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Acordo entre UE e Turquia para frear crise migratória viola lei internacional, diz Acnur

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BRUXELAS — A ONU expressou preocupação nesta terça-feira em relação ao polêmico acordo anunciado pela UE de devolver à Turquia todos os imigrantes que desembarquem ilegalmente nas ilhas gregas, inclusive os sírios. O diretor da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) para a Europa, Vicente Cochelet, afirmou que a decisão viola a legislação do bloco que determina o direito de proteção aos que fogem da guerra e buscam refúgio no continente.

— A expulsão colectiva de estrangeiros é proibida pela Convenção Europeia dos Direitos Humanos — disse Cochetel durante entrevista em Genebra. — Um acordo que prevê o retorno para um terceiro país terceiro não é compatível com o direito europeu, não é consistente com a lei internacional.

O Fundo da ONU para a Infância também expressou preocupação profundas sobre o acordo, ressaltando que muitos detalhes ainda estão obscuros.

— O princípio fundamental de “não causar danos” deve ser aplicado a cada passo do caminho — disse a porta-voz da Unicef, Sarah Crowe. — Isso significa, em primeiro lugar, que deve ser garantido o direito das crianças de pedir proteção internacional. As crianças não devem ser devolvidos se enfrentam riscos, incluindo a detenção, recrutamento forçado, o tráfico ou exploração.

O acerto entre a UE e a Turquia também prevê o aumento para € 6 bilhões a ajuda dada a Ancara para lidar com a crise migratória. Além disso, fica estabelecido que as partes vão avançar com o processo de adesão do país na comunidade europeia.

Ao lado do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, o presidente da Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que o pacto foi um grande avanço. A chanceler alemã, Angela Merkel, também elogiou a mudança.

— O que fizemos foi voltar ao princípio: que o asilo se pede ao chegar e que o refugiado não decido para onde ir — disse Merkel, contradizendo a promessa que fez de acolher todos os sírios em solo alemão.

Segundo fontes do bloco, o acolhimento aos refugiados a partir da Turquia deverá envolver todos os Estados membros da UE, provavelmente com uma cota de distribuição similar da proposta no ano passado para os imigrantes que desembarcaram na Grécia e Itália. Mas a medida já enfrentou resistência. O premir húngaro, Viktor Orbán, já deixou claro que não concorda com a realocação obrigatória.

Essa não é a única divergência. O Chipre, que mantém uma disputa com Ancara devido à ocupação turca do Norte da ilha, não está disposto a participar do processo de adesão da Turquia à União Europeia, que faz parte da negociação. França e outras nações também estão reticentes sobre o polêmico projeto. Mas os detalhes sobre a proposta ainda vão ser acertados em uma nova cúpula prevista para ocorrer nos dias 17 e 18 de Março.


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