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ELN: guerrilha com raízes em Cuba e na Teologia da Libertação

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BOGOTÁ — Nascido sob a inspiração da Revolução Cubana, o Exército de Libertação Nacional (ELN) é a segunda maior guerrilha da Colômbia — e, nesta quarta-feira, anunciou o início de um processo de paz junto com o governo do país. Entre os seus fundadores, estão figuras expoentes da Teologia da Libertação, corrente surgida na Igreja Católica na América Latina com ênfase na aproximação com as camadas sociais mais pobres.

Atualmente, o ELN é a segunda maior guerrilha do país, em seguida das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O grupo conta com cerca de 1,5 mil combatentes enquanto concentra sua influência em zonas de mineração e petrolíferas no território colombiano. Segundo fontes militares, a insurgência tem forte influência em diferentes regiões do país, sobretudo nas proximidades da fronteira com a Venezuela.

Além de religiosos como Camilo Torres (1929-1966) e Manuel Pérez (1943-1998), o grupo guerrilheiro foi inicialmente formado por setores universitários e membros radicais do Partido Liberal da Colômbia, seguidores de Ernesto Che Guevara.

Nicolás Rodríguez Bautist, comandante mais conhecido como Gabino, pertence à insurgência desde que era apenas um menino de 12 ou 13 anos. Sob sua liderança, ele promoveu uma agenda nacionalista e centrada no controle dos recursos naturais do país. Em inúmeras ocasiões, expressou seu desejo de iniciar negociações de paz com o governo.

O líder guerrilheiro é um dos integrantes do comando central do ELN junto a outros chefes clandestinos do grupo — como Eliécer Herlinton Chamorro Acosta (“Antonio García”), Israel Ramírez Pineda (“Pablo Beltrán”), Gustavo Aníbal Giraldo Quinchía (“Carlos Marín Guarín” ou “Pablito”) e “Ariel”.

Hoje com 42 anos, Antonio García assumiu o cargo de porta-voz do movimento armado frente ao governo do presidente Belisario Cuartas nos anos 1980. Em 1993, se tornou representante internacional para as relações da insurgência. Apesar da sua tendência em facilitar a conciliação com o governo colombiano, García demonstra a inflexibilidade do grupo em assuntos como a exploração de recursos natuais e o paramilitarismo.

As negociações entre o grupo rebelde e o presidente colombiano Juan Manuel Santos tiveram início em caráter secreto ainda em janeiro de 2014. No entanto, apenas recentemente passaram a contar com uma mesa formal para as conversas de paz.

Embora décadas atrás a guerrilha tenha recusado ser financiada pelo narcotráfico, relatórios acadêmicos e militares envolvem o ELN no cultivo da folha de coca e na produção de cocaína. Além disso, é apontado como intermediário no desenvolvimento da lucrativa mineração ilegal da Colômbia.

Por outro lado, o ELN sequestrou trabalhadores de multinacionais de exploração de minérios e de petróleo, com atentados contra a infraestrutura do setor para repudiar a exploração dos recursos naturais colombianos por companhias estrangeiras.

Após outras tentativas de iniciar o processo de paz sem sucesso com a guerrilha nas últimas décadas, o governo colombiano decidiu levar dois processos paralelos nas negociações com o ELN e as Farc. O conflito colombiano, que começou com um levante camponês nos anos 1960, foi protagonizado, em mais de 50 anos, por guerrilhas de esquerda, paramilitares de direita e forças pública, e deixou 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,8 milhões de deslocados.


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