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Walesa diz que documentos que provariam colaboração com o regime comunista foram forjados

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VARSÓVIA — O Instituto de Memória Nacional divulgou nesta segunda-feira as centenas de documentos que atestariam o vínculo do ex-presidente e líder do movimento Solidariedade com o regime soviético que dominava o país nos anos 1970. Ele teria servido às autoridades soviéticas como informante comunista pago sob o codinome de “Bolek”, entre 1970 e 1976 — período em que liderava protestos trabalhistas no estaleiro Gdansk. Nobel da Paz de 1983, Walesa negou as acusações e alegou, em uma rede social polonesa, que os documentos foram forjados.

— Eu perdi. Mas perdi apenas porque quase todos acreditaram que houve qualquer colaboração traiçoeira de minha parte, mesmo que fosse ocasional e curta, com o serviço de segurança 46 anos atrás. Pelo menos, por agora, estou devastado. Obrigado. Eu não traí vocês. Vocês me traíram — declarou, em seu blog.

Os documentos estavam na casa do ex-ministro do Interior general Czeslaw Kiszczak, braço-direito do ex-ditador comunista polonês Wojciech Jaruzelski. Entre eles, uma carta do general, datada de abril de 1996, para um funcionário do Arquivo Central da Polônia, na qual ele explicava que havia retido os documentos para que não fossem usados contra Walesa e contra o movimento Solidariedade, tanto pelo governo comunista quanto por seus oponentes políticos depois de 1989. Kiszczak, que morreu em novembro passado, pedia que o arquivo só viesse a público cinco anos após a morte do ex-presidente.

A viúva do general, Maria Kiszczak, tentou vender os papéis para o instituto por US$ 27 mil (R$ 108 mil). Depois, disse a jornalistas que “foi um erro” porque “não havia lido o recado do marido”.

O arquivo inclui também um contrato firmado a próprio punho, assinado por “Lech Walesa, Bolek”, para colaboração com o serviço de seguranaça Estatal, um registro de pagamento e um depoimento de outros informantes comunistas sobre Walesa — nenhum deles passou pela análise de um especialista em caligrafia para determinar se as assinaturas, inclusive a do ex-presidente, são autênticas. O Instituto de Memória Nacional, que autorizou jornalistas a examinar centenas de cópias das páginas, não fez nenhuma afirmação sobre a autenticidade dos documentos.

O presidente do arquivo, Lukasz Kaminski, disse em coletiva de imprensa, no último sábado, que queria “acabar com as especulações sobre o conteúdo dos documentos”. Ainda assim, analistas poloneses, incluindo ativistas do Solidariedade, acusaram uma decisão “política e controversa” de Kaminski.

Lech Walesa, de 72 anos, foi declarado inocente em acusações semelhantes em 2000. Ele enfrenta as denúncias de que seria informante do regime comunista há mais de 20 anos.


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