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Senadores batem boca sobre depoimento de Lula na Lava-Jato

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BRASÍLIA – O Senado Federal teve nesta segunda-feira um dia de discursos inflamados contra e a favor da Operação Lava-Jato, que em sua fase mais recente teve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como alvo. Um dos discursos mais inflamados foi do senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Ele discutiu com os senadores tucanos Cássio Cunha Lima e Aloysio Nunes Ferreira ao afirmar que havia uma seletividade na investigação para poupar políticos do PSDB.

Lindbergh, que é investigado no Supremo Tribunal Federal no âmbito da Lava-Jato, fez várias críticas à operação e afirmou que a condução coercitiva de Lula foi uma ação “fascistóide”.

— O que aconteceu no último dia 4 foi muito grave. Um conluio aloprado da mídia reacionária e manipuladora com procuradores e juízes autoritários e partidarizados tentou humilhar publicamente a maior liderança popular que este País já teve. Uma ação fascistóide e antidemocrática, urdida na calada da noite, tentou calar a voz do maior presidente da história do Brasil — disse o senador petista.

— O que aconteceu no dia 4 de março foi um sequestro ilegal e criminoso do Presidente Lula. Essa é que é a verdade dessa operação falsidade, dessa operação cínica — complementou Lindbergh.

Cunha Lima fez um aparte ao senador petista criticando o pronunciamento. Ele lembrou o passado de Lindbergh como um dos líderes das manifestações pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor, hoje senador pelo PTB.

— Tenha respeito à sua trajetória de cara pintada para não se transformar em um cara lavada — ironizou Cunha Lima.

O bate boca ficou mais forte quando Lindbergh afirmou que a investigação era seletiva e não havia qualquer apuração de acusações feitas a políticos do PSDB. O petista afirmou que durante o governo Fernando Henrique Cardoso o procurador-geral da República era Geraldo Brindeiro, que ficou conhecido como “engavetador-geral”.

— Repete essa infâmia o tempo todo — disse Aloysio.

— Sabe quantas operações da Polícia Federal aconteceram em oito anos, no governo Fernando Henrique Cardoso? Quarenta e oito — afirmou Lindbergh.

— Não havia uma organização criminosa comandando o Brasil, Senador Lindbergh — disse Cunha Lima.

— Ah, que conversa, eu conheço vocês — respondeu o petista.

— Organização criminosa — disse Aloysio.

— Do “merendão” de São Paulo, do “trensalão” — rebateu Lindbergh, em referência a escândalos nos governos tucanos em São Paulo.

— O senhor é um fanático. É um fanático caluniador. Essa que é a verdade — afirmou Aloysio.

— Vocês é que não deixam investigar — disse o petista.

O bate-boca continuou. Aloysio afirmou que o petista fazia um discurso “estercorário”. Lindbergh reiterou que os tucanos não deixavam investigar e voltou a falar das denúncias contra o PSDB em São Paulo.

MANIFESTAÇÕES DO DIA 13

Minutos depois, o embate foi retomado após o petista afirmar que os tucanos estavam alinhados a “grupelhos fascistas” nas manifestações que serão realizadas pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff no próximo dia 13. Cunha Lima rebateu afirmando que o petista era “colado com Collor”.

— O senador Cássio está mentindo. Você sabe que eu e Collor, aqui, a gente mal se cumprimenta. Teve um episódio, desde 92 — disse o petista.

— Na frente das câmaras. Participam do mesmo Governo, apoiam o mesmo Governo, defendem a mesma tese — rebateu Cunha Lima

— Deixe-me concluir. Vocês estão juntos com Bolsonaro sim. Vão estar na mesma passeata.

Quanto a Collor, vocês sabem que a gente nem sem cumprimenta, aqui. Não venha com baixaria. Estão juntos com Bolsonaro, estão dando espaço para grupelhos fascistas. Não venham dizer que somos nós os violentos na rua. Isso não faz parte da nossa tradição – disse Lindbergh.

— Estão aí com bravatas, fazendo ameças. Dia 13 vai ser tudo em paz. Não se assustem com bravatas. Vamos fazer uma passeata tranquila, pacífica. Não vamos nos assustar com esses arreganhos de um bando de fanáticos, fanáticos, a que se reduziu o PT. E o discurso do senador Lindbergh, hoje, é o discurso de um fanático sem rumo. É isso — rebateu Aloysio, quando o petista já deixava a tribuna.

GOVERNISTAS CRITICAM LAVA-JATO

Desde o início da sessão, as 14 horas, parlamentares governistas têm defendido Lula e feito ataques à Lava-Jato.

— Não apenas os vazamentos são seletivos; as investigações e os objetivos da Lava-Jato é que são seletivos. Não se busca, de fato, combater e muito menos acabar com a corrupção no Brasil. São investigações totalmente engajadas, colocando instituições federais a serviço de um projeto que visa desmoralizar o governo. Mais do que isso, visa mudar o governo — afirmou Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Os senadores da oposição focaram as críticas à presidente Dilma Rousseff, tanto pela visita que ela fez a Lula quanto pelas acusações feitas a ela na delação premiada do ex-líder do governo Delcídio Amaral (PT-MS), que teve parte do conteúdo divulgado pela revista Isto É.

— Quem não compreende que a Operação Lava-Jato é o desdobramento, é uma etapa importante no amadurecimento institucional, inclusive das instituições que estão nela implicadas, como o Ministério Público Federal, a Justiça Federal e a Polícia Federal; quem não compreende que a dinâmica das instituições funciona apoiada em um forte movimento de opinião pública, que rejeita, que abomina a corrupção; quem não entende isso não entende o Brasil de hoje — disse Aloysio.


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