Brasília Amapá |
Manaus

Dólar em alta vale R$ 3,22; na Bolsa, Kroton sobe e JBS recua

Compartilhe

RIO e SÃO PAULO – Depois de uma manhã volátil, o dólar comercial se mantém em alta frente ao real no último pregão da semana, embora tenha perdido força durante a tarde, refletindo a decisão do Banco Central de voltar a intervir no mercado. A divisa americana sobe 0,24%, negociada a R$ 3,22 na venda. Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 3,249 e na mínima recuou a R$ 3,198. No exterior, o dollar spot, que acompanha o desempenho da divisa frente a uma cesta de dez moedas, se desvaloriza 0,42%. Na Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações brasileiro, está em alta de 1,13% aos 52.108 pontos, seguindo as Bolsas do exterior, que também sobem nesta sexta. É o quarto dia consecutivo de alta.

— A Bolsa brasileira acompanha o exterior e as notícias corporativas, envolvendo Kroton, Estácio, JBs e Gol – explica Luiz Roberto Monteiro, operador de Bolsa da corretora Renascença.

As ações ordinárias da processadora de carne JBS apresentam a maior queda do pregão e se desvalorizam 5,00% a R$ 9,50. Uma operação da Polícia Federal, que faz parte da Lava Jato, fez buscas na casa do empresário Joesley Batista e investiga a Eldorado, empresa de papel e celulose do grupo J&F, controlador da JBS. O empresário Henrique Constantino, da família controladora da Gol, também foi alvo de busca e apreensão na operação. Os papéis preferenciais da companhia recuam 0,28% a R$ 3,44.

Já as ações ordinárias da Kroton apresentam alta de 5,07% a R$ 14,29 e estão entre as cinco maiores altas da Bolsa. O Conselho de Administração da Estácio Participações aceitou a proposta da gigante Kroton para uma fusão. O negócio foi fechado depois que a Kroton melhorou sua oferta de troca de ações durante essa madrugada, quando o conselho estava reunido. A fusão ainda depende da aprovação do Cade. Já as ações ON da Estácio avançam 2,00% a R$ 17,30.

Entre as ações de maior peso no Ibovespa, Vale PNA sobe 1,30% a R$ 13,21, com a alta no preço do minério no exterior. Já Petrobras PN tem ganho de 3,50% a R$ 9,75 refletindo a valorização do preço do petróleo no mercado internacional. Entre as ações de bancos, as preferenciais do Itaú Unibanco avançam 1,68% a R$ 30,81 enquanto os papéis PN do Bradesco sobem 1,62% a R$ 25,59.

BC VOLTA A INTERVIR NO CÂMBIO

Depois de um mês e meio, o Banco Central interveio no câmbio, nesta manhã, e ofertou dez mil contratos de swap cambial reverso, totalizando US$ 500 milhões. Trata-se de uma operação que equivale a uma compra de dólares no mercado futuro, o que evita uma depreciação maior da divisa americana. Foi a primeira intervenção feita na gestão do novo presidente do BC, Illan Goldfajn e todo o lote oferecido no leilão foi vendido. Em entrevista ao Valor Pro, o presidente do BC disse que pode “utilizar a janela de oportunidade do câmbio” para reduzir seu estoque de swaps cambiais.

— O mercado ficou decepcionado com a oferta de apenas 10 mil contratos de swap reverso, considerada pouco expressiva. Mas o dólar sobe com a sinalização de que, pelo menos agora, existe um piso informal de R$ 3,20. A entrevista do presidente do BC também contribui para a alta do dólar, já que o BC deverá aproveitar essa janela de dólar baixo para reduzir seu estoque de swaps. Agora à tarde, o mercado de câmbio perde força, já que na segunda-feira é feriado de 4 de julho nos EUA e os negócios se esvaziam – explica João Paulo de Gracia Corrêa, superintendente de câmbio da corretora SLW.

O dólar se desvalorizou 11% em junho, a maior queda percentual em um mês desde abril de 2003. Depois das primeiras declarações de Goldfajn dizendo que o ‘câmbio é flutuante’, o mercado interpretou que não haveria piso para a moeda. No entanto, um dólar muito baixo prejudica as exportações brasileiras.

O mercado testou um dólar abaixo de R$ 3,20 nesta quinta. Na mínima do dia, a divisa operou a R$ 3,18, mas acabou fechando a R$ 3,21. Após o fechamento do mercado, o BC anunciou o leilão de swap reverso.

Mesmo assim, para analistas, a tendência da moeda americana é de baixa frente ao real. Com o clima político mais favorável e uma possível consolidação do ‘impeachment’ da presidente Dilma Rousseff, a manutenção da elevada taxa de juros (14,25% ao ano) que atrai recursos de estrangeiros e o aumento de liquidez feito pelos principais bancos centrais do mundo após o ‘Brexit‘ a expectativa é de um dólar mais baixo por aqui.

Em nota divulgada nesta sexta, a Abimaq, associação que representa os fabricantes de máquinas, afirma que uma taxa de câmbio abaixo de R$ 3,8 coloca em risco “o início de recuperação da economia, desestimula o setor produtivo a brigar no mercado externo e elimina o único drive disponível no curto e médio prazo para voltarmos a crescer”.

No pregão de quinta-feira, a divisa apresentou desvalorização de 0,74%, cotada a R$ 3,21 na venda, o menor nível desde 21 de julho do ano passado, quando fechou negociado a R$ 3,174. No primeiro semestre, a queda do dólar frente ao real foi de 18,6%

BOLSAS NO EXTERIOR EM ALTA

No exterior, os principais pregões europeus fecharam em alta, com os investidores digerindo o discurso do presidente do Banco da Inglaterra (BoE) de que novas medidas de estímulo monetário podem ser anunciadas nos próximos meses. Após o forte impacto do “Brexit”, as bolsas da região retomam a força com a ação coordenada de bancos centrais do Japão, Inglaterra, Suíça em injetar liquidez no sistema. A expectativa de adiamento da alta de juros nos EUA até dezembro também traz ânimo.

“Há a sensação de que os emergentes ficaram baratos para os desenvolvidos e isso pode ampliar o fluxo de recursos”, escreve em relatório o economista Álvaro Bandeira, do home broker Modalmais.

Em Londres, a bolsa subiu 1,13%, em Frankfurt a alta foi de 0,99% e em Paris o pregão avançou 0,86%. O índice Eurostoxx, referência do mercado europeu, subiu 0,64%. Nos Estados Unidos, os principais índices também sobem, embora tenham perdido força em relação ao período da manhã: o Dow Jones avança 0,06%, o Nasdaq se valoriza 0,46% e o S&P 500 tem alta de 0,16%.

Na Ásia, a Bolsa de Tóquio fechou com ganhos de 0,68% e em Xangai, na China, as ações subiram 1,75%.


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7