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João Branco x Zé Roberto: Traição, ódio, vingança e racha no FDN. A luta pelo poder na facção, motivou o massacre

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O racha entre os antigos aliados e narcotraficantes condenados João Pinto Carioca, o João Branco, e José Roberto Fernandes, o Zé Roberto da Compensa, já havia sido identificado pelo Departamento de Inteligência Penitenciária (Dipen), ligado à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). A reportagem teve acesso a um relatório, datado do dia 22 de maio, que detalha o clima de tensão entre os traficantes. A esposa de João Branco, Sheila Maria Faustino Peres, era a responsável por levar as ordens do marido para seus aliados, mas Zé Roberto descobriu o plano, conforme apuração da reportagem.

O relatório detalha que João Branco estaria insatisfeito com os caminhos que a FDN vinha tomando sob o comando de Zé Roberto, “no que tange principalmente a venda de drogas, perda do poder da facção no Sistema Prisional Amazonense e a guerra entre facções no Estado”.

Diante deste cenário, João Branco vinha trabalhando na criação de uma nova facção, a ‘FDN Pura’ ou ‘Potência Máxima’ – apelido pelo qual João Branco era conhecido no mundo do crime antes de ser preso.  “Evidencia-se que há internos custodiados no Sistema que relatam obediência e lealdade somente a João Branco, corroborando para essa possível nova realidade”, destaca o relatório, citando também uma declaração de guerra entre os grupos ligados a João Branco e Zé Roberto. ” (…) e estas se iniciariam pelo sistema prisional, pois é onde se encontram os principais aliados e apoiadores dessas lideranças”.

A esposa de João Branco, Sheila Maria Faustino Peres, foi quem trouxe a Manaus a ordem para eliminar lideranças rivais. A orientação com os nomes de quem deveria ser morto foi levada até as unidades prisionais por parentes de detentos de confiança de João Branco, mas o plano acabou vazando. Assim, a tentativa de “golpe” foi descoberta e quem acabou morrendo, segundo levantamento preliminar, foram presos ligados ao próprio João Branco.

O cenário de confronto, como de fato ocorreu, também foi antecipado pelo Dipen, que previa o foco principal de conflito como o Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM). “Porém não se descarta que ações simultâneas possam ocorrer nas demais unidades do Estado”. Dentre todas as unidades, o CDPM acabou sendo o que teve a menor quantidade de mortos – cinco. Foram 25 mortes no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), 19 no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e seis na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP).

Ao citar a ameaça de confronto entre os aliados de João Branco e Zé Roberto, o Dipen destaca que “acontecimentos como este são de difícil controle por parte do Estado, pois a motivação única é a eliminação de rivais. Vale destacar que, em 2017, as informações sobre possíveis mortes no ocorridas no sistema foram antecipadas por este DI, com isso as unidades permaneceram trancadas.

A FDN foi fundada em 2007 pelos traficantes Gelson Lima Carnaúba, o “Mano G”, e Zé Roberto da Compensa. Segundo levantamentos da Polícia Federal, após passarem uma temporada cumprindo pena em presídios federais, eles voltaram a Manaus determinados a se estruturarem como uma facção criminosa.

Considerada a terceira maior facção criminosa do País, a FDN tem braços no Acre, Pará, Ceará, Rondônia, Rio Grande do Norte além de Colômbia, Peru, Venezuela.


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