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‘Houve falhas de segurança naquela noite em Benghazi’, conta autor

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RIO – Foram 13 horas de tensão praticamente desconhecidas por grande parte da população americana — que concentrou as atenções na morte do embaixador Chris Stevens durante o ataque ao complexo diplomático dos EUA em Benghazi, na Líbia, em 2012. Mas, naquele 11 de setembro, uma equipe de seis soldados evitou que a tragédia fosse maior, defendendo durante a madrugada o anexo ao lado do posto, onde trabalhava uma equipe da CIA. O escritor Mitchell Zuckoff escolheu este ponto de vista para recontar os eventos em “13 horas — Os soldados secretos de Benghazi” (Bertrand Brasil), que até hoje ecoam na política americana com a pré-candidatura de Hillary Clinton, secretária de Estado à época.

Por que escrever sobre o aconteceu tantos anos depois?

Tanto foi dito e escrito sobre Benghazi que o episódio se tornou um jogo político. Mas o que as pessoas não sabiam era o que aconteceu no terreno. Quando eu tive a oportunidade de trabalhar com os caras que estavam de fato lá, que lutaram durante toda aquela noite, me pareceu uma oportunidade de contar o que realmente aconteceu, não a política por trás daquilo, mas a verdade sobre a linha de frente.

Um dos personagens mais criticados é “Bob”, chefe da CIA ali à época. Por que não identificá-lo?

Ele construiu toda sua carreira como funcionário da Inteligência americana, muitas vezes arriscando a própria pele. Para mim, não haveria qualquer propósito em revelar sua identidade.

O livro expõe a grande vulnerabilidade do complexo diplomático. Mas, no prólogo, o senhor deixa claro que não quer apontar culpados. Não foram apontados culpados?

É uma pergunta muito justa e a resposta é simplesmente sim. Mas quero deixar claro que aqueles erros ocorreram antes de o ataque acontecer. Não sou o único a dizer isso. Há um relatório do Departamento de Estado dos EUA que chega a conclusões parecidas e a secretária de Estado à época, Hillary Clinton, assumiu a responsabilidade. Acho que é uma conclusão justa do livro, de que houve falhas de segurança antes dos eventos daquela noite.

O senhor acredita que haverá algum impacto na pré-candidatura de Hillary Clinton?

Aprendi a não especular. Certamente Hillary está no livro porque estava envolvida naquela noite e falou sobre o que aconteceu depois. Mas o livro não é político.

Uma das versões mais divulgados após o ataque é que ele teria sido motivado pela exibição de um filme satírico sobre o profeta Maomé. O livro questiona essa versão…

Claramente havia muita coisa acontecendo naqueles dias. Houve protestos no Cairo, na Tunísia e em outros lugares. Mas não havia protestos em Benghazi. Ao mesmo tempo, posso entender que demora um tempo para as coisas ficarem claras. O objetivo do meu livro é tentar ajudar a esclarecer o que aconteceu.


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