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Análise: Peruanos chegam ao momento de se modernizar

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BUENOS AIRES – Após as eleições, os peruanos se perguntam agora se o novo chefe de Estado será capaz de fazer algo além de manter a casa em ordem. Isto significa ir além da estabilidade econômica, que a sociedade considera uma conquista irrenunciável. Sobretudo, exigem que o futuro presidente se empenhe em melhorar os serviços públicos e reduza ao mínimo a corrupção, a criminalidade e a pobreza, que atinge 22% da população.

Desde o primeiro turno, quando a candidata da esquerda radical, Verónika Mendoza, ficou em terceiro lugar atrás de Keiko Fujimori e Pedro Paulo Kuczynski, os eleitores decidiram não alterar o modelo de economia aberta.

As inclinações bolivarianas nunca se consolidaram no país, nem mesmo nas eleições de 2006 e 2011, momento em que o chamado socialismo do século XXI se apresentou com uma alternativa válida para reverter os males da região.

Os peruanos preferiram, mais uma vez, candidatos comprometidos com o setor privado. E a partir daí aspiram que cumpram outras exigências. Pedem melhores serviços públicos, melhor infraestrutura — portos, hospitais, estradas, escolas — e, com maior urgência, segurança.

Tudo isso sem esquecer o crescimento da economia, superior a 3% ao ano, mas inferior ao potencial de 5%, o que começa a ser sentido no trabalho, no consumo e na construção. Analistas destacam que são necessárias novas medidas para formalizar a economia, num país onde 70% dos trabalhadores estão no setor informal.

O país conta com uma boa base internacional, na qual o acordo mais importante é a Aliança do Pacífico. Os quatro membros, México, Chile, Colômbia e Peru, reúnem 38% do PIB da América Latina, 50% do comércio exterior e 47% do investimento estrangeiro.

O presidente Ollanta Humala termina seu mandato com a avaliação de que fez pouco para a modernização necessária do Estado, mas a reordenação dos programas sociais, com mais eficácia e menos clientelismo, é reconhecida. Resta ver se o próximo presidente saberá combater a corrupção associada ao crime organizado e a delinquência comum.

Cerca de 82% da população acreditam que o crime organizado está infiltrado na política, do financiamento partidário à compra de funcionários. Apenas 4% dos peruanos consideram positivo o mandato de Humala nesse sentido. E 53% acreditam que os problemas vão continuar.

Quando o assunto é crime, a questão que persiste é: como controlar? Kuczynski propõe penas cumulativas e um sistema com prisões de segurança máxima, mas produtivas, onde os presos trabalhem. Nesse cenário cabe perguntar qual seria o trabalho designado a Alberto Fujimori, pai da rival nas eleições e que cumpre uma sentença de 25 anos.


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