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Dólar fecha em queda de 2,21% com delação de Delcídio, a R$ 3,803

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SÃO PAULO – O vazamento de parte do teor da delação premiada do senador Delcídio Amaral (MS-PT) teve forte influencia nos mercados financeiros no Brasil nesta quinta-feira. O dólar fechou em seu menor patamar desde 10 de dezembro e a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu forte puxada pelo desempenho das estatais. A alta do Ibovespa foi de 5,12%, aos 47.193 pontos. Já a moeda americana encerrou o pregão cotada R$ 3,801 na compra e a R$ 3,803 na venda, um recuo de 2,21% ante o real.

— A delação do senador Delcídio está fazendo a Bolsa subir e o dólar cair. Isso corre porque há uma possibilidade maior de impeachment da presidente Dilma Rousseff — avaliou Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora.

O fator de maior influência no atual pregão foi a publicação de trechos da delação do senador petista, ainda não homologada e publicada no site da revista “IstoÉ”, que mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabia dos desvios na Petrobras e que a presidente Dilma teria atuado para soltar alguns dos investigados na Lava-Jato. O depoimento tem potencial de complicar ainda mais a situação do governo e analistas e operadores acreditam que cresce a probabilidade de um impeachment.

Na mínima, a moeda americana chegou a R$ 3,779. No exterior, o dólar perdeu força em meio a dados mais fracos da economia americana. No entanto, em ritmo menos intenso. O “dollar index”, calculado pela Bloomberg e que avalia o comportamento do dólar frente a uma cesta de dez moedas, registrava queda de 0,61% perto do horário de encerramento dos negócios de câmbio no Brasil.

Apesar dessa valorização dos ativos brasileiros, o analista chefe da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, afirma que é difícil falar em um movimento sustentável, já que há pouca clareza sobre o desenrolar dos acontecimentos políticos e os fundamentos econômicos continuam fracos.

— O que estamos vendo hoje é a influência da expectativa de agentes por conta do cenário político, da maior probabilidade de ocorrer alguma mudança. Mas é um cenário ainda muito complicado. As saídas são incertas. Mas essa expectativa sustenta a alta da Bolsa e fez o dólar cair — disse.

ESTATAIS EM FORTE ALTA

Assim como nas eleições de 2014, as ações de estatais subiram forte com a maior probabilidade, na visão de agentes dos mercados financeiros, de uma mudança de governo, que dessa vez seria por meio de um impeachment.

Em meio a esse cenário, as ações da Petrobras se destacaram. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) subiram 16,28%, cotados a R$ 6,57, e os ordinários avançaram 12,46%, a R$ 9,11. A recuperação ocorreu apesar da alta modesta do petróleo no mercado internacional. Perto do horário de encerramento dos negócios no Brasil, o barril do tipo Brent tinha alta de 0,62%, a US$ 37,16.

No caso da Eletrobras, a alta foi de 10,58% nas ordinárias e de 6,54% nas preferenciais. Banco do Brasil subiram 16,61%.

Esse desempenho das estatais acabou por contaminar outros setores. As ações preferenciais de Itaú Unibanco e Bradesco subiram, 9,88% e 8,92%. No caso da Vale, a alta foi de 10,96% nas preferenciais e 15,62% nas ordinárias.

SEM INFLUÊNCIA DO PIB

Apesar da forte queda do PIB, de 3,8%, o desempenho da economia brasileira veio dentro do esperado por analistas e economistas. Os analistas também repercutem a abertura de processo, no Supremo Tribunal Federal (STF), contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Do ponto de vista externo, a principal notícia foi a divulgação dos dados do mercado de trabalho americano. Os pedidos de seguro-desemprego na última semana subiram para 278 mil, ante 272 mil na semana anterior. A expectativa de analistas é que ficasse em 270 mil.

No exterior, os principais indicadores do mercado acionário europeu fecharam em queda. O DAX, de Frankfurt, fechou com recuo de 0,25%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, caiu 0,20%. Já o FTSE 100, de Londres, teve desvalorização de 0,27%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones tem leve alta de 0,26% e o S&P 500 sobe 0,35%.

Na Ásia, as Bolsas chinesas subiram pela terceira sessão seguida nesta quinta, ampliando os ganhos de 4% da sessão anterior, com os investidores aguardando pistas sobre a política econômica do encontro do Legislativo que começa no sábado.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,23%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,36%. O mercado tem se recuperado desde o anúncio pelo banco central, na segunda-feira, de injeção de liquidez no sistema bancário através do corte da taxa de compulsório.


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