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Vivendi quer ampliar domínio com saída de diretor executivo da Telecom Italia

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MILÃO E LONDRES – O bilionário francês Vincent Bolloré passou quase dois anos arrumando as peças de xadrez para uma investida agressiva no mercado de mídia e telecomunicações da Itália. Na segunda-feira, ele fez sua jogada. Ao provocar a saída do diretor executivo da Telecom Italia, Marco Patuano, Bolloré mostrou sua determinação para transformar a Vivendi, onde é presidente do conselho, em uma força dominante na Itália, segundo pessoas com conhecimento da situação contaram à Bloomberg. A empresa francesa reuniu uma participação de quase 25% do antigo monopólio de telefonia da Itália.

A reformulação na direção é um primeiro passo do plano de Bolloré de criar um conglomerado no sul da Europa focado em conteúdo exclusivo de TV que seja capaz de acompanhar o ritmo de concorrentes como a Netflix e desafiar a Sky de Rupert Murdoch, disseram as pessoas, que pediram anonimato por discutirem um assunto privado. Patuano deixou o cargo na segunda-feira.

— Bolloré é um consolidador e seu objetivo final é construir uma rede integrada de entretenimento, telecomunicações e música capaz de rivalizar com as gigantes de Hollywood a partir de cidades como Paris, Roma e Milão — disse Giacomo Vaciago, professor de Economia da Università Cattolica del Sacro Cuore, de Milão.

EMISSORA DE BERLUSCONI NO RADAR

Um relacionamento mais profundo com a Mediaset, a emissora fundada pelo ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, poderá ocorrer na sequência, disseram as pessoas. Uma cooperação mais próxima poderá permitir a combinação dos produtos da Mediaset com os da Canal Plus, braço de produção e televisão paga da Vivendi. As duas empresas estão negociando um swap de ações e um grande investimento da Vivendi na unidade de TV paga Mediaset Premium, afirmaram pessoas com conhecimento das discussões.

— Podemos esperar que algumas coisas aconteçam agora. Uma delas é uma maior cooperação entre a Telecom Italia e a Vivendi no setor de mídia — disse Stephane Beyazian, analista da Raymond James em Londres. — A segunda é que Bolloré possa querer aumentar o ritmo dos cortes de custos na Telecom Italia, que não tem sido particularmente rápido até agora.

Procurado pela Bloomberg, um porta-voz da Vivendi preferiu não comentar sobre a estratégia da empresa na Itália. Representantes da Telecom Italia não estavam imediatamente disponíveis para comentar.

INÍCIO NA VENDA DA GVT

O envolvimento da Vivendi com a Telecom Italia começou pouco depois de Bolloré chegar à cúpula executiva, quando a empresa recebeu uma participação de 8% na operadora como parte da negociação para venda da brasileira GVT. Desde então, a Vivendi aumentou sua participação de forma constante e Bolloré e seus colaboradores assumiram um papel ainda maior nas operações da empresa italiana, disseram pessoas com conhecimento do assunto. Quatro diretores sugeridos pela Vivendi se uniram ao conselho da empresa, incluindo o diretor executivo Arnaud de Puyfontaine.

O campo de Bolloré está aberto para a venda da Tim Participações, unidade da Telecom Italia no Brasil, normalmente vista como uma galinha dos ovos de ouro, embora a turbulência política e a estagnação econômica do país mais populoso da América Latina tornem a operação improvável por enquanto, disseram as pessoas. A iniciativa de unir a divisão com a concorrente Oi, apoiada pelo investidor Mikhail Fridman, fracassou no mês passado e o bilionário russo culpou a resistência da Tim.

Ao escolher um substituto para Patuano, Bolloré está tentando equilibrar suas próprias preferências por uma ruptura com o governo do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que está empenhado em garantir que a Telecom Italia atualize sua infraestrutura e permaneça firmemente sob controle local.

Entre os candidatos que estão sendo fortemente considerados, segundo pessoas informadas sobre as deliberações, estão Flavio Cattaneo, que administra a operadora de ferrovias Nuovo Trasporto Viaggiatori e tem assentos nos conselhos da Generali e da Telecom Italia, e Luigi Gubitosi, ex-responsável pela operadora de telefonia celular Wind.


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