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Bomba: áudios da PF ligam secretário de Segurança do AM a grupo de extermínio

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Amazonas – Interceptações telefônicas da Polícia Federal colocam o atual secretário da Segurança Pública do Amazonas no centro de um círculo de pessoas envolvidas com grupo de extermínio, violência policial e com um apresentador suspeito de mandar matar para ganhar audiência na TV.

Coronel da reserva da Polícia Militar amazonense, Louismar Bonates assumiu o cargo de secretário em janeiro. Manaus é uma das capitais mais violentas do país, e está em meio a guerra de facções pelo controle do tráfico de drogas.

Em 2005, ainda na ativa na PM, ele foi um dos alvos de interceptações telefônicas da PF que deram base a uma operação policial que levou à prisão um grupo de PMs suspeito de ligação com extermínio de pessoas.

​Segundo relatório da PF obtido pela Folha, com o resumo das principais conversas interceptadas com autorização judicial, o nome de Bonates é citado 1.875 vezes em diversas situações, entre elas falando com o amigo Felipe Arce Rio Branco, tenente-coronel e ex-chefe do serviço de inteligência da PM.

Arce foi condenado, em agosto de 2017, a 33 anos de prisão pela morte do ex-policial civil Santos Clidevar Lima.

Após ser preso pela PF, um traficante —que era genro de Clidevar—, disse ter pago R$ 12 mil a Arce pelo assassinato. As investigações levaram a PF a encontrar o corpo enterrado no sítio de Bonates, nas imediações de Manaus, segundo a polícia e a Promotoria.

Nesse mesmo sítio, segundo ligações telefônicas, Arce e Bonates realizavam encontros com a participação de outros suspeitos de participação do grupo de extermínio.

As gravações apontam ligação de Bonates e de Arce com o então deputado Wallace Souza (1958-2010), apresentador do programa de TV “Canal Livre”, e suspeito de mandar matar pessoas para aumentar audiência na TV.

Wallace é tema de um documentário da Netflix, “Bandidos da TV”, que reconstrói a trajetória do apresentador. Arce é outro que aparece no documentário.

Em uma conversa interceptada, em julho de 2005, ele fala de um espancamento. Diz que “prendeu um conterrâneo” e que deu “um bocado de porrada nesse filho da puta”. Quando o interlocutor pergunta se “encheu ele de bolo” [palmatória], Bonates responde: “Bolo uma porra, vou perder tempo dando bolo? Tem coturno pra quê?”

Outro oficial da PM que aparece em uma série de telefonemas com Bonates é o hoje coronel Jair Martins da Silva, conhecido como “Urso”.

Em 2008, Martins foi acusado de participar de um grupo suspeito de encomendar a morte de um pistoleiro que havia recusado a missão de matar uma juíza no estado.

Também fazia parte do grupo, o soldado da PM Givanil de Freitas Santos e, ainda, Raphael Wallace Souza, filho de Wallace Souza, o apresentador de TV.

Questionado pela Folha sobre o fato de Bonates não figurar entre os suspeitos da morte da pessoa enterrada na chácara dele, o promotor de Justiça Edinaldo Medeiros, respondeu, via assessoria de imprensa, que os autores do homicídio eram, de fato, policiais militares, mas que não havia indícios suficientes contra o então tenente-coronel Bonates.

“Quando presos, os policias indicaram o local onde o corpo foi enterrado, revelando, inclusive, detalhes, como o fato de a vítima teve de cavar a própria cova antes de ser morta. O local onde o corpo foi encontrado era uma chácara que pertencia ao coronel Louismar Bonates que, segundo os depoimentos, era frequentada pelo coronel Arce e outros policiais. Embora fosse proprietário do local, as investigações não apontaram indícios de participação do coronel Bonates nesse fato”, afirmou, em resposta por escrito.

CONTATO COM A FDN
Não foi a única vez que Bonates apareceu em investigação da PF. Em 2015, quando era secretário de administração penitenciária, a Operação La Muralla descobriu que ele havia se encontrado com José Roberto Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, um dos fundadores da facção Família do Norte (FDN), a maior do Amazonas.

Da conversa, ocorrida na biblioteca de um presídio de Manaus, teria saído um acordo pelo qual Bonates se comprometeu a não transferi-lo e a tirar dois pavilhões do controle da facção rival Primeiro Comando da Capital (PCC). Em troca, Zé Roberto se comprometia a pacificar os presídios.

