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EUA e aliados lutam contra expansão do EI na África

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THIES, Senegal – O braço do Estado Islâmico (EI) na Líbia está se alastrando sobre uma ampla área da África, atraindo novos recrutas de países como o Senegal, que estavam em grande parte imunes à propaganda jihadista. Autoridades africanas, junto aos aliados ocidentais, aumentam os esforços para combater a ameaça.

Os ataques aéreos americanos no Noroeste na Líbia, na sexta-feira, que destruíram um campo de treinamento do EI, com o objetivo de matar o extremista tunisiano Noureddine Chouchane — “provavelmente morto” na operação, segundo o Pentágono — sublinharam o problema. Os mais de 40 combatentes do EI mortos no bombardeio foram recrutados da Tunísia e de outros países africanos, segundo militares americanos, e estariam ensaiando um ataque contra alvos ocidentais.

Enquanto as agências da Inteligência dos Estados Unidos dizem que o número de combatentes do EI no Iraque e na Síria caiu de 31.500 para cerca de 25 mil, em parte por causa da campanha aérea liderada pelos EUA, fileiras do grupo na Líbia praticamente dobraram — para cerca de 6.500 combatentes. Pedindo anonimato porque as discussões envolvem planejamento militar e de Inteligência, mais de uma dezena de funcionários americanos e aliados falaram da crescente preocupação com a expansão da organização militante na Líbia e outras partes da África.

Líderes do EI na Síria estão avisando a recrutas que vêm de nações do Oeste africano, como Senegal e Chade, bem como do Sudão, na África Oriental, para que não rumem ao Oriente Médio. Em vez disso, são orientados a ir para a Líbia. A Inteligência dos EUA afirma que o objetivo imediato do EI é constituir um novo califado neste país: há sinais de que o grupo estabelece instituições de governança por lá.

— O EI na Líbia tornou-se um ímã que atrai pessoas não só no país, mas do continente africano, bem como de fora — enfatiza o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA, John Brennan.

US$ 200 milhões para treinamento

Enquanto cresce a ameaça na Líbia, muitos dos principais conselheiros militares e de Inteligência do presidente dos EUA, Barack Obama, pedem a aprovação do uso mais amplo da força militar americana no país para abrir uma nova frente contra o EI. Antes de recorrer a qualquer ação militar, no entanto, a Casa Branca e os aliados ocidentais, como o Reino Unido, a Itália e a França, tentam ajudar na formação de um governo de unidade no país africano. O objetivo é usar uma nova autoridade central para reunir dezenas de milícias rebeldes na luta contra um inimigo comum: o EI. Forças especiais americanas e europeias poderiam ajudar e assistir as milícias, segundo militares.

— Nossa preferência é treinar líbios para lutar — afirmou Obama na semana passada. — Boa parte da população líbia é constituída de combatentes que não se submetem ao EI ou à ideologia pervertida do grupo. Mas eles têm de ser organizados, e não podem lutar entre si.

O governo dos EUA, junto aos aliados, está se preparando para treinar tropas líbias, assim que o recém-formado governo de unidade requisitar o auxílio. Os países também correm para reforçar parceiros africanos cruciais na luta contra a expansão do EI no continente. O Pentágono propôs gastar US$ 200 milhões (R$ 790 milhões) este ano para ajudar a treinar e equipar os Exércitos e as forças de segurança de países do Norte e Oeste africano. Os EUA estão prestes a construir uma nova base de drones, ao custo de US$ 50 milhões, em Agadez, no Níger, que permitirá que aviões de vigilância decolem centenas de milhas mais próximos do Sul líbio.

O coronel Mahamane Laminou Sani, principal oficial da Inteligência do Níger, afirmou que o país aumentou as patrulhas de fronteira contra a ameaça na nação vizinha, e as tropas francesas estacionadas no extremo Norte do Níger estão fazendo o mesmo. O EI na Líbia é agora a mais perigosa das oito filiais do grupo, de acordo com funcionários de contraterrorismo americanos, que acrescentam: meia dúzia dos altos oficiais do EI chegaram da Síria nos últimos meses para reforçar o braço líbio.

— É uma ameaça global que não é restrita por fronteiras — afirma o tenente-coronel Moussa Mboup, do Exército senegalês, com treinamento nos Estados Unidos e na França.


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