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‘Condições na prisão pioraram muito’, conta irmã de Leopoldo López

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RIO – Parte das memórias do opositor Leopoldo López, encarcerado desde fevereiro de 2014 na Venezuela, estão em “Preso, porém livre”, livro lançado na semana passada em países da América Latina e na Espanha. A outra parte, no entanto, foi extraviada dentro da própria cela. Essas e outras revelações foram feitas pela irmã de López, Diana, que em entrevista ao GLOBO, falou das dificuldades para compilar os textos; sobre as revelações ouvidas pelo político dentro da prisão de Ramo Verde; e da importância dos textos na luta pela libertação dos presos no país.

Como nasceu a ideia do livro?

Leopoldo começou a escrever para ter um testemunho, de sua vivência na prisão. Nossa intenção inicial era apenas recompilar essas notas, mas, com o passar do tempo, percebemos que elas poderiam ser transformadas em livro.

Os registros foram extraviados?

Sim, os cadernos dos primeiros meses foram roubados pelos militares, que entraram em sua cela várias vezes, em julho de 2014. Ele recebeu um tratamento muito cruel. Depois disso, se deu conta de que deveria começar a retirar seus cadernos da prisão, com a ajuda de seu advogado. A partir daí começamos a organizar toda aquela informação.

Os textos vão de julho de 2014 a julho de 2015. Por quê?

Depois disso não nos deixaram mais retirar documentos, textos, correspondências, nada de lá. As condições na prisão pioraram muito. Nos primeiros meses, ele dividia o edifício com mais presos, como (Daniel) Ceballos, (Antonio) Ledezma e outros políticos. Hoje ele está completamente sozinho.

O livro também conta com desenhos. Foram feitos por ele?

Sim, e esses desenhos foram muito importantes. Eu o incentivei a começar a desenhar, era uma maneira de se expressar durante tantas horas de solidão. Ele começou usar as paredes da cela e depois converteu aquilo nas ilustrações que estão no livro.

Há trechos que mostram a insatisfação de membros do governo de Nicolás Maduro, como um militar que tomava conta da cela e o próprio Diosdado Cabello.

Leopoldo teve muitas conversas reveladoras neste período e os textos mostram isso. Foram conversas com militares e pessoas que se encontram no calabouço do Palácio da Justiça, que também foram presas injustamente. Todas elas estão descontentes com o governo. Maduro tem oficialmente apenas 15% de aprovação. Deve ser menos ainda.

Você acredita que a publicação poderá ajudar na aprovação da lei de anistia dos presos políticos?

Todas as ações que tomamos têm a finalidade de denunciar a situação grave de direitos humanos deste país e restabelecer a ordem democrática. É importante destacar que estamos pedindo a libertação de todos, dele e dos outros 74 presos. E que, mesmo na prisão, Leopoldo continua sendo uma voz constante de denúncia, que se manteve viva apesar de seu julgamento secreto e dos anos na prisão.


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