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Ação do BB despenca 4% com anúncio de saque ao Fundo Soberano

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RIO – As ações ordinárias (com direito a voto) do Banco do Brasil passaram a despencar no fim da manhã desta terça-feira, depois de o presidente interino Michel Temer anunciar o saque aos recursos do Fundo Soberano para aliviar a situação fiscal do governo federal. Segundo seu último relatório de administração, referente ao segundo semestre de 2015, 7,84% da carteira do Fundo estão aplicados nos papéis do banco estatal, em um total de R$ 1,55 bilhões. Como o Tesouro terá que vender esses papéis no mercado para embolsar o dinheiro, os investidores antecipam uma desvalorização e as ações caem — embora o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tenha dito que a venda será feita com cuidado para preservar o preço do ativo. O Banco do Brasil ON, que chegou a subir 3,79% pela manhã, agora despenca 4,26%, valendo R$ 16,16. O volume de negociação com o papel na Bolsa está 213% maior que a média dos últimos 20 pregões.

A ação do BB tem peso de cerca de 2,4% no principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), e seu tombo acabou esfriando a valorização da Bolsa. O índice Ibovespa agora sobe 0,46%, aos 49.557 pontos, após ter registrado sete quedas consecutivas.

— Não há dúvida de que qualquer processo de venda de ativos tem que levar em conta a evolução dos preços e a demanda por esses ativos. Sobre o Fundo Soberano, a decisão é imediata, mas o processo de venda das ações vai ser cuidadosamente avaliado de maneira a não criar movimentos bruscos no preço das ações — ponderou Meirelles, em entrevista a jornalistas em Brasília.

No câmbio, o dólar comercial opera em baixa de 0,94% nesta terça-feira, sendo negociado a R$ 3,549 na venda. O câmbio devolve parte da alta da moeda americana na segunda-feira, quando ela saltou 1,81% ante o real, encerrando a R$ 3,582 na venda, maior valor de fechamento desde 18 de abril (R$ 3,598). Contribuiu para a valorização do dólar ontem a divulgação da gravação de uma conversa de Romero Jucá que sugere um “pacto” para conter a Lava Jato. Ontem mesmo, Jucá foi exonerado do cargo de ministro do Planejamento, e os investidores continuam monitorando hoje a repercussão do caso

Na Bolsa, a Petrobras ON sobe 2,53% (R$ 11,32), enquanto a PN avança 2,94% (R$ 8,75). Na Vale, a alta é de 1,10% (ON, por R$ 14,60) e 1,91% (PN série A, valendo R$ 11,72).

Entre os bancos, setor de maior peso no Ibovespa, os outros bancos passaram a cair com o tombo do BB. O Bradesco PN agora desvaloriza-se em 0,53% (R$ 24,32). O Itaú Unibanco PN tem baixa de 0,06% (R$ 30,17). A unit do Santander, porém, ganha 0,11% (R$ 18,05).

Nos mercados europeus, a valorização do dólar frente ao euro impulsiona as ações, com os investidores apostando cada vez mais que os juros americanos voltarão a ser elevados em junho. Essa percepção já havia se consolidado na semana passada, com a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano). Ontem, declarações de dois membros do Fed reforçaram o movimento. O dólar sobe 0,18% em escala global contra uma cesta de dez moedas.

O presidente do Fed de Filadélfia, Patrick Harker, afirmou na noite de segunda que ele é capaz de antever de duas a três altas do juros ainda este ano e que, se a economia americana demonstrar força suficiente, uma elevação já em junho seria apropriada. A declaração foi similar à do presidente do Fed de São Francisco, John Williams, também ontem.

O índice de referência do continente europeu, o Euro Stoxx 50, sobe 1,76%, enquanto a Bolsa de Londres sobe 0,94%. Em Paris, a valorização é de 1,69%. Em Frankfurt, de 1,56%.


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