Drogas veterinárias usadas em “seita” do caso Djidja são apreendidas na Compensa; veja
Manaus – A Polícia Militar apreendeu, nesta sexta-feira (14/8), no bairro Compensa, zona Oeste de Manaus, várias caixas contendo substâncias de uso veterinário, incluindo Cetazima, que estavam escondidas em uma residência. A operação foi realizada por guarnições da 8ª Companhia Interativa Comunitária (CICOM), sob o comando do Capitão Danilo Aguiar.
Esta apreensão é mais um desdobramento do complexo “caso Djidja”, que envolve a família da empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso. Ela faleceu no dia 28 de maio devido a uma suspeita de overdose. As investigações revelaram que Djidja fazia parte de uma seita com sua mãe e irmão, onde se viam de forma exotérica e promoviam o uso de cetamina, uma droga veterinária, para alcançar um estado de falsa plenitude espiritual. Após a operação Mandrágora da Polícia Civil entrar em sua segunda fase, clínicas veterinárias e pets começaram a ser denunciados e fiscalizados sobre a suspeita de fornecerem estas drogas veterinárias de forma ilícita para outras finalidades que configuram o tráfico.
O caso Djidja e a “seita” Pai, Mãe, Vida
A Polícia Civil do Amazonas apurou que Djidja, seu irmão Ademar Farias Cardoso Neto, e sua mãe Cleusimar Cardoso Rodrigues formaram um grupo religioso chamado “Pai, Mãe, Vida”. Este grupo incentivava o uso de cetamina, um anestésico injetável veterinário também conhecido como ketamina, que é ilegal para uso humano sem prescrição médica. Desde que começaram a usar a substância há pouco mais de um ano, os três passaram a sofrer alucinações devido ao uso excessivo.
As investigações tiveram início em abril, quando surgiram suspeitas de tráfico de cetamina envolvendo a família. Verônica da Costa Seixas, gerente do salão de beleza de Djidja, foi apontada como a responsável por adquirir a droga ilegalmente de clínicas veterinárias.
Operação Mandrágora e prisões
A Polícia Civil do Amazonas, em uma ação conjunta com o Ministério da Agricultura e Pecuária, realizou a Operação Mandrágora, que já está em sua segunda fase, deflagrada em 7 de junho de 2024. Até agora, dez pessoas foram presas por envolvimento no uso e distribuição ilegal de cetamina. Entre os detidos estão José Máximo Silva de Oliveira, proprietário de uma clínica veterinária, seus funcionários Sávio Soares Pereira e Emicley Araújo Freitas Junior, além de Bruno Roberto, ex-namorado de Djidja, e Hatus Silveira, personal trainer da família Cardoso.
As autoridades também realizaram buscas em dois pet shops pertencentes a José Máximo, onde apreenderam substâncias ilegais. Esses estabelecimentos não tinham permissão para comercializar produtos desse tipo.
Grupo religioso e atividades ilegais
As investigações iniciais revelaram que o grupo “Pai, Mãe, Vida”, liderado por Cleusimar e Ademar, promovia o uso de ketamina em rituais religiosos. Esses rituais, que eram registrados em vídeo e compartilhados online, envolviam atividades ilegais como tráfico de drogas, associação para o tráfico, aborto sem consentimento, estupro de vulnerável, sequestro, cárcere privado, e colocar em risco a saúde ou vida de terceiros.
Morte de Djidja Cardoso
Djidja Cardoso foi encontrada morta em 28 de maio de 2024, com sinais de overdose de cetamina. A principal hipótese é que sua morte esteja diretamente relacionada ao uso excessivo da droga. A necrópsia indicou um edema cerebral como causa preliminar. A investigação prossegue, com a análise de dados telemáticos e depoimentos inconsistentes de alguns envolvidos reforçando as suspeitas.
Pessoas presas na Operação Mandrágora
Os principais presos na operação incluem:
– **Ademar Farias Cardoso Neto**: Irmão de Djidja, líder do grupo religioso.
– **Cleusimar Cardoso Rodrigues**: Mãe de Djidja e co-líder do grupo.
– **Verônica da Costa Seixas**: Gerente do salão de beleza da família.
– **Marlisson Vasconcelos Dantas**: Cabeleireiro do salão.
– **Claudiele Santos da Silva**: Maquiadora do salão.
– **Bruno Roberto**: Ex-namorado de Djidja.
– **Hatus Silveira**: Personal trainer da família.
– **José Máximo Silva de Oliveira**: Dono de uma clínica veterinária.
– **Sávio Soares Pereira**: Funcionário da clínica veterinária.
– **Emicley Araújo Freitas Junior**: Funcionário da clínica veterinária.
As investigações continuam, e a Polícia Civil está empenhada em apurar todas as conexões entre os presos e o grupo religioso, além de determinar o papel específico de cada um na distribuição e uso ilegal de cetamina.