Gabinete “Paralelo” de Janja custa R$160 mil por mês e já gastou R$1,2 milhões em viagens
Brasil – Apesar de não ocupar um cargo oficial no governo, a primeira-dama Janja da Silva mantém uma estrutura robusta à sua disposição. Com 12 assessores, entre profissionais de comunicação, fotografia, redes sociais e um ajudante de ordens militar, a equipe custa aos cofres públicos R$160 mil mensais em salários. Além disso, as despesas com viagens acumuladas ao longo de três anos já alcançaram R$1,2 milhão.
Essa estrutura informal funciona como um “gabinete paralelo” para atender exclusivamente às demandas de Janja. Embora não tenha sido oficialmente criada, a equipe tem funções que, em tese, deveriam ser desempenhadas para fins institucionais. No entanto, conforme mostram as redes sociais da primeira-dama, muitos desses recursos são direcionados para a sua promoção pessoal.
Os números impressionam quando comparados a outros gabinetes oficiais do governo. Por exemplo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conta com menos de dez secretários diretos. Em contrapartida, Janja tem uma equipe superior, ainda que de forma indireta, composta por funcionários vinculados a diferentes setores do governo.
Entre os exemplos de designações adaptadas está Neudicléia Neres de Oliveira, oficialmente assessora especial do Gabinete Pessoal do Presidente da República. No entanto, na prática, Neudicléia atua como uma coordenadora do “gabinete informal” de Janja. Já Brunna Rosa Alfaia, ligada à Secretaria de Comunicação Social (Secom), auxilia na gestão das redes sociais da primeira-dama, contribuindo diretamente para aumentar sua presença digital.
Campanha por um gabinete próprio
No início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, Janja tentou formalizar sua equipe por meio da criação de um gabinete especial. A proposta, contudo, foi vetada após aliados do presidente alertarem sobre o risco de nepotismo e o desgaste à imagem do governo. Desde então, a estrutura é mantida de forma informal, utilizando servidores que deveriam estar exercendo funções voltadas ao governo.
Os custos dessa operação levantam questionamentos sobre o uso de recursos públicos para fins pessoais. Além das despesas diretas com salários e viagens, o caso aponta para um possível desvio de finalidade das funções dos assessores. Embora a Casa Civil informe que os profissionais do Gabinete Pessoal da Presidência apenas “auxiliam eventualmente” a primeira-dama, a realidade demonstrada pelos registros sugere um envolvimento muito mais frequente e intenso.
A polêmica em torno do “gabinete paralelo” de Janja reflete os desafios de equilibrar as expectativas de uma figura de destaque na esfera pública sem cargo oficial e as responsabilidades de uma gestão transparente e alinhada aos interesses coletivos.
O alto custo e a estrutura de apoio destinada à primeira-dama Janja da Silva colocam em xeque a eficiência e a transparência do uso de recursos públicos. Com R$1,2 milhão já gasto em viagens e uma equipe de 12 assessores, o impacto dessa operação é significativo e merece maior escrutínio por parte da sociedade e das instituições fiscalizadoras.