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Testamento de Bin Laden deixa dinheiro para jihad

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WASHINGTON — Poucos dias antes de ser morto pelas forças especiais no Paquistão em 2011, Osama bin Laden tinha planos ambiciosos para os próximos meses: uma nova onda de ataques aos Estados Unidos e uma campanha de vídeos de propaganda. É isso que revelam documentos divulgados pelas autoridades americanas nesta terça-feira, incluindo outra carta escrita pelo ex-líder da al-Qaeda no fim dos anos 1990. O documento — que é considerado seu testamento final para autoridades americanas — mostra a pretensão de Bin Laden em destinar grande parte da sua fortuna de US$ 29 milhões no Sudão à jihad.

Os documentos de 2011 mostram que Bin Laden e seus assessores planejavam uma campanha para celebrar o décimo aniversário dos atentados a Nova York e Washington em 11 de setembro de 2001. Junto com outros militantes, ele defendeu que novos ataques ambiciosos fossem realizados no território norte-americano.

Em uma carta à comunidade islâmica, aparentemente escrita em 2010, ele ainda ridicularizou o presidente americano Barack Obama por não ter conseguido pôr fim à guerra no Afeganistão — além de prever o futuro fracasso do governo americano em terminar os conflitos entre israelenses e palestinos.

“Acreditaram que a guerra seria fácil e que cumpririam a tarefa em poucos dias ou semanas. Não estavam preparados econômicamente para isso e não tem apoio popular para uma guerra que dure uma década ou mais. Os filhos do islã resistiram e impediram que eles cumprissem seus planos e objetivos”, escreveu.

Entre os 113 documentos apreendidos pelos militares americanos, há também uma nota manuscrita que determina como o militante saudita queria distribuir este dinheiro. Cerca de 1% do montante, escreveu Bin Laden, deveria ser destinado a Mahfouz Ould al-Walid, militante veterano da al-Qaeda que usava o pseudônimo Abu Hafs al Mauritani.

“Por sinal, ele já recebeu entre US$ 20 mil e 30 mil disso”, escreveu Bin Laden sobre al-Walid. “Prometi a ele que iria recompensá-lo se ele tirasse o dinheiro do governo sudanês.”

Outro 1% da soma deveria ser dado a um segundo associado, o engenheiro Abu Ibrahim al-Iraqi Sa’ad, em recompensa pela sua ajuda em criar a primeira empresa de Bin Laden no Sudão. Ele viveu no país durante cinco anos como convidado oficial, até que o então governo fundamentalista islâmico, sob pressão dos EUA, pediu que o militante deixasse o país em maio de 1996.

O militante também exortou seus parentes mais próximos a usar o restante dos fundos pem apoio à guerra santa:

“Espero que meus irmãos, minhas irmãs e minhas tias maternas obedeçam meu desejo e gastem todo o dinheiro que me sobrou no Sudão na jihad, em nome de Alá”, escreveu o terrorista.

Em tom melancólico, Bin Laden ainda destinou umas das suas cartas a um pedido de orações pela sua alma.

“Se conseguirem me matar, orem muito por mim e dêem muito dinheiro a organizações de caridade em meu nome, pois precisarei de muito apoio para chegar ao meu lar eterno”, escreveu.


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