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Salto nas provisões derruba lucro do Banco do Brasil no 1º tri em 59,5%

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SÃO PAULO – O Banco do Brasil fechou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 2,359 bilhões, queda de 59,5% sobre os R$ 5,818 bilhões do mesmo período de 2015. O motivo para a drástica redução foi o aumento da provisão do banco relacionada ao segmento empresarial de óleo e gás, segundo informou a instituição. Na comparação com o último trimestre do ano passado, quando o banco lucrou R$ 2,512 bilhões, o resultado é 6,1% menor.

O banco estava entre os principais credores da Sete Brasil, empresa criada para fornecer sondas para a exploração do pré-sal, que entrou com pedido de recuperação judicial no fim de abril. Bradesco, Santander, Caixa e Itaú também relataram em seus balanços provisões vultuosas para o mesmo setor por conta do risco de calote da Sete Brasil.

— O resultado do trimestre é bastante atípico — resumiu José Maurício Pereira Coelho, vice presidente de Relações com Investidores, durante encontro com jornalistas, descartando que haja “no radar outro caso deste porte”.

Na base ajustada, o lucro do banco estatal somou R$ 1,286 bilhão no período, ante R$ 3,025 bilhões de um ano antes, queda motivada pelo mesmo aumento da provisão. A provisão para créditos de liquidação duvidosa atingiu R$ 9,145 bilhões de janeiro a março deste ano, um aumento de quase 62% sobre igual período de 2015 e de 30,8% na base sequencial.

Esse movimento se sobrepôs a maiores ganhos com crédito no período, refletido no spread (a diferença entre custo de captação e a taxa cobrada de clientes) que subiu pelo quarto trimestre seguido, chegando a 7,5%.

A carteira de crédito ampliada do BB fechou março em R$ 775,6 bilhões, aumento de apenas 2,3% em 12 meses e queda de 2,6% contra dezembro de 2015. Levando em conta apenas as modalidade de crédito às pessoas físicas, a carteira encerrou março com saldo de R$ 185,3 bilhões, alta de 1,5% no trimestre e de 8,8% em 12 meses. O destaque positivo em crédito foi o segmento imobiliário, com avanço de 22,6% em um ano. Em compensação, o estoque de empréstimos para empresas médias e pequenas teve contração de 9,3% na mesma base de comparação.

Perguntado sobre como vê a relevância da participação do Banco do Brasil no mercado de crédito no novo governo, Coelho, que preferiu não opinar a respeito da mudança política, disse que “assim como os outros bancos, somos muito importantes”.

— Temos 20% deste mercado e o crescimento da carteira está sempre alinhado ao crescimento do país — afirmou, completando que a projeção para o crescimento do crédito do BB neste ano está mantida e é entre 9% e 12%.

A qualidade da carteira de financiamentos da instituição piorou pelo quarto trimestre consecutivo, com o índice de inadimplência alcançando 2,6% no fim de março, ante 1,84% um ano antes e 2,24% em dezembro. O aumento da inadimplência levou o BB a elevar a estimativa de provisão para perdas com inadimplência em 2016 da faixa de 3,7% a 4,1% para entre 4% e 4,4% da carteira de crédito.

Apesar disso, o executivo garantiu que os níveis de inadimplência estão “sob controle”.

— Sobre a inadimplência, acreditamos que pode acontecer de haver mais uma subida, vai depender de quando a economia encontrar sua retomada. mas é natural que num cenário como o atual, que ela suba mais um pouco — comentou.

O saldo da carteira renegociada do banco chegou a R$ 22,038 bilhões no encerramento de março, ante R$ 10,183 bilhões um ano antes e R$ 19,653 bilhões no fim de 2015.

As receitas com tarifas totalizaram R$ 5,558 bilhões no primeiro trimestre, alta de 2,5% contra um ano antes. As despesas administrativas de janeiro a março somaram R$ 7,808 bilhões, avanço também de 2,5%. O BB também piorou a previsão para rentabilidade ajustada sobre o patrimônio líquido em 2016, de 11% a 14% para de 9% a 12%.

TROCA NO GOVERNO

Mesmo com a insistência dos repórteres, Coelho evitou comentar o impacto da mudança no governo no comando do banco.

— Para nós, executivos, o que cabe é conduzir a empresa no dia a dia. Não cabe a nós nenhum tipo de opinião ou comentário — afirmou.

Sobre a possibilidade de o banco ser privatizado, ele disse que “a nós cabe apenas esperar”.


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