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Após adiamentos, oposição cobra ação na rua por referendo contra Maduro

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CARACAS – Depois da quinta vez consecutiva em que uma reunião com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) foi cancelada, deputados opositores da coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD) convocaram todos os venezuelanos que assinaram o documento pedindo um referendo revocatório do mandato do presidente Nicolás Maduro a irem às ruas na próxima segunda-feira.

A oposição — que tinha a expectativa de ter o aval das autoridades eleitorais para avançar no longo caminho para o processo — esperava que o órgão eleitoral divulgasse ontem o relatório com a revisão de 1,8 milhão de assinaturas entregues no mês passado. Após o cancelamento, eles se reuniram às pressas e anunciaram, em uma entrevista coletiva, a marcha da semana que vem.

— Enquanto os cinco reitores do CNE estão reunidos, nós convocamos todos os dois milhões de venezuelanos que assinaram (o pedido de referendo) a marchas massivas para reiterar sua decisão de mudança — disse Jesús Torrealba, secretário-executivo da MUD. — Pedimos que levem por escrito suas razões para revogar o governo e gravem seu testemunho, que colocaremos na internet estendendo o efeito do protesto.

A oposição afirma que o CNE “faz tudo para evitar que o referendo aconteça este ano”, quando novas eleições seriam convocadas caso a população respalde a saída do presidente. Já o governo acusa os deputados opositores de terem cometido fraude no recolhimento das assinaturas.

Em Caracas, policiais e militares usaram gás lacrimogêneo para dispersar uma manifestação contra Maduro. Aos gritos, de “Vai cair, vai cair, este governo vai cair!” e “Temos fome!”, moradores bloquearam uma avenida principal no centro de Caracas e ruas vizinhas tentando chegar à sede do Executivo, o Palácio de Miraflores — mas foram repelidos pelos efetivos de segurança e grupos de simpatizantes do governo.

Seis pessoas foram detidas e pelo menos 17 jornalistas teriam sido agredidos durante os distúrbios, segundo a ONG Espaço Público e o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP). Repórteres dos jornais “El Universal”, “Diario 2001” e “Caraota Digital”, além das TVs Vivo Play e NTN24, foram alguns dos atingidos. Em nota, o SNTP exigiu “uma investigação imediata dos fatos violentos durante os protestos” e acusou a Guarda Nacional e grupos armados de “roubarem, ameaçarem e agredirem os repórteres”.

O repórter Deivis Ramírez Miranda, que acusou o chefe de governo do Distrito Capital, Daniel Aponte, de roubar seu celular no protesto.

“Eles pretendem ocultar o caos que há em vários distritos de Caracas por causa da fome. A gente pede comida e eles lançam gás”, denunciou Miranda no Twitter.

Do lado do governo, Maduro convocou uma campanha permanente contra o que chamou de intervenção imperialista no país. Em três pronunciamentos em menos de 24 horas, o presidente fez duras críticas ao secretário-geral da OEA, Luis Almagro, por ter invocado a Carta Democrática Interamericana buscando suspender o país do bloco. Em uma fala nada diplomático, Maduro convocou um protesto contra a iniciativa da entidade para lidar com a crise.

— Se o imperialismo americano, através do secretário-geral da OEA, conseguir intervir na Venezuela, nos caberia iniciar uma resistência histórica que nos levaria a uma batalha até a vitória final do nosso povo.


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