Imigrantes indígenas ocupam ruas no Amazonas
Manaus/AM-A crise econômica e a falta de alimentos na Venezuela fizeram com que indígenas nativos deixassem o país.
Eles começaram a migrar para capital amazonense em busca de sobrevivência, desde o início deste ano. Adultos, idosos e crianças se abrigaram na Rodoviária de Manaus e debaixo de um viaduto na Zona Centro-Sul.
Um relatório da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) apontou a presença de 117 indígenas da etnia Warao em Manaus, até março de 2017. O número subiu para mais de 400 em abril.
A presença dos imigrantes gerou a abertura de um inquérito civil pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM). O objetivo da ação é acompanhar medidas de apoio aos indígenas Warao. O MPF solicitou informações de órgãos públicos ligados à assistência social, direitos humanos e indígenas, sobre as medidas adotadas para garantir o atendimento humanitário aos refugiados.
As dificuldades com idioma e as diferenças culturais não as únicas barreiras que os imigrantes encontram no Brasil. A tentativa de reconstrução de suas vidas esbarra ainda no preconceito. Muitos são hostilizados por pessoas que passam próximo ao acampamento do grupo e que gritam para que os imigrantes voltem para casa.
Com ajuda de quem passa pelo caminho, a venezuelana tem garantido a alimentação e abrigo com o pagamento diário de um quarto em um cortiço no Centro da capital. Sem falar português, a indígena não consegue expressar em palavras a gratidão, mas pelo olhar retribui a pouca ajuda que recebe dos manauaras. Mesmo com as dificuldades e as incertezas, a imigrante não pretende voltar para casa.