Dólar sobe com BC e Fed e encosta nos R$ 3,70
SÃO PAULO – O dólar ganha força em escala global nesta quinta-feira e, internamente, os agentes do mercado de câmbio ainda reagem a uma nova atuação do Banco Central (BC). Às 14h23, a moeda americana era negociada a R$ 3,697 na compra e a R$ 3,699 na venda, uma alta de 1,42% ante o real – na máxima, já chegou a R$ 3,72. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registra valorização de 1,05%, aos 48.602 pontos.
— Além da questão da atuação do Banco Central, há um amadurecimento do investidor, que percebeu que é uma realidade a alta de juros nos Estados Unidos, mesmo que ela não ocorra agora. O dólar ganha força no mundo todo — explicou Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.
Na quarta-feira, após a divulgação da ata da última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed, o bc americano), o dólar perdeu força. No entanto, uma leitura mais detalhada do documento levou a conclusão de que o Fed está preparado para novas altas de juros nos EUA. Além disso, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, alertou que 2016 será um ano de desafios para a economia, o que fez aumentar a aversão ao risco. O dólar ganha força em relação a moedas consideradas fortes e de boa parte da de países emergentes. O “dollar index” tem leve alta de 0,05%.
Internamente, o BC conseguiu ofertar 8,5 mil dos 20mil contratos de swap cambial reverso, que possuem efeito de compra de moeda no mercado futuro, o que tende a pressionar as cotações. Além disso, está fazendo a rolagem apenas parcial dos contratos de swap tradicional, reduzindo sua exposição à divisa. Na quarta-feira, o dólar fechou em queda de 0,89%, a R$ 3,645.
O cenário político também segue no radar dos investidores, com atenção redobrada ao andamento do processo de impeachment na comissão especial da Câmara dos Deputados. “É inegável que o quadro de tensão interna está mexendo e formando preço dos ativos no cenário local. Ontem tivemos a leitura do relatório da comissão de impeachment da presidente Dilma Rousseff com posicionamento antagônico e beligerante por parte da oposição e situação. Há nítida discórdia nos três poderes, e isso certamente não serve para os ajustes na economia”, avaliou, em relatório, Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.
PETROBRAS SEGUE O PETRÓLEO
Na Bolsa, o índice sobe com a recuperação dos papéis da Petrobras. As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) da estatal sobem 1,05%, cotadas a R$ 7,66, e as ordinárias (ONs, com direito a voto) avançam 0,92%, a R$ 9,82. Esse movimento vai na contramão do mercado externo de petróleo. O barril do tipo Brent cai 2,46%, a US$ 38,86.
Essa recuperação da Petrobras, no entanto, é encarada como um ajuste, uma vez que na quarta-feira as ações caíram forte, refletindo o cenário político, com a indefinição sobre o impeachment. A alta de quase 5% no preço do petróleo no pregão anterior acabou não fazendo efeito na Bolsa brasileira.
O Ibovespa vai no sentido contrário das principais Bolsas no mundo. O Dow Jones cai 0,66% e o S&P 500 tem retração de 0,95%. Queda também na Europa, com o DAX, de Frankfurt, fechando com desvalorização de 0,98% e o CAC 40, da Bolsa de Paris, caindo 0,90%.