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Renan diz que país vive momento de ‘exacerbação’

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BRASÍLIA – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse, na tarde desta quinta-feira, que não foi à posse dos ministros, entre eles do ex-presidente Lula, para se manter afastado de nomeações e com uma “posição isenta” como presidente do Congresso num momento de crise política no país. Renan disse que o país vive um “momento de exacerbação” e que agora é preciso esperar o transcorrer da discussão do processo de impeachment na comissão instalada na Câmara nesta quinta-feira. E repetiu o discurso de que não é “governista nem oposicionista”.

— Mais do que nunca, não posso ser governo e nem oposição. E a minha presença como presidente de uma instituição que representa a sociedade e os reflexos dessa sociedade tem que ser no sentido de uma presença institucional. Nada que pareça partidarização merece a minha presença. O meu comportamento no Congresso tem sido institucional. Talvez isso explique o porquê das minhas ausências nas últimas posses que aconteceram. Porque qualquer presença que permita a leitura de que estamos desequilibrando o cenário, perdendo a isenção e partidarizando o debate, não é bom para o país e a democracia. Não devo falar pelo PMDB — disse Renan.

Os caciques do PMDB não foram à posse dos ministros, entre eles de Mauro Lopes, que assumiu a Aviação Civil. O senador negou ter estado com a presidente Dilma Rousseff hoje, mas disse que sempre está disposto a conversar. Há informações de que ele esteve no Palácio da Alvorada. Mas, segundo aliados, Renan combinara com Lula de ter uma conversa reservada em dado momento.

— O Congresso é reflexo da sociedade, que vive hoje um momento de divisão, exacerbação. Mais do que nunca, é preciso ter bom senso, equilíbrio, responsabilidade para defender o interesse do país. A sociedade quer que saiamos dessa crise. Que apresentemos uma saída para o país — disse Renan.

Aliado de Lula, Renan disse que não comentaria as declarações do ex-presidente na conversa gravada pela Lava-Jato e disse, numa crítica à operação, que os grampos podem ter tido o objetivo de “enfraquecer as instituições”. No dia anterior, Renan criticou o juiz Sérgio Moro, chamando-o de “juiz de exceção”. Na conversa grampeada na investigação, Lula diz que o Parlamento estava “acovardado” e o presidente do Senado, com problemas. Mais uma vez, Renan fez críticas à Lava-Jato, na qual também é investigado.

— Qualquer comentário e, talvez o grampo atenda nesse sentido, que desmereça as instituições ou colabore com o enfraquecimento das instituições não é bom para a democracia. Se os comentários vazados pelos grampos parecerem ofensivos às instituições, eles não estarão colaborando com a democracia. O meu papel, como presidente do Congresso, precisa mais do que nunca ser um papel de absoluta isenção. Não devo ser nem oposicionista e nem governista — disse Renan.

Renan disse que seu papel é defender a Constituição. Há poucos dias, ele deu um exemplar da Constituição ao presidente Lula.

— Temos que fazer a nossa parte, defender a Constituição, estabelecer com outros Poderes as garantias individuais e coletivas e deixar que o Brasil caminhe.

PRUDÊNCIA PARA ESPERAR DECISÃO DA CÂMARA

Renan disse que impeachment tem que passar pela Câmara e vencer “a barreira constitucional”, sem explicar essa questão.

— Temos que, com equilíbrio e prudência, aguardar os desdobramentos do processo. Ele primeiro vai tramitar na Câmara e, se for aprovado na Câmara, se vencer a barreira constitucional, ele virá ao Senado. Primeiro, ele vai acontecer na Câmara e não convém que façamos comentários.

Perguntado sobre a cobrança da oposição para que o PMDB tome uma posição política, Renan disse que não fala pelo partido e que pretende conversar com com a oposição e todos os partidos.

— O PMDB é um partido grande que tem correntes diferentes. E claro, num momento como esse em que a sociedade está dividida, tem várias posições — disse ele.


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