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Famílias de presos mortos em massacre no AM cobram liberação de corpos: ‘dias de espera’

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Familiares de detentos mortos em unidades prisionais do Amazonas protestaram, durante a manhã desta quarta-feira (29), contra a demora na liberação dos corpos de presos mortos em massacre. Em frente ao Instituto Médico Legal (IML), em Manaus, dezenas de pessoas esperam por notícias desde as mortes de segunda-feira (27). Até o momento, 16 de 55 corpos foram liberados.

No início da semana, 55 presidiários foram assassinados em quatro cadeias do estado, entre elas o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), que já havia registrado o massacre da história do Amazonas quando 56 detentos foram assassinados , em 1º de janeiro de 2017.

A idosa Luzia Menezes, de 60 anos, espera pela liberação do sobrinho dela, o jovem William Willer Souza de Souza, de 21 anos, que estava preso no Complexo Penitenciário Anísío Jobim (Compaj). Ela contou que após o tumulto dos familiares na porta do IML, foi informado pelo órgão que chegou o laudo que estava faltando para liberação dos corpos. Além disso, a mulher lamentou pela morte sobrinho.

“Ele ligou pra mãe dele no sábado de manhã e disse que a amava muito. Parecia uma despedida. É tanto sofrimento. Errou mas tem o direito de ser enterrado com dignidade”, disse.

Ela conta ainda que o jovem estava participando de um curso de cabeleireiro dentro do presídio e quando recebesse a liberdade, iria abrir um salão.

Há três dias, a mãe de um preso, que não quis ser identificada, aguarda pela liberação do corpo do filho. “Eu quero enterrar meu filho, ele não é cachorro para ser jogado em qualquer lugar. Por que toda essa demora?”, questionou a mãe.

“Quero saber a explicação para tanta demora, já são dias de espera. Eu só quero enterrar meu sobrinho como gente. Tão falando que quando saírem daqui vão direto pro cemitério. Ele errou mas não merece ser mais humilhado”, disse Shirlene Botelho, tia de um outro detento.

Equipes da Defensoria Pública do Amazonas foram acionadas para ajudar no atendimento às famílias que procuram o IML. Sem estrutura para armazenar mais que 20 corpos, o local precisou do reforço de um caminhão frigorífico para os outros 33 mortos.

O defensor dos Direitos Humanos da DPE-AM, Roger Moreira de Queiroz, disse que uma audiência pública deve ser para tratar da situação.

“A defensoria já está se colocando à disposição de cada uma das famílias que está aqui presente para dar apoio. Aqueles parentes que se sentirem a vontade e que quiserem conversar conosco, já vamos articular para fazermos uma audiência pública para que possamos dar o apoio aos familiares que precisam. O nosso papel aqui é ouvi-los, saber das dificuldades e tentar de alguma maneira através da DPE. E mais adiante, tem a situação que é essa posição das famílias em relação a responsabilidade do Estado”, disse Queiroz.

Após o tumulto dos familiares em frente a sede do IML, a diretora do órgão, Sâmia Leite, explicou o motivo da demora da liberação.

“É necessário comparar os corpos com várias informações. O primeiro dia foi apenas para organização, depois foi feito todo o trabalho de necrópsia. Ao longo do dia, vários laudos serão emitidos. Os corpos serão liberados ao decorrer da semana. Assim como em todo Brasil, o IML não está preparado para receber toda essa demanda. Não é todo dia que ocorre um massacre”, relatou.


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