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Sem comprovar dados, autores pedem que estudo sobre hidroxicloroquina publicado em revista britânica seja excluído

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Europa – Três autores do controverso estudo sobre o uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19, publicado pela revista britânica Lancet, pediram nesta quinta-feira que o artigo seja excluído.

“Não podemos mais garantir a veracidade das fontes dos dados primários”, afirmam os autores em documento encaminhado à própria Lancet. 

O estudo, feito com 96 mil pacientes com Covid-19, recebeu uma série de críticas de pesquisadores que apontaram falhas metodológicas e éticas na pesquisa. Segundo o artigo publicado pela revista, a hidroxicloroquina é apontada como a causadora de maior mortalidade entre os infectados pelo novo coronavírus.

O estudo embasou a decisão da OMS de suspender os testes clínicos com a droga. Ontem, como noticiamos, a entidade anunciou que retomaria os testes com hidroxicloroquina para o tratamento da doença, no âmbito de um ensaio clínico global denominado projeto Solidariedade.

“Sempre desejamos realizar nossa pesquisa de acordo com as mais altas diretrizes éticas e profissionais. Nunca podemos nos esquecer da responsabilidade que temos, como pesquisadores, de garantir escrupulosamente que nós nos calçamos em bases de dados que aderem aos nossos altos padrões. Com base nesse desenvolvimento, não podemos mais garantir a veracidade das fontes de dados primárias. Devido a esse desenvolvimento infeliz, os autores solicitam a retirada do artigo”, escreveram Mandeep Mehra, Frank Ruschitza e Amit Patel.

“Todos nós entramos nessa colaboração para contribuir de boa fé e em um momento de grande necessidade durante a pandemia de covid-19. Lamentamos profundamente a vocês, editores e leitores da revista, por qualquer constrangimento ou inconveniência que isso possa ter causado.”

Também na quarta-feira, uma reportagem do jornal britânico The Guardian questionou a idoneidade da empresa americana Surgisphere, fornecedora dos dados para o estudo publicado pela The Lancet.

Um outro estudo, liderado por pesquisadores da Universidade de Minnesota (EUA) e do Canadá, mostrou que a hidroxicloroquina não impediu que pessoas expostas a pacientes infectados pelo novo coronavírus contraíssem a Covid-19. Segundo o The New York Times, este foi o primeiro ensaio clínico controlado envolvendo a hidroxicloroquina. Ao todo, 821 pessoas que tiveram grande contato com pacientes infectados pelo vírus participaram do estudo – que, como registramos ontem, também tem alguns problemas metodológicos.

Fonte: O Antagonista. 


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