‘Quem mandou matar Marielle?’: inquérito contra conselheiro do TCE-RJ é encaminhado ao STJ
Brasil – O caso que chocou o Brasil, o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, teve uma nova reviravolta. Recentemente, o inquérito que investiga o crime saiu do âmbito do Rio de Janeiro e foi transferido para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). A mudança de jurisdição ocorreu devido ao surgimento de novas suspeitas envolvendo Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). Essa alteração torna a investigação federalizada e concede poderes ampliados à Polícia Federal, que retornou ao caso no início deste ano por ordem do ministro Flávio Dino.
No mês de março, a Justiça do Rio havia rejeitado uma denúncia inicial contra Brazão, acusado de plantar pistas falsas para dificultar a identificação dos mandantes do assassinato de Marielle e Anderson. Entretanto, a situação mudou com a delação premiada do ex-policial militar Élcio Queiroz, que admitiu ter dirigido o veículo utilizado no ataque e confirmou que Ronnie Lessa foi o autor dos disparos. Domingos Brazão foi novamente alvo de investigação após essas revelações.
O nome de Brazão também figurou no relatório da CPI das Milícias, sendo ele o chefe de um clã político que inclui seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, seu sobrinho, o deputado estadual Manoel Brazão, e um vereador que adotou o sobrenome para fins eleitorais, Waldir Brazão.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou uma denúncia ao STJ acusando Domingos Brazão de arquitetar o homicídio de Marielle Franco, bem como de disseminar informações falsas sobre os responsáveis pelo crime, em uma tentativa de manter-se impune. Esta é a primeira acusação direta feita por uma autoridade sobre o suposto mandante do assassinato da vereadora e de seu motorista.
Em outra solicitação ao STJ, a PGR pediu a federalização das investigações, o que permitiria à Procuradoria investigar as evidências que apontam Brazão como o mandante do crime. Vale ressaltar que Domingos Brazão sempre negou qualquer envolvimento no assassinato de Marielle e, em março deste ano, quando o crime completou cinco anos, ele foi autorizado a retornar ao TCE pelo Tribunal de Justiça do Rio, após um afastamento que ocorreu em 2017 devido a suspeitas de corrupção na Operação Quinto do Ouro.
A presença de Domingos Brazão no caso Marielle ressalta sua trajetória política repleta de polêmicas e processos ao longo de mais de 25 anos de vida pública. Entre as suspeitas que recaíram sobre ele ao longo dos anos estão corrupção, fraude, improbidade administrativa, compra de votos e até mesmo homicídio. A investigação da PGR apontou indícios de ligação entre Brazão e o grupo conhecido como “Escritório do Crime,” que estaria envolvido no assassinato da vereadora.