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‘Só se ele virou o Papa Francisco’, diz Serraglio sobre bênção de Cunha

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BRASÍLIA – O novo presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Osmar Serraglio (PMDB-PR), reagiu com indignação às afirmações de que teria conquistado o cargo por influência e com a bênção do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Serraglio procurou afastar sua imagem da de Cunha, dizendo que são aliados para defenestrar a presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. Com relação à sua atuação à frente da CCJ, ele afirmou que será imparcial, reforçando que decisões sobre os recursos apresentados por Cunha e seus aliados para tentar barrar o processo no Conselho de Ética da Câmara cabem ao plenário da CCJ, não a ele.

— Não rechaço que sou aliado (de Cunha), no que ele briga com a gente, por exemplo, no combate que defenestremos a presidente da República, eu sou aliado. (Em relação ao processo dele na CCJ) vou tratar imparcialmente. Vocês vão perceber isso no pouco tempo que vou ficar aqui — disse Osmar Serraglio.

Indagado se tinha conseguido ser indicado pelo partido com a bênção de Cunha, o deputado ironizou:

— Só se ele virou o Papa Francisco! Mal consigo chegar a algum lugar, já dizem que devo isso a todo mundo menos a mim próprio?! Eu acho que possuo um história, a minha história vale por si. Era para eu ser presidente da CCJ no começo do ano passado, só não fui porque coube no final do ano passado ao PP. É algo que vem derivando, é uma consequência. Então, só é presidente porque é aliado do Cunha! Por que isso?

Logo depois de eleito, Serraglio confirmou a manutenção do deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) na relatoria dos recursos sobre o processo de Cunha no Conselho de Ética. E afirmou que é tarefa do relator dizer se os recursos feitos por aliados de Cunha à CCJ devem ou não ser aceitos e votados e que a celeridade ou não em apreciá-los caberá ao relator. Elmar Nascimento, no entanto, sinaliza desconforto com a situação, já que ele pertence hoje ao mesmo partido do relator do Conselho, Marcos Rogério (DEM-RO).

Elmar Nascimento já encaminhou a Serraglio argumentos sobre essa questão e o fato de entender que isso poderá acabar em judicialização do processo. Disse que não abrirá mão da relatoria de imediato, deixando que haja decisão de Serraglio. Enquanto isso não se resolve, Cunha ganha tempo. Os recursos têm por objetivo paralisar o processo no Conselho de Ética e fazer com que ele volte novamente à estaca zero.

Segundo Serraglio, para ser indicado pelo partido à presidência da CCJ ele obteve apoio entre os deputados que defendiam o impeachment da Dilma na bancada peemedebista e seu nome contou com o apoio do deputado Hugo Motta (PB). Ele afirmou que estava disposto a disputar a presidente da CCJ de forma avulsa, mas que em conversa com o líder Leonardo Picciani (RJ), optaram por um acordo que garantiu a unidade da bancada. O candidato de Picciani, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), presidirá a CCJ no próximo ano.

— Fizemos o acordo exteriorizando à sociedade demonstração de que o PMDB começa a reconstruir sua necessária unidade diante de um presidente que aparentemente se aproxima como sendo do nosso partido — disse Serraglio, acrescentando:

— Aqui na CCJ, o que couber à CCJ eu não titubearei em colocar no plenário, quem deve decidir é o plenário, não é o presidente. Presidente é voto de minerva, raramente se manifesta. Quem vai decidir aqui se chama plenário da CCJ.


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