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Hillary continua favorita, mas terá que enfrentar ataque duplo

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WASHINGTON – Contrariando os prognósticos, a disputa republicana terminou antes da democrata. Apesar da derrota em Indiana na terça-feira, a candidatura de Hillary Clinton está praticamente assegurada. Mas a ex-secretária de Estado agora terá de enfrentar um desafio duplo: responder aos ataques de Donald Trump, já na qualidade de candidato, e ao mesmo tempo não descuidar das investidas de Bernie Sanders, fortalecido com a inesperada vitória na primária desta semana.

Nenhum analista acredita que Sanders conseguirá vencer a disputa pela nomeação entre os democratas — ele precisaria conquistar mais de 80% dos delegados restantes. Mas sua campanha, que segundo o senador vai até o final das prévias, no dia 14 de junho, pode afetar a imagem de Hillary. Michael Barone, analista político e pesquisador do American Enterprise Institute, lembra que, se as regras republicanas de distribuição de delegados fossem aplicadas ao partido de Barack Obama, Hillary já teria sua nomeação garantida numericamente. Mas afirma que o contínuo ataque de Sanders pode criar problemas junto ao eleitorado jovem, que até agora votou de 65% a 85% com o senador.

— Ela pode ficar com a imagem de desonesta ou de alguém que não é confiável, o que certamente não ajuda — disse, lembrando que Hillary, em geral, se saiu pior nos caucus (reuniões de eleitores), o que indica que seu apoio não é tão forte quanto o imaginado. — Estes ataques podem desmotivar as pessoas a votarem nela na eleição geral.

13 pontos à frente de Trump

Hillary conquistou 47,3% dos votos de Indiana, contra 52,7% de Sanders. Na contagem dos delegados, segundo o “New York Times”, ele conquistou apenas seis delegados a mais que a ex-primeira-dama, que ainda tem uma vantagem de 290 delegados definidos em prévias. Contando os superdelegados — que podem votar livremente na convenção — a vantagem é de 773, e ela precisa de apenas 160 dos 1.114 totais que seguem na disputa, ou seja, 14% do total. Como no partido a distribuição é proporcional, Hillary consegue delegados mesmo quando seu oponente vence. E disputas acirradas, como a de Indiana, distribuem quase a mesma quantidade aos dois postulantes.

Apesar disso, a vitória de Sanders renova seu discurso, depois de perder em cinco das seis primárias disputadas nas últimas duas semanas. Sua equipe classificou a vitória de terça-feira como “histórica”, indicando que o ânimo do senador foi renovado e que ele não deve desistir.

Em entrevista à CNN, Hillary afirmou que ainda precisa vencer internamente e que respeita Sanders, apesar de salientar ter três milhões de votos a mais que seu oponente na legenda. Sobre Trump, disse que vai continuar fazendo sua campanha propositiva à Presidência:

— Ele é um canhão descontrolado, e canhões descontrolados tendem a errar o alvo. Eu não acho que podemos assumir um risco como Donald Trump governando nosso país.

Trump voltou a carga e disse, também à CNN, que Hillary é “investigada pelo FBI” (a polícia federal dos EUA), por causa do caso de uso de sua conta de e-mail pessoal para mensagens sigilosas do Departamento de Estado. No passado, ele já criticara inclusive aspectos pessoais da vida da democrata, como ela ter perdoado a traição de seu marido, o ex-presidente Bill Clinton.

Hillary teve boas notícias ontem. Uma pesquisa da CNN apontou que ela teria 13 pontos de vantagem sobre Trump na eleição nacional: 54% a 41%. Já o “New York Times”, levando em conta as últimas pesquisas estaduais, apontou que a pré-candidata teria 347 votos do Colégio Eleitoral — que de fato elege o presidente — contra 191 de Trump. São necessários 270 para chegar à Casa Branca.

— Mas esta é uma eleição em que não se pode dizer: “Ah, estas coisas nunca acontecem” — disse Barone, que reconheceu que o pleito é o mais imprevisível desde 1992, quando, em junho, Bill Clinton estava em terceiro lugar nas pesquisas, atrás de George H.W. Bush e Ross Perot, e acabou vencendo as eleições.


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