca de R$ 417 mil reais para adquirir 20 mil garrafões de água e 7 mil pacotes de água, uma quantidade que, segundo fontes internas, ultrapassa as necessidades operacionais da Câmara. A auditoria inicial indica que Caio André teria comprado aproximadamente 8 mil garrafões a mais do que o necessário, gerando um custo adicional de R$ 130.345,60 aos cofres públicos.
A situação se complica ao considerar o histórico do proprietário da empresa fornecedora, Harley Lifsitch Silva, que tem laços com Caio André desde a época em que este era secretário municipal de esportes e lazer (SEMJEL). Esse vínculo lança dúvidas sobre um possível favorecimento, e a suspeita de superfaturamento ganha ainda mais força com a conexão pessoal entre o vereador e o empresário.
Internet “reluzente”: 600% acima do preço de mercado
Outra investigação em curso examina o contrato de serviços de internet da CMM. De acordo com fontes da investigação, o serviço foi contratado a um custo mais de 600% superior ao preço pago pela Prodam (Processamento de Dados do Amazonas), responsável por fornecer serviços de internet e tecnologia para diversas instituições estaduais.
Documentos apontam que a CMM gasta cerca de R$ 115 mil mensais com internet dedicada, totalizando R$ 1,427 milhão para 2024, enquanto a Prodam, que contrata serviços semelhantes a um custo muito mais baixo, paga R$ 4.900 por cada link de internet de 1 Gbps. Em comparação, a Câmara de Manaus está pagando cerca de R$ 115 mil por quatro links, mais de 600% acima do valor padrão. Em 2023, os pagamentos desse contrato já somaram R$ 1,9 milhão, tornando-se alvo de investigações por suspeita de superfaturamento.
A comparação com o contrato da Prodam expõe discrepâncias significativas. O órgão estadual, especializado em dados e tecnologia, paga uma fração do valor gasto pela Câmara, mesmo atendendo a demandas muito maiores. A desproporcionalidade no valor pago pela CMM reforça as suspeitas de mau uso do dinheiro público.
Contrato- Servicos-de-Telecomunicacoes