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Testemunha cita Cristina em corrupção

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BUENOS AIRES — A imprensa argentina divulgou nesta quinta-feira a declaração completa de Leonardo Fariña, preso envolvido no caso que investiga o empresário kichnerista Lázaro Báez por lavagem de dinheiro. Fariña, que está há mais de um ano na prisão e hoje se beneficia de um programa de proteção de testemunhas, prestou depoimento em 8 de abril quando declarou, por 12 horas, em troca de benefícios judiciais. No relato, de 85 páginas, ele salientou a relação de amizade entre Báez e o ex-presidente Néstor Kirchner, marido de Cristina, morto em 2010. Segundo Fariña, Báez revelou que parte do dinheiro enviado para o exterior pertencia a Néstor. A ex-presidente, no entanto, não tinha conhecimento das operações e Báez mereceu até uma chamada de atenção por parte dela.

Para sustentar sua declaração, Fariña não economizou detalhes das conversas privadas com Báez, com quem trabalhava na época que pertencia à Austral Construcciones, em supostas operações de lavagem e envio de dinheiro:

“Báez me recebeu sozinho e me contou que acabara de falar com a chefa, que é Cristina Kirchner, e que ela lhe havia perguntado se ele estava mandando dinheiro ao exterior, porque a Embaixada dos Estados Unidos lhe havia comunicado isso. Ele me disse que respondeu que não, de maneira nenhuma, mas me pediu para sermos mais prudentes”, contou Fariña ao juiz.

Báez era caixa do Banco Provincia quando conheceu Néstor, então prefeito de Río Gallegos, no fim da década de 1980. Desde então, o bancário enriqueceu de maneira veloz, chegando a ganhar US$ 800 milhões em contratos públicos em apenas dez anos.

O problema com o casal Kirchner, de acordo com o depoimento de Fariña, foi que Báez não dividiu todos os lucros com seu mentor, e decidiu ficar com parte do dinheiro.

“A realidade é que, diferentemente de outros empresários, Lázaro guardava parte do dinheiro de Néstor Kirchner proveniente dos negócios. Quando Néstor morreu, Cristina não estava ciente de tudo que Báez tinha. Isso ele me contou como contava a um monte de pessoas”, afirmou Fariña.

Ruptura após morte de Néstor

O testemunho teve consequências judiciais imediatas. Antes que o ex-preso terminasse a delação, o promotor Guillermo Marijuan pediu a acusação formal de Cristina Kirchner, do ex-ministro de Planejamento Julio De Vido — encarregado das obras públicas — e de mais 13 pessoas. As investigações contra Báez começaram durante o kirchnerismo, mas a passos lentos. Com a chegada de Mauricio Macri à Presidência, em dezembro do ano passado, o processo ganhou velocidade surpreendente, até que Báez foi preso. Agora, o juiz Sebastián Casanello deve decidir se o novo testemunho é suficiente para envolver a ex-presidente.

Segundo o depoimento, o envio de dinheiro ao exterior foi feito logo depois da morte de Néstor, em parte para esconder da então presidente a fortuna acumulada: “Ela, junto com seu filho (Máximo Kirchner), foi atingindo os empresários mais emblemáticos amigos do marido, reclamando o que teoricamente era dele. E daí vem o curto-circuito entre Lázaro Báez e Cristina Kirchner”.

Fariña disse ainda que Báez afirmava textualmente: “Néstor era meu amigo desde sempre. Ela não”.


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