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Oi tem prejuízo de R$ 5,3 bilhões em 2015, alta de 21,4% frente a 2014

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RIO – A Oi registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 5,3 bilhões no ano passado. O número é maior que as perdas de R$ 4,406 bilhões registradas em 2014. A estimava feita pela Bloomberg apontava prejuízo de R$ 1,638 bilhão para o ano. No quarto trimestre de 2015, a perda foi de R$ 4,5 bilhões, acima dos R$ 4,421 bilhões do mesmo período do ano anterior.

Segundo a companhia, o resultado foi impactado principalmente por ajustes contábeis (impairments) no total de R$ 3,1 bilhões. Desse valor, explicou a operadora, houve baixa de R$ 89 milhões sobre o valor justo da participação da Oi nos investimentos controlados na África, que reduziu o lucro operacional. Além disso, houve ajuste de impairment com uma perda de R$ 1,582 bilhão sobre o valor justo da participação da Oi nos investimentos não controlados em África, incluindo aqui a Unitel, que impactou a linha de resultado financeiro.

A Oi está na África por meio de uma participação na empresa chamada Africatel. A Africatel, por sua vez, tem uma subsidiária chamada PT Ventures, que tem ações da Unitel, a maior empresa de telefonia de Angola. A Unitel é controlada por Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola e tida, segundo a “Forbes”, como a mulher mais rica do continente.

De acordo com a operadora, houve ainda a provisão para perdas de Imposto de Renda Diferido, no montante de R$ 1,392 bilhão “para as empresas que não apresentaram expectativa de geração de lucros tributáveis futuros suficientes para compensar os créditos tributários”.

Além da Oi, outras empresas como Petrobras e Vale também sofreram com impairments.

A Oi destaca ainda que seu resultado foi afetado pela “deterioração das condições dos mercados financeiros no Brasil, com impacto significativo no aumento das taxas de juros”.

A operadora registrou uma geração de caixa operacional de rotina, medida pelo Ebitda, de R$ 7,230 bilhões. O número ficou acima do ano de 2014, quando registrou R$ 7,116 bilhões. A geração de caixa ficou ainda dentro intervalo do guidance (meta) de 2015 feito pela própria companhia, que oscilava entre R$ 7 bilhões e R$ 7,4 bilhões.

DÍVIDA LÍQUIDA

A dívida líquida da Oi, que já é um ponto de preocupação do mercado e da própria companhia, aumentou quase 25%. Passou de R$ 30,563 bilhões, ao fim de 2014, para R$ 38,155 bilhões, no fim de 2015. O avanço da dívida líquida ocorreu por conta do aumento da dívida bruta, que chegou a R$ 54,981 bilhões em 2015, um aumento de 65,1% em relação a dezembro de 2014 e de 2,5% na comparação com o trimestre anterior.

Segundo a empresa, isso ocorreu por vários fatores. A Oi destaca que o avanço ocorreu principalmente devido ao desembolso de US$ 632,5 milhões junto ao China Development Bank (CDB), sendo US$ 600 milhões com vencimento em 2020 e US$ 32,5 milhões com vencimento em 2025, como parte da linha total de crédito de US$ 1,2 bilhão negociada com o CDB no final de 2015.

“A transação visa o refinanciamento das dívidas e o financiamento de investimentos pela Oi a custos mais atraentes, contribuindo para a redução dos custos e o alongamento do prazo médio da dívida”, disse a empresa.

Houve ainda aumento dos gastos financeiros. Nesse caso, a Oi explica que essas despesas estão atreladas à consolidação dos resultados da PT International Finance (PTIF), após a conclusão da venda da PT Portugal em junho de 2015, e pelo ajuste de impairment, com uma perda de R$ 1,582 bilhões sobre o valor justo da participação da Oi nos investimentos não controlados em África, incluindo a Unitel. A operadora destacou ainda maior despesas com depósitos judiciais e Imposto de Renda.

Atualmente, resolver o seu nível de endividamento é uma das prioridades da Oi. Por isso, no mês passado, ela contratou a PJT Partners para buscar uma solução para seu nível de endividamento. Segundo fontes, a ideia é que a Oi proponha aos seus credores (brasileiros e estrangeiros) uma renegociação das dívidas com conversão em ações, que inclui uma redução de até 80%.

— Por isso, a consolidação com a TIM saiu do radar neste momento. O foco da empresa é resolver sua dívida — disse uma fonte.

AUMENTO DE PROVISÕES PARA DEVEDORES DUVIDOSOS

Com o fraco desempenho da economia e o aumento do nível do desemprego, a Oi fechou o ano de 2015 com um aumento de 67,2% em provisões para devedores duvidosos (PDD), que chegou a R$ 187 milhões. A Oi destacou que o “aumento do nível de PDD está relacionado à piora do quadro macroeconômico brasileiro que elevou a taxa de inadimplência dos consumidores na maioria dos setores da economia”.

Assim, a receita líquida de clientes do Brasil alcançou R$ 6,078 bilhões no último trimestre (-2,4% ante mesmo período do ano anterior), “refletindo a deterioração do cenário macro”. No ano, as receitas somaram R$ 27,354 bilhões, queda de 4,2% ante o ano anterior.

Por outro lado, a maior procura por internet móvel se refletiu no avanço das receitas de “mobilidade pessoal”. No quatro trimestre, houve alta de 1,2%, para R$ 1,830 bilhões, impulsionado pelo crescimento de 34,8% em receita de dados. Em 2015, a receita líquida chegou a R$ 7,166 bilhões, alta de 5,3%, devido ao aumento de 47,6% na receita de dados no ano. A fatia dos dados sobre a receita de serviços totais atingiu 37,1% no ano.

Porém, a Oi teve de renegociar seus contratos com os fornecedores para poupar. Com isso, conseguiu reduzir em 20,2% os seus investimentos no ano passado, chegando a R$ 4,048 bilhões. Houve, segundo a Oi, “foco em iniciativas de otimização de investimentos, como renegociações contratuais, compartilhamento de rede e implementação de projetos estruturantes para a modernização de infraestrutura”.

Com menos investimentos, o fluxo de caixa livre da Oi subiu no ano passado em R$ 1,644 bilhão, terminando o ano em R$ 3,182 bilhões.


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