Brasília Amapá |
Manaus

Armas artesanais, celulares, cordas e buraco são encontrados em cadeia reativada em Manaus

Compartilhe

Cadeia Vidal Pessoa foi reaberta para abrigar presos ameaçados. Revistas são realizadas após massacre que deixou 64 mortos em Manaus.

 
Objetos apreendidos na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa (Foto: Seap/Divulgação)
Objetos apreendidos na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa (Foto: Seap/Divulgação)

Uma revista realizada na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, localizada na Avenida Sete de Setembro, Centro de Manaus, resultou na apreensão de diversos objetos ilícitos, entre eles 11 celulares, barras de ferro, além de um buraco. A unidade que foi reativada para abrigar presos ameaçados após o massacre.

A vistoria ocorreu na manha desta terça-feira (24). Homens do Choque, da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) e outros 100 militares fizeram uma varredura em busca de drogas e outros objetos ilícitos.

A vistoria ocorreu na manha desta terça-feira (24) (Foto: Seap/Divulgação)
A vistoria ocorreu na manha desta terça-feira (24) (Foto: Seap/Divulgação)

Durante o procedimento foram apreendidos 11 celulares, três chips, seis carregadores, 22 estoques, uma faca de mesa, duas baterias e um cartão de memória.

Também foram apreendidos um simulacro de arma de fogo feito de esponja, um barra de ferro, uma porção de tabaco, um tubo de ferro, 10 metros de fios de cobre.

Foi encontrado em uma das celas um buraco, que seria possivelmente usado para uma fuga, com uma teresa de 9 metros – corda feita de lençol, feito com capas de colchões usados pelos internos.

Corda feita de lençol foi achada perto de um buraco (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
Corda feita de lençol foi achada perto de um buraco (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

A ação contou com um efetivo de 92 pessoas, entre policiais militares do Comando de Policiamento Especializado (CPE) e servidores da Seap. Representantes do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) e Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Amazonas (OAB-AM), acompanharam o procedimento de revista.

Reativação de cadeia
A Cadeia Vidal Pessoa foi reaberta no dia 2 de janeiro para a acomodação de presos ameaçados de morte pela facção criminosa Família do Norte (FDN), apontada como responsável pelas 56 mortes no Compaj.

Desde então, a Vidal Pessoa recebeu 284 presos transferidos de presídios do Amazonas por “medida de segurança”. A intenção do governo era isolar os membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) dos presos da FDN.

No entanto, mesmo lá eles ainda não estavam seguros. Dias depois, uma outra rebelião que ocorreu na Cadeia Vidal Pessoa no domingo (8) deixou quatro presos mortos e sete feridos.

Apos a transferência, 20 presos levados à Vidal chegaram a ser levados para Unidade Prisional de Itacoatiara, a 270 Km da capital em razão de riscos de mortes.

Na segunda (9), eles foram levados para Itacoatiara porque o grupo estaria recebendo ameaças, segundo a Secretaria Adjunta de Operações (Seaop). No entanto, a estrutura esperada para abrigar os internos na unidade de Itacoatiara não foi constatada.

A cadeia no Centro de Manaus estava desativada desde outubro de 2016 por recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por falta de infraestrutura para abrigar os presos.

Mortes e rebeliões
No início deste mês, uma rebelião motivada por disputa entre facções resultou no massacre de 64 presidiários, desencadeando uma crise no sistema carcerário do país. Além das mortes, 225 press fugiram.

A rebelião que aconteceu no dia 1º no Compaj durou mais de 17 horas e foi considerado pelo secretário estadual de Segurança Pública, Sérgio Fontes, como “o maior massacre do sistema prisional” do Amazonas. Ao todo, 56 foram mortos dentro do presídio entre 1º e 2 de janeiro.

Na tarde de segunda (2), outros quatro presos morreram na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), na Zona Leste de Manaus. No domingo (8), outros quatro presos foram mortos em uma rebelião na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus, reativada para receber presos transferidos do Compaj após o massacre.

Investigação
A polícia do Amazonas apontou, ao menos, sete presos como líderes do massacre. Documentos o Ministério Público Federal (MPF) dizem que estes líderes têm estreita relação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc. Segundo o MPF, os traficantes brasileiros teriam comprado pistolas, fuzis e submetralhadoras do mesmo fornecedor de armas do grupo de guerrilha colombiano.

Diversos relatórios elaborados antes da rebelião já apontavam risco iminente no presídio de Manaus. Um texto do setor de inteligência da Secretaria de Segurança alertava para um plano de fuga no regime fechado do Compaj. Além disso, apontava que oito armas de fogo tinham entrado no presídio na semana anterior ao Natal por meio de visitantes e com o ajuda de agentes.

Documentos emitidos pela administradora do presídio, a Umanizzare, alertavam para o risco de se permitir visitas no fim do ano aos presos. O governo estadual havia permitido que cada um dos mais de 1,2 mil presos do Compaj pudesse receber ao menos um acompanhante no Natal e no Ano Novo.

No dia 27 de dezembro, quatro dias antes da rebelião, a empresa ainda pediu providências imediatas porque, no dia 24, com autorização da secretaria do governo, os horários de visitas não foram respeitados, o que prejudicou a revista de celas e a contagem de presos. O secretário justificou a autorização, dizendo que se tratava de “humanização”.

Exoneração
Após mortes e fugas no sistema prisional, o Governo do Amazonas anunciou no dia 13 mudança na gestão da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). O tenente-coronel da Polícia Militar, Cleitman Rabelo Coelho, assumiu o cargo substituindo o agente da Polícia Federal, Pedro Florencio. Agente da Polícia Federal, ele estava no comando da Seap desde outubro de 2015.

Fonte G1


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7