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Artigo: No último desafio, Rajoy ganhou o jogo nas urnas

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É a história da sua vida: subestimado, dado como morto, por mais de uma vez. Ainda assim, Mariano Rajoy está lá, há 35 anos, na primeira linha da política espanhola.

Rajoy triunfou nas eleições de domingo, algo que dias atrás parecia inviável. Ele espera agora uma negociação incerta para conservar a presidência do governo. Nada que perturbe este homem que, se tem uma virtude, é a paciência. Ele próprio resumiu sua filosofia: “No fim das contas, a vida é resistir e alguém para ajudá-lo.”

Essa frase foi escrita num SMS para à mulher de Luis Barcenas, em setembro de 2011, quando o ex-tesoureiro do Partido Popular tinha sido preso por causa de contas na Suíça. “Luis, seja forte” foi uma das mensagens grampeadas que quase arruinaram a sua carreira em 2013.

Com a economia espanhola na UTI e a população indignada com a corrupção do PP, Rajoy cambaleou. O clima instável provocou a abdicação do rei Juan Carlos I, a mudança de geração do socialismo e o surgimentos dos partidos Podemos e Cidadãos. Enquanto a Espanha rejuvenescia, o senhor de 61 anos decidiu continuar, desafiando os baixos índices de popularidade.

Alheio à efervescência política dos anos 70, Rajoy se filiou ao partido de direita Aliança Popular, liderado pelo ex-ministro franquista Manuel Fraga. Em 1989, ele participou da fundação do partido de centro-direita PP. José María Aznar o levou ao governo, em que foi ministro entre 1996 e 2004.

Depois de perder duas eleições, em 2011, com o colapso econômico, chegou ao poder. Seu governo foi uma montanha russa. Cortes sociais, aumento de impostos, pedido de resgate bancário à Europa, desemprego galopante, as tentativas de independência da Catalunha, e uma sequência de casos de corrupção.

Em dezembro passado, ganhou apenas com o suficiente. Sem aliados, ele fez o que ninguém jamais tinha feito: disse “não” ao rei quando foi encarregado de formar o governo. Voltou nas próximas eleições com mais 14 deputados. Ele ganhou o jogo, sem dúvidas e nas urnas. A luta da reeleição deve ser conquistada no território desconhecido dos pactos. Mas uma coisa é certa: se falhar, não será porque foi vencido pela vertigem.


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