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Bovespa sobe 1% e dólar apaga alta com trégua no ‘Brexit’

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RIO – A percepção de que diminuíram as chances de o Reino Unido deixar a União Europeia, somada à interrupção das campanhas do referendo sobre o “Brexit” após o assassinato de uma parlamentar britânica pró-permanência, proporcionou trégua aos mercados globais nesta quinta-feira. As ações americanas fecharam em alta após cinco quedas seguidas, enquanto as Bolsas europeias reduziram as perdas antes de fecharem. No mercado local, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou o movimento e encerrou em alta de 1,02%, recuperando-se de uma desvalorização de até 1,73% durante o pregão. No câmbio, o dólar comercial deixou de subir e fechou praticamente estável (elevação de apenas 0,08%), cotado a R$ 3,471 na venda. Mais cedo, a moeda chegara a avançar a R$ 3,512.

Faz duas semanas que o “Brexit”, a ser decidido em referendo no dia 23, tem causado perdas nos mercados acionários de todo o mundo, com os investidores temendo os prejuízos que uma eventual saída britânica da UE pode provocar. A preocupação aumentava conforme as pesquisas de opinião demonstravam probabilidade maior de vitória daqueles que querem a saída. Mas hoje, segundo os números compilados pelo site de apostas Oddschecker, essa probabilidade caiu de 44% para 38% em algumas horas.

— As pesquisas sobre o referendo continuam bastante equilibradas, então qualquer notícia acaba mexendo com o mercados. Hoje, também houve o atentado, que, na margem, pode ter algum efeito favorável a permanência na UE, já que apresenta uma narrativa clara de que os vilões são os que querem a saída — analisou Paulo Gomes, economista-chefe da Azimut.

Gomes referiu-se ao assassinato da deputada britânica Jo Cox, que baleada e esfaqueada nesta quinta-feira na cidade de Birstall, perto de Leeds. Um suspeito foi preso. As autoridades não confirmaram relatos de que o agressor teria gritado “Reino Unido antes”, em possível referência ao referendo pela saída da União Europeia (UE) ou a um partido de extrema-direita britânico. Após o ataque, atos de campanha do referendo foram suspensos. Durante sua carreira, Cox, do partido Trabalhista, se posicionou favoravelmente a uma maior integração com o restante da Europa.

— O mercado internacional como um todo melhorou à tarde, embora o clima ainda seja de cautela. O “Brexit” continua fazendo muito preço. Uma notícia positiva foi o editorial do “Financial Times” apoiando com veemência a permanência na União Europeia — acrescentou Hersz Ferman, da corretora Elite.

Ontem, o dólar comercial havia caído após decisão do Federal Reserve (Fed), banco central americano, de manter os juros no atual patamar (entre 0,25% e 0,50% ao ano). O bom humor com essa decisão compensou a cautela dos investidores com a delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, que citou o presidente interino, Michel Temer, afirmando que ele pediu doações para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012. Temer negou as acusações.

— O mercado local também pode ter começado o dia um pouco preocupado com as notícias sobre o Temer. Mas depois viu-se que a questão não evoluiu, o que pode explicar um pouca a melhora durante a tarde — comentou Paulo Gomes, da Azimut.

Lá fora, antes de todas as notícias sobre o “Brexit”, também havia despertado cautela a decisão do banco central japonês de não oferecer mais estímulo monetário apesar da inflação e do crescimento mundial fracos. Embora a decisão fosse esperada, ela levou o iene à máxima em dois anos, dificultando ainda mais a recuperação econômica japonesa.

Na Europa, o índice de referência Euro Stoxx 50 caiu 0,39%, enquanto a Bolsa de Londres teve baixa de 0,27%. Em Paris, a perda foi de 0,45%, e em Frankfurt, de 0,59%. Em Wall Street, o Dow Jones subiu 0,53%, enquanto o S&P 500 avançou 0,31%. O Nasdaq teve alta de 0,21%.

Na Bolsa brasileira, puxaram para cima o Ibovespa as altas de Itaú Unibanco (1,83%), Bradesco (1,5%), Ambev (1,03%) e Embraer (4,95%). A Petrobras teve desempenho misto, avançando 1,22% na ação ON mas caindo 0,12% na PN.

Na ponta contrária ficou a JBS, que caiu 2,66% depois de ter sido citada na delação premiada de Sérgio Machado.


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