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Temer diz a Roberto Jefferson que Brasil está ‘sem norte de autoridade’

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BRASÍLIA — Recém-chegado a Brasília, onze anos após ter o mandato cassado por sua participação no mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) se encontrou, nesta quarta-feira, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) no Palácio do Jaburu e manifestou apoio à possibilidade de o vice assumir a Presidência da República.

Segundo o ex-deputado, Temer disse que o Brasil está “sem norte de autoridade” e que o país precisa de alguém para unir o Brasil — retomando a fala que fez em agosto do ano passado, e que gerou desconfiança do Palácio do Planalto — e se colocou “claramente” como a alternativa ao governo do PT.

— Ele falou da crise institucional, que o Brasil está sem norte de autoridade, que todo mundo quer fazer o papel de todo mundo. E que precisa de alguém que restabeleça essa unidade — disse o petebista.

Roberto Jefferson contou que Temer voltou ao assunto, levantado há oito meses, quando afirmou que era preciso “alguém” para unir o país. Na época, o governo interpretou a fala como um sinal claro de que o peemedebista almejava o cargo de Dilma, o que irritou a petista e ministros do núcleo duro do governo. No encontro desta quarta-feira, o vice afirmou que será importante fazer a “transição sem ódio ou confrontos”.

— Ele se colocou claramente (como a alternativa), ele não tem mais dúvidas. Claramente, ele disse que há alguns meses falou da crise, dizendo que precisava se fazer um governo de união, e ele voltou ao assunto. Disse que temos que unir o Brasil, que não podemos ter um país dividido, e que precisamos passar a fazer a transição sem ódio e sem confrontos — afirmou Jefferson.

Na conversa, da qual também participou a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha de Jefferson e atual presidente do PTB — cargo que devolverá ao pai no dia 14 de abril —, o ex-deputado fez sugestões a Temer, como uma discussão profunda sobre a instauração de um regime parlamentarista.

— O presidencialismo se exaure agora com esse segundo impeachment — disse o ex-deputado.

Outra sugestão, com a qual o peemedebista concordou, foi a de um crivo mais rígido para nomeações de empresas estatais. Segundo o ex-deputado, as nomeações futuras devem passar por uma comissão, que examinará o histórico de cada pessoa, e o escolhido deve abrir os sigilos bancário e fiscal, além de apresentar uma declaração de evolução patrimonial a cada seis meses. Temer concordou, e comentou que o Brasil precisa se adaptar ao “novo mundo”, citando inclusive a exposição geral dos políticos com as recentes revelações dos nomes citados no “Panama Papers“. Arquivos da empresa panamenha Mossack Fonseca mostram que o escritório criou e vendeu offshores para políticos de vários partidos e seus familiares.

— Ele disse que o mundo mudou e temos que adaptar o Brasil a esse novo mundo.

Michel Temer também mostrou preocupação com boatos de que ele, chegando ao poder, extinguiria o programa Bolsa Família, uma das principais vitrines dos governos Lula e Dilma. O ex-deputado contou que ele disse que dará continuidade ao programa e pretende ampliá-lo.

— Temer mostrou preocupação com o Bolsa Família, ele disse que sabe que estão fazendo uma campanha de que ele vai extinguir, num possível governo dele. Ele disse que não fará isso, muito pelo contrário, que é fundamental continuar.


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