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‘Sou apenas um sobrevivente, uma guerreira’ declara aluna após lutar contra um dos assassinos em Suzano

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A estudante Rhyllary Barbosa dos Santos, 15 anos, é chamada de heroína pelos vizinhos depois de lutar com um dos assassinos do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, nesta quarta-feira (13), quando tentava fugir. Ela ainda conseguiu abrir a porta de entrada e da escola para que outros estudantes pudessem escapar. Mas Rhyllary recusa o título: “Sou apenas uma sobrevivente”

O mesmo orgulho sente sua mãe, Marilene Barbosa de Oliveira, de 45 anos. “Sinto orgulho da filha que tenho, porque ela não pensou apenas nela e ajudou outros alunos a saírem da escola. Mas fico triste pelas mães e pais que hoje estão sem seus filhos. Tenho certeza que o amor que deram aos seus filhos terá efeito positivo e perdurará para sempre.”

“Foi um momento desesperador, de muita aflição e medo. A gente tinha de pensar rápido, eu principalmente precisei raciocinar muito rápido para escapar.”

Rhyllary disse que conversava com uma amiga e com a inspetora Eliana Regina, que morreu no ataque, a quem chamava carinhosamente de ‘tia’. “Eu estava na frente da cantina, que fica de frente pra diretoria. A tia tinha acabado de falar da família. Eu tinha acabado de comer um lanche com minha amiga e ouvi o primeiro disparo e virei. Quando vi ele [Luiz] estava atirando ainda.”

A estudante disse que precisou superar o medo para encarar o assassino.

“Eu fiquei com muito medo porque não sabia que tinha um segundo assassino, mas a minha intuição era abrir a porta e ajudar os outros alunos a saírem dali.”

Em uma fração de segundos, ela optou por agir em defesa dela e dos colegas de escola a correr para fugir do ataque.

“Por isso eu tomei a atitude de ir sozinha até lá. Quando eu trombei com ele e entrei em confronto, ele estava sem objeto na mão, a machadinha dele estava no chão.”

Lutadora de jiu-jítsu, ela usou a técnica que aprendeu com seu mestre para se defender e, principalmente, evitar um mal maior.

Por impulso
Rhyllary disse que percebeu que o assassino ficou surpreso com sua atitude.

“Quando ele viu que os outros alunos estavam fugindo da escola, ele me soltou e foi atrás dos outros alunos e pegou a machadinha. Foi quando abri a porta com um impulso. Acho que ele não esperava que alguém fosse correr até ele e ele não esperava que os outros alunos fossem sair. Ele até tentou segurar alguns deles.”

Segundo ela, a correria também assustou os dois assassinos. “Eu vi o vídeo e fiquei surpreendida porque em um segundo que ele largou o machado foi o segundo que eu apareci. Ele não raciocinou para pegar o machado e me matar. Ele me segurou para não sair da escola.”

O efeito surpresa, de acordo com a jovem, provavelmente alterou os planos da dupla. “Se todos tivessem ficado parado no lugar ele teria tempo para pegar as outras armas, a besta e apontado as flechas para nós. Se ele tivesse entrado com o machado ele teria matado todo mundo. Com certeza ele mataria mais pessoas e eu estaria entre os mortos.”

Faixa branca de jiu-jítsu, ela disse que a prática da arte marcial foi essencial para sair da escola. “O jiu-jítsu me ensinou a me defender. É uma defesa pessoal.”

Dias depois da tragédia ela ainda tem dificuldade para dormir, mas recebe o carinho da família, que mantém a casa cheia.


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