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Com menor aversão ao risco, dólar é negociado abaixo de R$ 3,60

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SÃO PAULO – Após uma manhã marcada pela forte volatilidade, a aversão ao risco arrefeceu e o dólar comercial voltou a operar em terreno negativo. Às 14h33, a moeda americana operava em queda de 0,52% ante o real, cotado a R$ 3,589 na compra e a R$ 3,591 na venda – na máxima a divisa chegou a R$ 3,653. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) cai apenas 0,14%, aos 51.102 pontos. Os desdobramentos da operação Lava-Jato fazem com que os investidores se mantenham atentos ao cenário político.

Pressionaram os negócios na abertura dos negócios os atentados terroristas em Bruxelas e a nova atuação do Banco Central no mercado de câmbio. No entanto, após o meio-dia, essa pressão começou a se dissipar. Os investidores repercutem também as declarações do presidente do BC, Alexandre Tombini, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, onde afirmou que não há discussões para a flexibilização da política monetária.

Pela manhã, o BC fez pelo segundo dia consecutivo um leilão de “swap cambial reverso”, que tem como efeito a venda da moeda no mercado futuro e por isso há uma pressão de alta sobre as cotações. Dos 14,5 mil contratos ofertados, foram vendidos 10 mil, em um valor equivalente a US$ 495 milhões. Na operação do dia anterior, foram vendidos dos 5,5 mil dos 20 mil contratos ofertados, o equivalente a US$ 272,7 milhões. A autoridade monetária não realizava esse tipo de operação há três anos.

Já em relação ao ambiente político, as discussões sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff continuam no radar de investidores e analistas. “Na esfera política, Lula desembarca em Brasília para liderar a força-tarefa contra o impeachment, mas parece que nas últimas semanas tem ficado mais difícil o apoio dos aliados a presidente Dilma Rousseff”, afirmou, em relatório a clientes, Jefferson Luiz Rugik, analista da Correparti Corretora de Câmbio.

Na segunda-feira, a a moeda americana interrompeu uma sequência de três quedas consecutivas e fechou com valorização de 0,75%, a R$ 3,61.

BOLSAS EUROPEIAS CAEM COM ATENTADO

No exterior, o “dollar index”, calculado pela Bloomberg, opera em alta de 0,40%, influenciado pela maior aversão ao risco global após os atentados no aeroporto e metrô de Bruxelas.

No mercado acionário, os principais índices, após perdas no início dos negócios, reverteram a tendência e, na Europa, encerraram o pregão em alta mesmo com os atentados. O DAX, de Frankfurt, subiu 0,42%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, teve pequena variação positiva de 0,09%. O FTSE 100, de Londres, registrou elevação de 0,13%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones tem pequena variação positiva e o S&P 500 tem leve alta de 0,18%.

PETROBRAS CAI APÓS BALANÇO

A recuperação dos preços do petróleo ajudou na melhora da aversão ao risco. O barril do tipo Brent tem alta de 0,24%, a US$ 41,64. Com isso, as ações da Petrobras voltaram ao terreno positivo, após perdas expressivas pela manhã – segunda-feira à noite, a estatal divulgou que registrou prejuízo de R$ 34,8 bilhões em 2015. As ações preferenciais da petrolífera (PNs, sem direito a voto) recuam 0,37%, cotadas a R$ 8,03, e as ordinárias (ONs, com direito a voto) avançam 1,17%, a R$ 10,37.

Devido ao prejuízo, o segundo consecutivo, a estatal não irá distribuir dividendos. Com isso, as preferenciais têm uma recuperação mais lenta – é essa categoria de papel que tem prioridade na distribuição de proventos aos acionistas.

— Quem estava exercendo maior pressão era a Petrobras. O resultado foi ruim, mas alguns analistas apontam uma melhora para os próximos trimestres — disse Luis Gustavo Pereira, analista chefe da Guide Investimentos, acrescentando que a nova fase da operação Lava-Jato reforçam as expectativas de mudanças no campo político.

Apesar do prejuízo bilionário, o Morgan Stanley elevou a recomendação das ações da estatal para em linha com o mercado. Já o UBS acredita que o câmbio e a redução dos investimentos vão melhorar os resultados da estatal.

No caso da Vale, as preferenciais têm alta de 1,25% e as ordinárias avançam 2,50%. A maior alta entre os papéis do Ibovespa, no entanto, ocorre nas ações da Gol, que sobem 18,77%.

Analistas veem com cautela a perspectiva de um novo ciclo de alta na Bolsa. Isso porque, apesar da maior probabilidade de um impeachment, o processo pode não ser tão rápido. Por outro lado, há uma redução dos juros no mercado futuro, o que tende a beneficiar os negócios com renda variável.


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