“A FDN saiu fortalecida deste lamentável episódio, alcançando domínio absoluto do sistema prisional”, diz o relatório da PF na época. A suposta contrapartida, porém, não aconteceu: em 2017 e neste ano, a facção protagonizou duas das maiores matanças do sistema carcerário brasileiro, com um saldo de 122 assassinatos.

Em 2005, ainda na ativa na PM, ele foi um dos alvos de interceptações telefônicas da PF que deram base a uma operação policial que levou à prisão um grupo de PMs suspeito de ligação com extermínio de pessoas.

​Segundo relatório da PF obtido pela Folha, com o resumo das principais conversas interceptadas com autorização judicial, o nome de Bonates é citado 1.875 vezes em diversas situações, entre elas falando com o amigo Felipe Arce Rio Branco, tenente-coronel e ex-chefe do serviço de inteligência da PM.

Arce foi condenado, em agosto de 2017, a 33 anos de prisão pela morte do ex-policial civil Santos Clidevar Lima.

Após ser preso pela PF, um traficante —que era genro de Clidevar—, disse ter pago R$ 12 mil a Arce pelo assassinato. As investigações levaram a PF a encontrar o corpo enterrado no sítio de Bonates, nas imediações de Manaus, segundo a polícia e a Promotoria.

Nesse mesmo sítio, segundo ligações telefônicas, Arce e Bonates realizavam encontros com a participação de outros suspeitos de participação do grupo de extermínio.

As gravações apontam ligação de Bonates e de Arce com o então deputado Wallace Souza (1958-2010), apresentador do programa de TV “Canal Livre”, e suspeito de mandar matar pessoas para aumentar audiência na TV.

Wallace é tema de um documentário da Netflix, “Bandidos da TV”, que reconstrói a trajetória do apresentador. Arce é outro que aparece no documentário.

Em uma conversa interceptada, em julho de 2005, ele fala de um espancamento. Diz que “prendeu um conterrâneo” e que deu “um bocado de porrada nesse filho da puta”. Quando o interlocutor pergunta se “encheu ele de bolo” [palmatória], Bonates responde: “Bolo uma porra, vou perder tempo dando bolo? Tem coturno pra quê?”

Outro oficial da PM que aparece em uma série de telefonemas com Bonates é o hoje coronel Jair Martins da Silva, conhecido como “Urso”.

Em 2008, Martins foi acusado de participar de um grupo suspeito de encomendar a morte de um pistoleiro que havia recusado a missão de matar uma juíza no estado.

Também fazia parte do grupo, o soldado da PM Givanil de Freitas Santos e, ainda, Raphael Wallace Souza, filho de Wallace Souza, o apresentador de TV.

Questionado pela Folha sobre o fato de Bonates não figurar entre os suspeitos da morte da pessoa enterrada na chácara dele, o promotor de Justiça Edinaldo Medeiros, respondeu, via assessoria de imprensa, que os autores do homicídio eram, de fato, policiais militares, mas que não havia indícios suficientes contra o então tenente-coronel Bonates.

“Quando presos, os policias indicaram o local onde o corpo foi enterrado, revelando, inclusive, detalhes, como o fato de a vítima teve de cavar a própria cova antes de ser morta. O local onde o corpo foi encontrado era uma chácara que pertencia ao coronel Louismar Bonates que, segundo os depoimentos, era frequentada pelo coronel Arce e outros policiais. Embora fosse proprietário do local, as investigações não apontaram indícios de participação do coronel Bonates nesse fato”, afirmou, em resposta por escrito.

CONTATO COM A FDN
Não foi a única vez que Bonates apareceu em investigação da PF. Em 2015, quando era secretário de administração penitenciária, a Operação La Muralla descobriu que ele havia se encontrado com José Roberto Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, um dos fundadores da facção Família do Norte (FDN), a maior do Amazonas.

Da conversa, ocorrida na biblioteca de um presídio de Manaus, teria saído um acordo pelo qual Bonates se comprometeu a não transferi-lo e a tirar dois pavilhões do controle da facção rival Primeiro Comando da Capital (PCC). Em troca, Zé Roberto se comprometia a pacificar os presídios.

“A FDN saiu fortalecida deste lamentável episódio, alcançando domínio absoluto do sistema prisional”, diz o relatório da PF na época. A suposta contrapartida, porém, não aconteceu: em 2017 e neste ano, a facção protagonizou duas das maiores matanças do sistema carcerário brasileiro, com um saldo de 122 assassinatos. Com informações do Folha de SP.

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