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Em tom de despedida, Fidel Castro diz que que ‘todos têm um fim’

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HAVANA — O encerramento do VII Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC), no qual o presidente Raúl Castro foi reeleito líder da legenda, contou com uma presença ilustre. Às vésperas de completar 90 anos, o ex-presidente Fidel Castro compareceu ao evento, saudando delegados e convidados, e recebendo uma ovação dos mais de mil presentes. Em tom de despedida, ele disse que “todos nós teremos nosso fim”. Esta foi a segunda aparição pública de Fidel — afastado das funções do governo desde 2008 por problemas de saúde — em abril.

— Em poucos meses cumprirei 90 anos, e em breve serei como todos os outros. Talvez seja uma das últimas vezes que falo em uma sala como essa — afirmou o ex-presidente. — Todos nós teremos nosso fim, mas as ideias dos comunistas cubanos prevalecerão, como prova de que, trabalhando com fervor e dignidade, é possível produzir os bens materiais e culturais de que os seres humanos precisam, e devemos lutar sem trégua para obtê-los.

O ex-presidente presidente destacou o desafio de alimentar bilhões de pessoas em uma cenários de escassez cada vez maior de recursos naturais, “especialmente em locais sem nenhuma tecnologia à disposição, nem chuva, nem represas ou reservatórios subterrâneos”. De acordo com Fidel, as futuras gerações terão “um grande problema para resolver”.

— Talvez, no entanto, o maior perigo que ameace a Terra hoje venha do poder destrutivo dos armamentos modernos, que podem minar a paz do planeta e tornar impossível a vida sobre a superfície terrestre — afirmou Fidel.

No congresso, Raúl Castro foi reeleito para o cargo de primeiro-secretário do Comitê Central. Com isso, o presidente, atualmente com 84 anos, pode ficar mais cinco na Presidência do país, embora tenha dito e reafirmado em diversas ocasiões que abandonaria o cargo em 2018, abrindo espaço para novos nomes dentro do Partido Comunista. Outro veterano da Revolução Cubana, José Ramon Machado Ventura, de 85 anos, também se manteve no posto de segundo secretário do PCC.

— A geração histórica entregará aos novos mastros as bandeiras da revolução e do socialismo sem o menor sinal de tristeza ou pessimismo, e com o orgulho do dever cumprido — afirmou Raúl, no cargo desde 2008.

Após três dias de reuniões, o congresso do partido apresentou poucas mudanças na composição de seus órgãos diretivos, ainda que o presidente tenha indicado reformas para rejuvenescer o Comitê Central no futuro. Entre as medidas estão limites etários para o ingresso no órgão máximo do PCC e nos cargos de direção da legenda. Raúl destacou que para integrar a formação de novos quadros do partido “é importante trabalhar desde a base, sem deixar nunca de estudar”.

— Um integrante dos quadros do partido, ou dirigente de nosso Estado, deve estudar a vida toda, e não viver às custas de um diploma pregado na parede — afirmou, ressaltando que há, na estrutura do PCC, uma reserva de “substitutos maduros” para a renovação de dirigentes.

Apesar dos discursos, Raúl não deu qualquer indicação sobre um possível sucessor, contrariando expectativas de que ele confirmasse o nome do vice-presidente Miguel Díaz-Canel como herdeiro direto da Presidência cubana a partir de 2018.


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